A Guerra Entre a TV e Um Bom Livro

Os benefícios e os males a saúde.

Desde a década de 80, quando o computador pessoal foi inventado, passamos a conviver com uma gama ainda maior de oportunidade de acesso a informação. Através da internet podemos: obter conhecimento sobre diversos assuntos, receber e enviar documentos, acessar conta bancária, fazer cursos de longa distância e etc… Todas essas possibilidades estão a disposição para grande parte da população mundial. Essas ferramentas de comunicação tecnológica, contribuiu  para o que chamamos de globalização, pois proporcionou uma maior integração cultural, econômica e política entre os países do mundo inteiro.

No entanto, o acesso a tantas ferramentas tecnológicas tem gerado maior dificuldade de manter o equilíbrio quanto a superexposição ou até mesmo a dependência ao qual vem provocando dificuldades e até algumas doenças relacionadas ao uso descontrolado.

A cultura brasileira nos últimos 40 anos assimilou o consumo da televisão no dia-a-dia de forma que hoje podemos dizer que; na casa da grande maioria dos brasileiros; não pode faltar um bom prato de feijão com arroz e um aparelho de televisão. Quando a televisão começou a fazer parte dos aparelhos domésticos, era considerada um luxo, pois somente pessoas com um certo poder aquisitivo tinham condições de adquirir. Porém com a evolução, cada vez mais veloz da tecnologia, o acesso ficou muito mais fácil. Hoje em dia, assistir um programa na televisão tornou-se opcional, devido os diversos modos de se “conectar” com o mundo lá fora. Os smartphones, os tablets e outros aparelhos portáteis facilitam muito o acesso tanto a informação como ao entretenimento. Observe que o telefone convencional ja quase não é mais encontrado na maioria das casas e até mesmo o aparelho de celular não é utilizado para a sua função inicial, falar. Definitivamente, usamos o celular muito mais para enviar mensagens e navegar na rede do que para fazer uma ligação.

No entanto até que ponto a nossa saúde e interação com outras pessoas tem recebido influência dessa nova tendência? Como podemos nos certificar que não estamos passando do limite,  colocando o desenvolvimento das crianças e diminuindo as possibilidades de crescimento pessoal e coletivo?

O tema de hoje tem como objetivo, levar a reflexão sobre os benefícios de velhos hábitos e os cuidados necessários através de novos costumes, de maneira manter uma vida equilibrada, ao mesmo tempo ativa e interessante. A Guerra Entre a Tv e Um Bom Livro baseia-se em resgatar um costume que cada vez mais se encontra escasso, mostrando que é possível sim manter, tanto o entretenimento quanto a literatura.

Todos os anos, o número de horas gastas na frente de uma tela aumenta no mundo. Seja essa tela de uma televisão, como também do computador, do tablet e principalmente de um smartphone. O Brasil está em terceiro lugar no ranking mundial de tempo de acesso a internet, perdendo somente para a Tailândia e Filipinas. A média do brasileiro em frente a uma tela é de 9 horas e 14 minutos por dia, sendo que 49% desse tempo usando um smartphone. Uma pesquisa revelou que em 2018 nos Estados Unidos a média de horas gastas assistindo vídeos nos: aplicativos, tv, dvd, tablet e computador é de 6 horas por dia. O tempo gasto somente assistindo tv pelo os americanos são de 270 minutos por dia.

Muitas pessoas admitem que não conseguem mais viver sem usar o smartphone. Essa dependência está classificada como um distúrbio mental chamado nomophobia que é o surgimento da ansiedade por não ter acesso ao dispositivo móvel (smartphone). A nomophobia é a abreviatura de “non-mobile phobia” o medo de ficar sem o celular. O cérebro cria um condicionamento de permanecer atento a qualquer notificação do celular. Isso provocado pelo o que se chama FOMO (Fear of Missing Out ou o medo de estar perdendo algo). 

Para saber como vai a sua relação com o seu celular por exemplo, eu preparei um questionário que poderá ajudar na sua avaliação pessoal. Lembrando que o objetivo, é refletir sobre comportamentos e crenças; que na maioria das vezes; não estamos atentas como isso se reflete na nossa saúde. Essa reflexão, somada ao conhecimento,  pode proporcionar um melhor entendimento entre a relação com você mesma e com as pessoas do seu convívio; e assim poder repensar em como esses comportamentos estão afetando principalmente, a sua saúde mental e física.

  1. Whatsapp – Você já se perguntou quantas horas por dia você passa usando de algum desses dispositivos eletrônicos mencionados acima? Comece contando quanto tempo você gasta verificando as mensagens do Whatsapp por exemplo. Quantos grupos de amigos você tem? Você lê ou assiste mais da metade do que você recebe no Whatsapp? Você costuma participar de correntes que repassam mensagens de “positividade para uma lista de 10 amigas especiais”? Você fica magoada quando alguém demora mais de 1 hora para responder uma mensagem sua?
  2. Fisicamente – Você se lembra da ultima vez que reclamou de estar com dores no pulso? Percebe que no final do dia, aparece uma dor de cabeça sem motivo aparente? Você tem o hábito de usar o celular para outros fins que não seja falar com alguém? Mesmo entre um trajeto curto você sente uma certa inquietação por não poder usar o celular enquanto está dirigindo?
  3. Relacionamento – Você costuma deixar o seu celular a mesa mesmo durante um jantar com os amigos? Costuma dar desculpas por ter que ficar segurando o celular com a justificativa que tem que estar atenta a um chamado de emergência? Você já foi chamada atenção por não estar desatenta enquanto alguém está conversando com você pessoalmente? Quantos minutos você conversa com seus: filhos, companheiro, amigas, parentes, olhando nos olhos sem distração ou interrupção por dia? Passe a tomar nota disso e verás como é cada vez mais raro esse tipo de interação.
  4. Profissionalmente – Você fica ansiosa por responder o mais rápido possível todas as mensagens e email relacionados ao seu trabalho? Mesmo nos finais de semana, você não consegue se “desligar” das obrigações pois acredita que não pode deixar para a segunda pois tem receio de perder o controle?
  5. Emocionalmente – A primeira coisa que você toca ao levantar é o seu celular? Você se questiona do que está errado com você, quando você não recebe nenhum comentário ou uma curtida que tanto esperava da “linda postagem que você fez nos últimos dias”? Você já sentiu uma “pontadinha de inveja” daquela amiga que fez uma viagem espetacular e desejou ser “tão feliz” quanto ela. Alguma vez já  se sentiu um desânimo inexplicável após ficar vários minutos vendo as postagens da sua lista de “amigos”?

Se você, ao responder essas perguntas; percebeu como anda sua relação com o “mundo social” saiba que sempre é possível aprender para ter condições de fazer escolhas saudáveis.

Sabemos que os meios de comunicação e entretenimento são muito úteis pois nos mantém informados além de proporcionar momentos de descontração e lazer. O perigo está no exagero, na forma sem controle de usar esses meios que acabam provocando uma dependência e também alguns problemas graves; tanto comportamentais como físicos. Alguns desses efeitos nocivos são:

  • Os efeitos das notícias negativas – as pessoas possuem a tendência de se atraírem por notícias negativas como: tragédias, mortes, etc.. Porém ao absorver essas notícias com frequência, o organismo passa a produzir; de forma alarmante; o colesterol que está também relacionado ao estresse. Sendo assim, inconsciente acabamos recebendo estímulos como se estivessem em situação de conflito, como uma briga por exemplo. Como a velocidade dessas mensagens são captadas de forma muito rápida, pode provocar: irritabilidade, medo, ansiedade, fobias e até depressão.
  • Os efeitos no desenvolvimento das crianças – para as crianças os efeitos são ainda mais nocivos, já que o cérebro está em formação. Como a criança não tem condições de entender a diferença entre a realidade é a ficção a super exposição tanto a tela do tablet, computador e etc.., quanto as imagens e notícias violentas podem acarretar vários problemas de saúde e desenvolvimento. A fala da criança pode ser afetada, assim como a forma de se relacionar com as pessoas.
  • Os efeitos nos relacionamentos – muitos relacionamentos foram rompidos por falta de comunicação. Mesmo os pais que não conseguem se desgrudar do celular quando levam seus filhos ao parquinho, estão ensinando para seus filhos que não estão completamente a disposição para dar atenção plena ao momento de distração e aprendizado.
  • Os efeitos cognitivos tanto para a linguagem quanto para a memória causadas por excesso de horas assistindo a televisão, pc, celular – Tantos adultos, idosos quanto as crianças podem ter a memória afetada, assim como a linguagem oral e escrita. Será porque evoluimos tanto em tecnologia mais continuamos na lista dos países com o maior número de analfabetos? (Brasil está em oitavo lugar no ranking mundial de analfabetismo).

Se estamos cada vez mais “dependentes”, ansiosos para nos manter “ligados”, ou seria melhor dizer “conectados” com o que o mundo lá fora tem para oferecer, porque estamos cada vez mais sofrendo de depressão, ansiedade, fobias e de solidão? Será que essa conexão é verdadeira e genuína? Será que existe uma forma de manter o equilíbrio emocional perante a tanta oferta “interessante”?

Se essa é a uma realidade que não podemos fugir, ocasionada pela a rapidez da expansão tecnológica e da mudança cultural dos tempos modernos, como podemos manter a nossa saúde e ainda manter os nossos relacionamentos saudáveis?

Que tal então ler um livro?

Estarmos perdendo a corrida entre uma boa leitura pois estamos mais sujeitos as informações rápidas e prontas. Porém ler, significa imaginar enquanto o leitor absorve as emoções e aumenta o conhecimento. Diferentemente de assistir tv, o livro nos faz pensar e interagir com os personagens da história. Ao assistir um seriado, ficamos completamente a mercê da mensagem pronta e mastigada, enquanto a leitura proporciona um mergulho; tanto na mente de quem está lendo quanto na de quem está contando a história.

Quais são os principais benefícios da leitura para a saúde?

  • A leitura aumenta o vocabulário – Os diálogos da tv normalmente são curtos e simples podendo ser comparados com um nível de uma criança no quarto ano do ensino fundamental. No entanto, os livros infantis possuem uma linguagem muito mais rica do que o mesmo programa de tv.
  • Contribui para relações sociais – a leitura contribui para o aumento da empatia e integração entre as pessoas, (quando se está lendo um livro para uma criança ela percebe que está recebendo atenção). Infelizmente crianças e adolescentes que passam muitas horas “navegando na internet” ou jogando videogames tendem a serem anti sociais.
  • Colabora para a redução do estresse – Muito melhor do que uma boa música a leitura ajuda a reduzir o estresse em apenas 6 minutos. Isso porque proporciona um relaxamento diferente do que quando estamos assistindo tv, já que implica principalmente pelo o excesso de informações.
  • A leitura ajuda a memória – como a leitura é um exercício a imaginação, podemos relacionar as emoções sentidas enquanto tentamos descrever cada detalhe do livro como: lugar, personagem, época do acontecimento. Isso contribui para fortalecer a memória. Alguns estudos apontam os efeitos nocivos aos idosos que passam muitas horas assistindo televisão principalmente se comparados com os idosos que possuem o hábito de ler, escrever, fazer palavras cruzadas.

Sempe é possível criar bons hábitos. Com tanto acesso disponível para ler um bom livro, não podemos é usar de justificativas para não começar. Mesmo que você não goste tanto assim de ler, ou tenha dificuldade com as palavras, experimente começar com um livro simples do tema do seu interesse. Separe um tempinho todos os dias para ler, nem que seja uma página. Se você estiver decidida a começar a mudar de hábitos, verá como é riquíssimo o benefício de ser uma leitora. Se você tem filhos pequenos, seja a maior incentivadora da leitura.

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Fonte: Coluna Saúde da Mulher Lídia Ferreira

Fonte: Brazilian Times