

Crédito, Tiago Petinga/EPA
Na Espanha, restaurantes e lojas ficaram sem luz, e o Aberto de Tênis de Madri foi suspenso.
No início da tarde, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sànchez, afirmou que a eletricidade foi restabelecida em algumas áreas do norte e do sul do país.
Ainda assim, por volta das 16h em Brasília (21h em Madri), a Espanha declarou estado de emergência para as regiões que o solicitarem. Até o momento, Madri, Andaluzia e Extremadura solicitaram que o governo central assuma a ordem pública e outras funções.
Por volta do mesmo horário, a operadora de energia espanhola Red Electrica afirmou que mais de 20% da capacidade de energia afetada do país havia sido restaurada.
O fornecimento de energia elétrica está sendo “restaurado progressivamente”, afirmou a operadora em uma publicação na plataforma de mídia social X.
Parte desse fornecimento vem de fontes nacionais e parte da França, acrescenta a publicação.
Em Madri, a energia começou a ser restabelecida aos poucos, começando por algumas lojas e o metrô.
Em Portugal, semáforos ficaram sem luz, provocando transtornos no trânsito. Os sistemas de metrô de Lisboa e do Porto também pararam de funcionar. O mesmo aconteceu na capital espanhola. Nas redes sociais, circulam vídeos de passageiros caminhando pelas estações escuras de metrô.
O primeiro-ministro de Portugal e também presidente do Conselho Europeu, Luis Montenegro, disse que “não há indícios” de que um ataque cibernético esteja por trás do corte de energia.
A companhia aérea portuguesa TAP fez um alerta para que passageiros não se dirijam ao aeroporto.
Além disso, há longas filas nos caixas automáticos para saques em dinheiro, já que muitas lojas não estão conseguindo receber pagamentos com cartões.
A repórter Barbara Tasch, da BBC News, conversou com algumas pessoas afetadas pelos apagões. Uma professora em Madri disse que as pessoas “não sabem nada” sobre o que está causando os apagões.

Crédito, Emily Lansdown
A inglesa Hannah Lowney, que mora em Madri, disse que estava no meio da compra do supermercado quando a luz caiu.
“Os semáforos se apagaram. As pessoas estão deixando seus escritórios e indo a pé para casa, porque não sabem que horas os ônibus vão passar. Parece que ninguém tem ideia de quando a luz vai voltar. É um pouco preocupante que esteja assim no país todo, nunca passei por algo assim antes.”
Muitos espanhóis estão tendo que achar maneiras de voltar para casa — e estão sem conseguir se comunicar com seus filhos que estão na escola. As agências de notícias afirmaram que muitas pessoas são vistas nas ruas erguendo seus telefones celulares na tentativa de conseguir sinal. Além disso, muitos estão recorrendo a rádios para se informar.
Outro problema são os pagamentos com dinheiro.
“É uma loucura, estamos tentando pagar por nosso almoço, mas está tudo desligado”, diz Emily Lansdown, uma turista na cidade.
Fotos circulando na internet mostram grandes filas em caixas eletrônicos. Uma imagem mostra um chef de cozinha usando a lanterna de seu telefone para conseguir trabalhar.
A brasileira Nina Alves, que vive em Barcelona, conta que precisou caminhar por quase cinco quilômetros para voltar para casa. “Tive que andar mais de 1 hora para chegar em casa, porque não tinha metrô, nem táxi livre, os ônibus estavam todos apinhados de gente e o trânsito um caos”, relatou à BBC News Brasil.
Após chegar em casa, ela conta que foi até a escola dos filhos, muito preocupada, pois além da eletricidade, eles estavam sem telefone também. “Mas estava tudo bem, porque a escola tem gerador.”
“Depois começamos a andar pelo bairro, para tentar comprar comida que não precisasse ser cozida, porque nosso apartamento só tem forno e fogão elétricos. Mas todos os mercados estavam fechados. Achamos uma padaria aberta, mas que só vendia com dinheiro em espécie. E quem anda com dinheiro hoje em dia? Eu, pelo menos, não”, conta.
Ela afirma que a família está se alimentando com pães, biscoitos e sucos que já tinham em casa.
“E isso acontece poucas semanas depois de a União Europeia mandar todo mundo comprar um “kit guerra”. Tem muita gente assustada”, diz ela, se referindo a uma recomendação da UE para que os europeus adquirissem um kit de sobrevivência para crises, contendo medicamentos, comida, lanterna e canivete.

Crédito, Sergio Pérez/EPA
Os apagões começaram pouco depois do meio dia no horário da Espanha (8h no horário de Brasília), atingindo diversas cidades nos dois países. A operadora nacional de trens, Renfe, disse que toda a eletricidade foi cortada às 12h30, e todos os trens pararam.
A operadora espanhola Red Eléctrica disse que está trabalhando para restabelecer a energia no país.
O prefeito de Madri, José Luis Martínez-Almeida, publicou um vídeo nas redes sociais pedindo que as pessoas se desloquem o mínimo possível.
“Eu peço a todos os residentes de Madri que mantenham seus movimentos ao mínimo absoluto e, se possível, que fiquem onde estão. Queremos manter todas as estradas livres”, disse o prefeito.
Ele também pediu que as pessoas só entrem em contato com serviços de emergência em casos de extrema necessidade. Quem não conseguir contato e ainda assim precisar de ajuda deve se dirigir a delegacias, estações de bombeiro ou hospitais.
Alguns túneis tiveram de ser fechados, por falta de luz nos semáforos.
Em novembro de 2006, cerca de 10 milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica após uma série de panes na rede da Alemanha, que atingiu diversos países do continente, chegando ao Marrocos e norte da África.
Na época, a empresa alemã de energia E.On apresentou um relatório afirmando que se tratou de falha humana na rede.

Crédito, Pedro Nunes/Reuters
As estatísticas enviadas à BBC na tarde desta segunda mostram que 96 voos partindo de Portugal foram cancelados, sendo Lisboa o aeroporto mais afetado (29,63% das partidas canceladas).
Na Espanha, 45 partidas foram canceladas.
O aeroporto de Barcelona teve 2,98% das partidas canceladas e o de Madri, 2,56%.
Esses dados se referem ao total de cancelamentos de voos. Não foi possível saber os motivos exatos de cada cancelamento.
Fonte: BBC