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Passeando entre jornalismo e literatura, Cony legou obras essenciais

20/01/201806h00RESUMO Autora analisa a trajetória do premiado escritor , que era colunista da Folha e morreu no último dia 5. Para ela, o romance “O Ventre” (1958) é um dos marcos de nossa maturidade literária, por trazer a mesma angústia existencial que então era lida e admirada nos franceses Sartre e Camus.
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Na fase que se seguiu ao modernismo, com a criação dos cursos de letras nos anos 1930, a crítica literária disciplinou-se.
O debate desse campo se deslocou de espaços jornalísticos ou informais e a literatura pareceu deixar de ser fonte de prazer, de provocação intelectual, de conversas entre amigos para ser parte de currículo, matéria de prova. Os primeiros professores, improvisados, eram os grandes leitores da época, críticos profissionais ou diletantes. Homens eruditos que pareciam não temer o famoso “critério do gosto”.
Criou-se então, no mundo das letras, a casta dos especialistas: notórios e competentes detentores de saberes práticos que, no entanto, opunha aos intelectuais.
No ensaio “Plaidoyer pour les intellectuels” (a palavra “plaidoyer” é mais do que “defender”, guarda o sentido de “lutar por uma causa”), ele diz: “O intelectual é alguém que se mete no que não é de sua conta e que pretende contestar o conjunto das verdades recebidas e das condutas que nelas se inspiram, em nome de uma concepção global do homem e da sociedade”.

Fonte: Folha de S.Paulo