O estudante João Pedro Marchezani, de 23 anos, atingido na nuca, foi submetido a uma série de cirurgias
Na sexta-feira (3), o aluno de Robótica João Pedro Marchezani, de 23 anos, recebeu alta após passar três meses internado desde que foi baleado na cabeça enquanto saía com amigos em Chicago (Ill.). O brasileiro deu entrada no Setor de Emergência do hospital em 5 de setembro e foi submetido a uma série de cirurgias.
“Espírito me guie onde minha confiança é sem fronteiras. Deixe-me caminhar sobre as águas onde quer que você me chame. Leve-me mais fundo do que meus pés jamais poderiam vagar. E minha fé será fortalecida. Na presença de meu Salvador”, postou no Instagram, em inglês e português, Mônica Marchezani, mãe do estudante.
Além disso, ela postou um vídeo de João Pedro saindo do hospital numa cadeira de rodas e usando um capacete especial.
Nas últimas semanas, o brasileiro já vinha mostrando evolução na fisioterapia para recobrar os movimentos. O estudante chegou a ter o lado esquerdo paralisado e ficou um tempo sem conseguir enxergar e falar. Médicos que acompanharam seu caso afirmaram que ele era “um milagre”.
Ainda conforme a família, a alta estava prevista inicialmente para semana passada, mas dependia da chegada de equipamentos e suprimentos hospitalares para que o brasileiro possa seguir o tratamento em sua casa, em Ohio. A cama hospitalar, as cadeiras de rodas e os suprimentos médicos já foram entregues. Os pais de João Pedro estão sendo treinados para os cuidados especiais com o filho.
“Meu marido e eu recebemos treinamento para colocar e retirar o João Pedro da cama, cadeira rodas e cadeira para banho. Também recebemos instruções sobre como aliviar a pressão no corpo dele por ele estar deitado ou sentado”, relatou Mônica à imprensa brasileira.
Emocionada com a alta do filho, depois de ir ao hospital diariamente ao longo de quase 3 meses, ela celebrou a recuperação. “Vou levar meu menino para casa”, celebrou Mônica, que havia afirmado que traria o filho de volta quando ele foi internado.
De acordo com ela, João Pedro ainda está “um pouco frustrado” por não ter retomado totalmente a visão. Ele segue sem enxergar com o olho direito e vê de modo turvo com o olho esquerdo. O jovem recobrou a fala, embora ainda um pouco embargada. O brasileiro, que teve os dois lados do cérebro comprometidos, ouviu da mãe: “Você é um orgulho, meu filho. Você está vivo”.
Autoridades ainda investigam:
Em paralelo à recuperação do estudante, a polícia dos EUA ainda tenta localizar e prender os autores do crime. As autoridades relataram que não identificaram os criminosos e que a investigação está estagnada. Em e-mail enviado à família do estudante, o detetive responsável pelo caso comunicou que estava de férias e retornaria apenas na quarta-feira (15).
A família foi informada recentemente que os agentes já haviam identificado os suspeitos que apareciam em imagens de câmeras de segurança próximas ao local do crime, mas precisavam de alguém para confirmar. As autoridades já teriam inclusive pistas sobre onde mora o criminoso que atirou 8 vezes contra o carro em que estava o brasileiro. Em troca de e-mails, no entanto, o detetive do caso disse agora que a unidade que cuida de gangues de rua que atuam na região não foi capaz de reconhecê-los. O oficial disse ainda que pretende conversar com João Pedro, “se ele se sentir confortável”.
“Entrarei em contato com as outras pessoas (que estavam) no veículo novamente quando voltar. Quanto a eles olharem fotos para identificar o motorista da segunda moto, não tenho fotos para mostrar. Não tenho um vídeo claro desse indivíduo. Os dois infratores estavam na outra moto, ninguém no veículo os viu. Mas vou ligar para eles novamente para ver se têm mais informações”, relatou o detetive Scanlan na mensagem.
Até o momento, os indícios apontam que os 2 homens envolvidos no crime fariam parte de uma gangue latina local, conhecida como Cobras (YLOC), que há muitos anos se expande e disputa territórios com outras quadrilhas rivais de Chicago. Oficialmente, a polícia não confirma. Em contato com os Marchezani, o detetive revelou que se trata da primeira vez que a delegacia recebe um caso no qual uma dessas gangues atacou dessa maneira um civil. Casos semelhantes ocorrem geralmente entre integrantes das quadrilhas rivais.
Entenda o caso:
O crime aconteceu há quase 3 meses, no dia 4 de setembro, quando o estudante e a namorada foram às compras para o apartamento que tinham acabado de alugar em Chicago (Ill.). Um casal de amigos, que tinha se mudado recentemente para a cidade, os acompanhou.
Após passarem a tarde juntos, resolveram sair à noite para celebrar. Inicialmente, eles se reuniram na casa do casal e de lá partiram no mesmo carro, em um grupo de 5 pessoas.
A caminho de um bar na região, o motorista do carro percebeu que uma moto os seguia. Além disso, ele percebeu que o piloto da motocicleta estava armado. A reação foi desviar para despistá-lo. Ali começava uma fuga pelo bairro, até que se depararam com uma dupla em outra moto. Durante a perseguição, o carona de uma das motocicletas disparou 8 vezes contra o veículo. Um dos tiros atingiu João Pedro na nuca, que imediatamente caiu no colo de sua namorada.
Vídeos de câmeras de segurança divulgados pela polícia dos EUA gravaram o momento em que um homem atira contra o carro. As imagens capturaram o instante em que um dos suspeitos desceu da garupa de uma motocicleta e efetuou 8 disparos. A ação durou menos de 10 segundos. A dupla fugiu do local do crime.
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Fonte: Leonardo Ferreira
Fonte: Brazilian Times