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Adoçante não emagrece: para que engolir algo tão ruim?

A esta altura, você já deve saber que a OMS passou a contraindicar o uso de adoçantes –aspartame, stevia, sucralose, todos eles– para o controle de peso. Não há evidências de que eles contribuam para o emagrecimento.

A pergunta que fica é: por que as pessoas ainda recorrem a essas substâncias como substitutas do açúcar?

Alguém pode argumentar que as pesquisas que nortearam a diretriz da OMS não são definitivas. Sim, estudos já condenaram e reabilitaram um monte de alimentos, dos ovos à carne de porco e o próprio açúcar.

Mas há uma diferença crucial nos edulcorantes artificiais: eles não são alimentos. Têm valor nutricional nulo.

Se não há evidências de que seu consumo leve à perda de peso (e, pior, há indícios de que faça mal à saúde), não faz sentido algum insistir no adoçante. Se você não tem diabetes, que fique claro.

Do ponto de vista gastronômico, essas substâncias estragam qualquer receita. O desafio dos chefs, ao criar doces com substitutos de açúcar, é disfarçar o gosto residual nefasto dos adoçantes.

Não é fácil abandonar hábitos ruins, sei muito bem disso.

Quanto à pergunta do primeiro parágrafo, ela é respondida parcialmente pelo volume monstruoso de dinheiro que a indústria de refrigerante investe na propaganda de suas bebidas “diet”, “light”, “zero” e “sem açúcar”.

Essas denominações surgiram ainda no século passado, quando ficou evidente que os refrigerantes são bombas de coisa ruim: viciam, não entregam nada de bom e fazem as pessoas ingerir doses absurdas de açúcar e de sódio.

Para livrar seu negócio, os fabricantes puseram toda a culpa na conta do açúcar. E investiram montanhas de dinheiro no desenvolvimento de refris adoçados artificialmente. Os primeiros eram intragáveis, mas fizeram sucesso, impulsionados pela propaganda maciça.

As bebidas sem açúcar foram ficando cada vez mais palatáveis, e já existe toda uma geração de pessoas criada desde a infância com refrigerante dietético. Gente que acha que não faz mal beber litros diários. Que está acostumada com o gosto ruim do adoçante.

Difícil mudar isso.

Mais difícil ainda é adotar medidas públicas efetivas para reduzir o consumo de adoçantes, com a indústria dos refrigerantes jogando pesado no campo adversário.

Fonte: Folha de S.Paulo