Procurador vê exclusão digital em aulas remotas na pandemia. Após a divulgação da imagem e a repercussão nas redes sociais, as meninas e a família foram identificadas. Elas receberam acesso gratuito à internet. A identidade não foi divulgada. Realidade das crianças faz eco no Brasil.
A falta de acesso à internet levou duas crianças nos Estados Unidos a improvisar. Elas foram vistas sentadas no chão, com computadores no colo, na calçada do estacionamento da rede de fast-food Taco Bell em Salinas, na Califórnia. Com isso, conseguiam usar o wi-fi grátis da loja. A região fica próxima ao Vale do Silício, conhecido pólo tecnológico dos EUA.
A imagem foi publicada em 26 de agosto pelo procurador Luis Alejo em uma rede social. A imagem original protege a identidade das crianças, ao cobrir o rosto delas com um sticker de coração. No registro, é possível ver duas funcionárias da rede de fast food conversando com as meninas, uma delas está agachada para falar com elas no mesmo nível dos olhos das crianças. O procurador disse à CNN que não sabia o motivo das meninas estarem ali, mas viu na imagem um registro da exclusão digital de estudantes durante as aulas remotas na pandemia.
2 of our children trying to get WiFi for their classes outside a Taco Bell in East Salinas! We must do better & solve this digital divide once &for all for all California students
CALIFORNIA NEEDS A UNIVERSAL BROADBAND INFRASTRUCTURE BOND FOR OUR STUDENTShttps://t.co/qEjWTTs6G8 pic.twitter.com/cAbXNJ6F7x
— Luis Alejo (@SupervisorAlejo) August 26, 2020
“2 de nossas crianças tentando usar WiFi para suas aulas no lado de fora de um Taco Bell em East Salinas! Devemos fazer melhor e resolver essa divisão digital de uma vez por todas para todos os alunos da Califórnia”, escreveu o procurador. “A Califórnia precisa de uma infraestrutura universal de banda larga para atender nossos alunos”, afirmou Alejo. “A Califórnia é a capital mundial da tecnologia, isso é uma vergonha”, disse Alejo à CNN. “O Vale de Salinas fica a 45 minutos do Vale do Silício e aqui temos uma divisão tão grande que se arrasta há anos, mas agora só está ampliada por causa desta pandemia.” Após a divulgação da imagem e a repercussão nas redes sociais, as meninas e a família foram identificadas. Elas receberam acesso gratuito à internet. A identidade não foi divulgada.
Pandemia ressalta a exclusão digital, diz Unicef
Um balanço do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgado na semana passada apontou que três a cada dez crianças em idade escolar estão sem acesso ao ensino remoto durante a pandemia. O índice representa 463 milhões de crianças em todo o mundo, desde a pré-escola até o ensino médio. A maior parte (72%) é de famílias pobres. A realidade dessas meninas faz eco no Brasil. A falta de acesso à internet e a equipamentos como computadores, celulares e tablets está aumentando a desigualdade na educação do país, segundo especialistas. Enquanto alunos de famílias mais ricas possuem local adequado para estudar, conexão e equipamentos digitais, os estudantes de famílias mais pobres precisam se virar para manter a aprendizagem durante as aulas remotas. Enquanto 30% dos domicílios brasileiros não têm acesso à internet, 40% dos alunos de escolas públicas não têm computador ou tablet em casa.
Fonte: Brazilian Press