O advogado Luiz Henrique Eloy Amado representou um dos acionistas na reunião anual da BlackRock, em Manhattan (NY)
Durante a reunião anual dos acionistas da BlackRock, a maior empresa gestora de investimentos do planeta, o advogado mato-grossense Luiz Henrique Eloy Amado, que também é indígena, pronunciou-se para denunciar o desmatamento e o impacto negativo aos povos indígenas resultantes do agronegócio. Ele participou do encontro como advogado de um dos acionistas que possui ações na empresa, que tem mais de US$ 6 trilhões investidos na JBS, a maior processadora de carnes do mundo, com subsidiária nos EUA, que impactam diretamente o Mato Grosso do Sul.
Eloy explicou aos acionistas que ele era natural do Mato Grosso do Sul, uma região marcada pelo conflito entre as populações indígenas e as empresas no ramo do agronegócio. O advogado enfatizou que o objetivo da presença dele à reunião era denunciar os impactos negativos que os investimentos geram ao meio-ambiente e áreas indígenas.
“Estamos desde 2015 tentando pedir embargos econômicos a produtos do agronegócio produzidos em terras indígenas ou em áreas de conflito com as comunidades indígenas”, relatou Eloy ao jornal Campo Grande News.
. Bolsonaro: “Nenhum centímetro”
Durante seu discurso, Eloy detalhou aos acionistas que no Brasil vivem atualmente 419 povos indígenas e 114 deles estão localizados em regiões isoladas na Amazônia. Estes povos estariam ameaçados pelo avanço desenfreado do desmatamento ilegal das florestas impulsionado pelo agronegócio. Ele acrescentou que, durante sua campanha eleitoral, o Presidente Jair Bolsonaro prometeu não demarcar mais “nenhum centímetro de terra indígena”.
“No Brasil, de um total de 1.306 terras indígenas, temos ainda 822 a serem demarcadas. São justamente essas terras que atualmente estão mais vulneráveis e expostas à exploração pelo agronegócio”, disse Eloy aos acionistas. Ele detalhou que, em 2018, o equivalente a 100 mil campos de futebol foram desmatados na Bacia do Rio Xingu para expandir o agronegócio, totalizando a derrubada de 150 milhões de árvores.
“Então, a medida que eles (investidores) apresentaram muitos números referentes à produção e o lucro deles, eu causei até constrangimento quando pedi a fala, enquanto acionista, para falar de outros números, como o crescente número de desmatamento e terras que faltam ser demarcadas”, citou Eloy.
Aproveitando a oportunidade, o advogado dirigiu-se diretamente a Laurence Fink, presidente da BlackRock, pedindo-lhe que exigisse da JBS e Bunge, assim como outras empresas de agronegócios financiadas por ela no Brasil a fiscalização das cadeias produtivas até o final de 2019. Além disso, ele pediu a restrição nas compras de produtos oriundos de propriedades localizadas em terras indígenas.
Fonte: Brazilian Voice