CONFLITO ENTRE RÚSSIA E UCRÂNIA CAUSA IMPACTO DIRETO NO MUNDO INTEIRO

O Brazilian Times ouviu pessoas influentes na comunidade brasileira dos Estados Unidos, para saber a opinião sobre a guerra.

“Não é uma guerra entre anjos e demônios como pinta a mídia no ocidente”

(Padre Volmar Scaravelli)

Se engana quem pensa que a guerra é apenas entre Rússia e Ucrânia, que o problema se restringe aos territórios da Europa Oriental e o Norte da Ásia e que tudo que está acontecendo está distante da nossa realidade. O conflito tem dimensões inimagináveis e gera um forte impacto no mundo inteiro, conforme ressaltam as vozes desta enquete. São líderes religiosos de diferentes denominações, empresários e ativistas sociais. Ouçam o que eles pensam sobre o impacto da guerra, no mundo.

Pastor Samir, da Igreja Cristã Maranata de Massachusetts, EUA: É de nacionalidade russa. Ramis Abbasov é conhecido como Samir. Formado em Economia pelo TIIAMA(Tashkent Institute of Irrigation and Agricultural Mechanization Engineers) em Tashkent, Uzbequistão. Bacharel em Teologia pelo MTI (Instituto Teológico de Moscou) em Moscou, Rússia. Mestre em Teologia pelo ETS (Evangel Theological Seminary) em Kiev, Ucrânia:“O ataque da Rússia é cruel e traiçoeiro, foi planejado durante muitos anos. Eles conseguiram anexar a Crimeia e por impunidade real, se sentiram encorajados. Eles estão usando pretexto falso que estão libertando a Ucrânia dos extremistas, mas em todo lugar que o exército russo entra, arrancam bandeiras ucranianas e colocam russas. Uma guerra pérfida de conquista de território. Eles podem fazer depois igual na Crimeia, forçar as pessoas a “votar” debaixo da mira das metralhadoras, para se juntar à Rússia. As sanções aplicadas só aumentaram o preço de gás e petróleo 3 vezes – o que consequentemente aumenta a renda da Rússia que só vive vendendo gás e petróleo. Único jeito é voltar a ser autossuficiente em petróleo aqui na américa e começar a fornecer gás e petróleo para a Europa, para sair dessa dependência russa. Mas infelizmente a nossa administração atual é muito fraca para isso. O mundo todo está sofrendo, até o Brasil parou de receber fertilizantes da Rússia, isso vai repercutir especialmente no ano que vem. o Mundo todo sofre e a Rússia faz o que quer e se enriquece. É claro que a maioria da população russa não apoia a guerra conduzida pelo Putin, apoiado pela elite política, na sua ambição e fome pelo poder e influência”.

Margareth Shepard: É Pedagoga, empresária e Política atuante no Partido Democrata. Atualmente candidata a Deputada Estadual pelo 6th Middlesex Distrito localizado em Framingham, Masachusetts, EUA:“A invasão da Rússia na Ucrânia representa um grande risco para a economia mundial que se encontra em processo de recuperação devido à pandemia.  A Rússia não está apenas atacando covardemente a Ucrânia, está atacando as nossas famílias no mundo inteiro.  Uma grande parte da população ainda está debilitada pelo desemprego, e perda de entes queridos devido a COVID-19, e agora já estão começando a sentir as consequências financeiras da guerra ao abastecerem os carros e fazerem as compras de supermercado. Se a guerra se prolongar, os conflitos poderão trazer sérios impactos nos mercados financeiros e   na pior das hipóteses, no caso de interrupção, ou suspensão de fornecimento de óleo e gás, poderá provocar uma recessão profunda no mundo. Guerras não atingem apenas a economia, mas também o espírito do ser humano, trazem sentimentos de desolação, tristeza, e medo, diante de tantas mortes desnecessária e de uma imagem assustadora sobre o que o futuro pode vir a ser. Mais do que nunca a realidade nos pressiona para apressarmos o passo em direção a produção de energias alternativas que possam preservar o nosso planeta e acabar com a dependência política e financeira de países que dominam a produção de petróleo e gás”. 

 Volmar Scaravelli: É padre da Congregação dos Missionários Scalabrinianos, que tem como objetivo a Pastoral dos imigrantes e refugiados, atualmente é pároco na paróquia St.Vincent, na arquidiocese de Miami:“Não é apenas uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia, na verdade, há três culpados: Rússia, Ucrânia e EUA. Em primeiro lugar, a guerra é sempre ruim, temos de ser sempre contra a guerra, não há nada que justifique a guerra porque sempre quem é mais prejudicado é o povo e o mais pobre, porque as consequências econômicas sempre recaem sobre as pessoas mais necessitadas. Essa guerra nos envergonha muito. Os culpados são três, primeiro o Putin, presidente da Rússia, Zelenski presidente da Ucrânia, e os EUA, em representação da OTAN porque o que a Rússia fez erradamente, ele trocou os pés pelas mãos, porque as consequências para a Rússia serão bem piores do que para os outros. Os Estados Unidos já fizeram isso com a Somália, com a Síria, com o Iraque e a mídia ocidental nunca criticou os EUA como está criticando a Rússia. Deve ser criticada a Rússia porque é deplorável, mas os EUA também. O que a Rússia fez, justifica porque ela não quer a OTAN dentro da Ucrânia, senão fica um inimigo vizinho muito poderoso porque a OTAN tem um certo poder. O que aconteceu com a OTAN que estava morrendo? Ela ressurgiu, já que muitos países entraram na OTAN e ela ficou mais forte. O Biden, ficou mais forte também porque ele estava meio fraco no âmbito das próximas eleições, politicamente falando, ele se fortificou e o Putin levou a pior, mas o pior de tudo é o povo da Ucrânia que já tem um milhão e meio de refugiados e vai ter mais refugiados, são aqueles que mais sofrem, de maneira que a minha opinião é que deveríamos ter vergonha, nos envergonha a todos, esta guerra não se justifica, inclusive perigando de haver ampliação desta guerra. As consequências cairão sobre o Brasil e outros países, não somente para o povo ucraniano”.

Tiago Prado, economista e empreendedor na indústria de seguros, BRZ insurance agency: “Eu acredito que o maior impacto da guerra da Rússia com a Ucrânia vai ser sabe onde? Nos juros do mercado americano, pode esperar aí na casa dos 10 até 20%, igual já aconteceu no passado. A gente já teve a crise de 1979 que foi o choque do petróleo causado pelo Irã e agora provocado pela Rússia, dessa vez não é diferente, simplesmente a história se repente de uma forma renovada, tem também a crise do fertilizante porque os maiores exportadores de fertilizantes do mundo são Rússia e Bielorrússia junto com a China. Marrocos vai ter que se desdobrar junto com o Canadá para abastecer o mundo. Vamos ver se o Brasil vai continuar comprando da Rússia ou não, mas até a gente realocar de como essa distribuição de recursos vai acontecer, você vai ter aqui os preços nos supermercados aumentando muito mais, o preço da gasolina você já está vendo na bomba o efeito, então é algo que vai impactar muito nas nossas vidas nos próximos 24 meses e desta vez não é diferente de 1979, 1980,1981, o juro aqui chegou na casa dos seus 21% o que causou a recessão de 1982”.

Heloisa Galvão, Diretora do Grupo Mulher Brasileira: “O maior impacto de qualquer guerra é no povo, principalmente nas mulheres e crianças. Os homens vão lutar, e muitos morrem ou voltam com sérios problemas mentais e físicos, enquanto as mulheres ficam para cuidar da família e da casa. As crianças quando não ficam órfãs também sofrem de problemas traumáticos. As guerras só servem para dar lucro a quem vende armamento e a governos ansiosos por poder e controle. Com raríssimas exceções as guerras defendem os interesses do povo. No caso da Rússia e Ucrânia, esta guerra é uma demonstração de força e, claro, o povo é quem sofre. Segundo dados de organizações humanitárias, dois milhões de pessoas já saíram da Ucrânia. A quem isso vai beneficiar? A ninguém”.

Pablo Maya, empresário dono da Pablo Realty:“A invasão da Rússia na Ucrânia impacta diretamente toda a Europa e países do ocidente. A Ucrânia tem mais 15 plantas nucleares inclusive a de Chernobyl. Se por acaso a administração dessas usinas caírem em mãos de pessoas erradas, seria o suficiente para acabar com toda a Europa. A Rússia já tomou o controle de Chernobyl e bombardeou outras usinas, tentou destruir uma barragem de abastecimento de água. Se o míssil tivesse acertado o alvo, teria inundação em várias cidades. Tentaram cortar o abastecimento de gás que é distribuído para toda Europa, que prejudicaria toda a estrutura financeira e familiar europeia. Como o Putin ameaça escalar para uma guerra atômica é muito perigoso um confronto direto com a Rússia. Na minha opinião as sanções financeiras são as melhores opções. Se o Putin vencer essa guerra ele vai invadir mais e mais países, se ele não obtiver sucesso, a Rússia vai entrar em uma profunda recessão. O mundo todo está sendo impactado por essa guerra, tanto na alta do petróleo e gás natural que são essenciais principalmente no inverno, como também no medo de uma guerra nuclear, então nesse momento temos que ser mais inteligentes para resolver sem o uso de armas”.

Pastor Tales, Rev. Talles Araujo, da Igreja Bethel Presbiteriana em Marlborough MA: “Eu particularmente tenho pensado mais na reação das pessoas diante desse conflito. Essa está sendo a guerra mais transmitida de todos os tempos. No passado, pessoas liam jornais sobre um conflito e num passado mais recente assistiam trechos de uma batalha na TV; hoje, porém, as cenas da guerra chegam em tempo real, vindas direto do campo de batalha, por soldados que usam seus celulares, civis que filmam as tropas inimigas e até por crianças nas ruas. São transmitidas nas redes sociais e vistas por todos, inclusive nossos filhos pequenos. Tenho visto uma geração ansiosa como nunca: Crianças e jovens nervosos e cheios de temores; vejo adultos desesperançosos e pessimistas, espíritos quebrados e tristes. Após quase dois anos de pandemia, que deixou uma carga emocional terrível, agora temos a eminência de uma guerra. Vivemos dias desafiadores! Pandemias (pestes) vieram e passaram na história da humanidade, também guerras aconteceram e cessaram… assim caminha a humanidade, não há como fugir! Mas confesso que hoje temo pela fragilidade emocional dessa geração, que pode sucumbir diante de tudo isso. Talvez os efeitos da guerra estejam mais próximos do que pensamos. Os mísseis e balas não precisam chegar aqui, pois o que acontece entre Ucrânia e Rússia já repercute fortemente nas pessoas ao nosso redor. Precisamos ser fortes, os dias são difíceis, mas como diz o provérbio oriental: “Homens fortes criam tempos fáceis e tempos fáceis geram homens fracos, mas homens fracos criam tempos difíceis e tempos difíceis geram homens fortes.” Peço a Deus que esses tempos difíceis produzam pessoas mais fortes!”

Fonte: Eliana Marcolino

Fonte: Brazilian Times