“Hollywood”, série em 8 episódios criada por Ryan Murphy e Ian Brennan em cartaz no canal…
“Hollywood”, série em 8 episódios criada por Ryan Murphy e Ian Brennan em cartaz no canal Netflix, reescreve a história do cinema mas fala do presente, ou seja da falta de representatividade das minorias na indústria cinematográfica.
Esta ambientação de uma Hollywood dourada é bem otimista, divertida, colorida, sem deixar de tocar em assuntos sociais atuais, utilizando o passado como um cenário de fantasia.
Senão, vejamos: Por muito que o Rock Hudson (na série) tenha saído do armário muitos anos antes do que de fato aconteceu – o astro faleceu com o vírus da Aids no final dos anos 80 – a realidade que enfrentou em sua vida de gay foi bem diferente e com muitos problemas para o astro do cinema, nesta série imaginada dando seus primeiros passos na vida de artista.
E para conseguir ser protagonista, teve que se sujeitar a fazer sexo com o próprio agente que o contratou.
Pensando neste contraste e nos outros que aparecem na série, percebemos que a mensagem de Hollywood vai além de um conto de fadas, onde (quase) todos os personagens alcançam um final feliz. E tudo começa em “Dreamland”, a senha trocada entre os rapazes da oficina e posto de gasolina, quando um ou uma “cliente” passam para buscar seu sonho sexual daquele momento. E tudo vai se encadeando e fazendo sentido.
Claro que o espectador acaba mesmo torcendo para o final feliz, depois que o roteiro “Peg” vira “Meg” e ao invés de uma atriz loura, a intérprete passa a ser negra. E nessa imaginária cerimônia dos Oscars de 1948, quem ganha a maioria dos prêmios?
É isso, na construção do que seria a proposta de “Hollywood” havia uma quantidade muito grande de itens que passariam por essa “peneira fantástica”. Não se trata somente de ferida, mas de um verdadeiro espancamento. O racismo, a homofobia, a exploração, o assédio, o abuso, o machismo. Tudo o que está na Ordem do Dia em 2020.
A história vai se firmando nos episódios –alguns engraçados, outros chocantes – e o importante é estabelecer o curso dos acontecimentos traçando um paralelo do presente que nós vivemos,
Mas não se iludam com a beleza e superficialidade da produção, porque somente uma mulher negra venceu o Oscar de Melhor Atriz em mais de 80 anos. Hale Berry, em 2002. Poucas mulheres negras venceram o Oscar como Coadjuvantes.
Artistas homossexuais ainda se escondem por medo de perderem trabalhos. Sem esquecermos dos escândalos de assédio promovidos por Harvey Weinstein, que provocaram movimentos importantes. Pensando com esse panorama, é difícil ser chato com um roteiro que preferiu brincar de reescrever a história.
O mundo criado por Ryan Murphy para “Hollywood” é lindo. Assista, que o tempo na quarentena vai passar mais rápido. Só para diversão, não é necessário pensar muito. Mas na semana que vem faremos vocês ficarem pasmos com “OZARK”. Aguardem!
‘Hollywood’ encontra-se disponível no canal Netflix.
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Fonte: Phydias Barbosa
Fonte: Brazilian Times