As famílias que chegaram nesse final de semana na fronteria do México e USA pretendem apresentar seus casos à justiça americana e serem reunidas com seus filhos. Mais de 700 menores permanecem separados das famílias nos Estados Unidos.
Dezenas de imigrantes da América Central que as autoridades americanas haviam separado de seus filhos no ano passado, quando cruzaram a fronteira com o México, entraram nos Estados Unidos novamente neste sábado pedindo refúgio e para reencontrarem seus filhos. A Reuters testemunhou cerca de 50 imigrantes que entraram nos Estados Unidos na passagem entre Mexicali (México) e Calexico (Califórnia), onde foram parados por agentes americanos da polícia de fronteira.
Visivelmente nervosos, os pais atravessaram a ponte para pedestres, alguns com crianças e carregando bagagens, acompanhados por advogados do grupo de defesa da imigração “Do outro Lado”.
Conseguimos! Todos os pais estão sendo recepcionados pelo CBP (controle de fronteira”. Obrigada aos oficiais pelo profissionalismo e humanidade com que os aceitaram hoje e a todos que vieram apoiá-los”, escreveu a Outro Lado no Twitter.
As famílias que chegaram nesse final de semana aos Estados Unidos pretendem apresentar seus casos à justiça americana e serem reunidas com seus filhos.
“Nós estamos aqui esperando em Mexicali. Se deus quiser nossos casos serão analisados. Eu sei que é um enorme risco, mas esperamos pelo melhor”, disse Joe Arteaga, hondurenho, antes da travessia. Arteaga foi separado do filho de 15 anos no ano passado. Em um aumento da repressão à imigração ilegal pelo governo de Donald Trump, oficiais de fronteira separaram milhares de crianças de seus pais que atravessaram a fronteira com o México. Muitas foram colocadas em centros de detenção e outras foram depois enviadas para viver com parentes ou em lares adotivos. Mais de 700 menores imigrantes que foram separados dos adultos com que entraram nos Estados Unidos a partir do México permanecem sob custódia das autoridades americanas e não foram reunidos com seus familiares nesta quinta-feira, como havia determinado um juiz federal. Os menores fazem parte de um segundo grupo de 2.551 crianças e adolescentes de cinco a 18 anos, dos quais 1.820 saíram dos abrigos do Escritório de Reassentamento de Refugiados (ORR) para serem entregues a seus pais ou representantes. O juiz Dana Sabraw fixou há um mês um prazo para que 2.500 a 3 mil menores fossem entregues a seus pais: primeiro os menores de cinco anos, depois os de cinco a 18 anos. O Departamento de Justiça (DoJ) indicou nesta quinta-feira, em um documento enviado à corte, que esperava que todos os menores “considerados elegíveis para reunião” seriam entregues a suas famílias antes de terminado o prazo legal, à meia-noite, horário de Los Angeles (07h00 GMT, 04h00 de Brasília).
Dos 1.820, 1.420 foram reunidos com seus pais em instalações da polícia migratória ICE e 378 libertados em “outras circunstâncias”, como os entregues ao pai ou outro familiar em liberdade. “O governo não vai reunir todas as famílias que separou”, disse Lee Gelernt, advogado da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), que apresentou a demanda em San Diego, levando o juiz Sabraw a fixar o prazo. Neste informe legal, a ACLU fixou posição. Destacou que, “segundo os próprios dados da defesa, dezenas de crianças separadas ainda não tinham sido reunidas a um pai e cerca de 1 mil pais ou mães permaneciam separados de seus filhos. Isto inclui quase 500 responsáveis que foram expulsos do país, muito provavelmente sem seus filhos”. Estes imigrantes ilegais deportados (431) fazem parte do grupo com o qual não puderam se reunir 711 menores “não elegíveis”, o que implica também em que os vínculos familiares não puderam ser confirmados ou que os pais sofrem de doença contagiosa ou que não foram localizados.
Segundo o DoJ, os pais de 120 menores decidiram pela não reunião. Este balanço será discutido em uma audiência nesta sexta-feira, em San Diego, e se Sabraw considerar que o governo não cumpriu com o prazo, poderia declará-lo em desacato e puni-lo. As polêmicas separações começaram em maio, no âmbito da política de “tolerância zero” de Donald Trump, quando os imigrantes que entravam no país pela fronteira sul, ilegalmente ou pedindo asilo, eram detidos e processados em massa. Consequentemente, milhares de crianças foram separadas dos pais ou tutores e enviados a albergues em todo o país.
Essa política gerou uma onda de críticas dentro e fora dos Estados Unidos, especialmente após a difusão de um áudio – supostamente gravado em um abrigo – no qual se ouve crianças pequenas chorando e chamando pelos pais, que em sua maioria migraram para fugir da violência das gangues da América Central.
Fonte: A Semana