Conselheira de Saúde Mental em Brockton, brasileira orienta comunidade sobre como vencer depressão

Antes da pandemia do coronavírus chegar à cidade de Brockton (Massachusetts), a conselheira de saúde mental brasileira Lucileide Marques Chaves lembrou que alguns clientes do Brockton Neighborhood Health Center subiam as escadas, em vez de usar o elevador, com medo do que muitos vão pensar ao vê-los indo ao quinto andar para exames e serviços de saúde comportamental.

Agora, a brasileira disse que, como a pandemia do coronavírus amplifica a depressão, ansiedade e outros problemas de saúde mental, ela teme que muitas pessoas nesta cidade rica em imigrantes e com uma diversidade racial enorme possam permanecer nas sombras e não serem tratadas, devido às sensibilidades culturais e ao medo de ser julgado por outros.

“Esse é um grande problema em Brockton”, disse Lucileide, uma clínica de saúde mental licenciada que trabalha nos últimos três anos no Brockton Neighborhood Health Center. “Em Brockton, temos uma cultura e experiências muito diversas. É muito difícil, especialmente a questão da saúde mental, para eles. É difícil para eles se consultarem com um profissional de saúde mental porque, para eles, isso significa que são loucos. Se uma pessoa tem depressão e está se isolando e não quer falar ou acordar para trabalhar, é claro que pensa ou dizem que é preguiçosa. A depressão é um transtorno. Você está doente e precisa de ajuda”.

Especialistas em saúde mental em Brockton descreveram uma situação difícil este ano, pois uma comunidade que já estava enfrentando problemas de estigma em torno da saúde mental está sendo atingida por uma pandemia precedentes, ansiedade e depressão enquanto as pessoas lutam contra a insegurança financeira e o isolamento social.

Além disso, as pessoas negras também são confrontadas com questões preocupantes sobre a desigualdade racial neste país.

“As pessoas que já têm ansiedade aumentam a ansiedade”, disse a brasileira, que teve um aumento da carga de trabalho este ano, principalmente por meio de reuniões de telessaúde até cerca de dois meses atrás, quando as consultas presenciais recomeçaram. “Eles estão preocupados, temendo por sua saúde, temendo pela saúde de seus entes queridos e pelas questões financeiras. Pessoas já com depressão sofreram ainda mais porque estão se isolando muito mais. Está apenas aumentando os problemas cada vez mais”, afirmou.

Lucileide disse que seu local de trabalho está contratando mais três terapeutas, num total de 15, para atender um número crescente de pacientes com problemas de saúde mental e comportamental este ano, em conjunto com uma equipe de assistentes sociais que prestam serviços de integração de saúde comportamental por meio de prestadores de cuidados primários aos pacientes. “Estamos enfrentando uma correria muito grande de serviços”, disse ela.

Mas pode haver ainda mais pessoas na área de Brockton precisando de serviços de saúde mental durante este período tumultuado. Cerca de 53 por cento dos adultos nos Estados Unidos relataram que sua saúde mental foi afetada negativamente como resultado da preocupação e do estresse relacionados à pandemia, de acordo com uma pesquisa nacional realizada pela organização sem fins lucrativos Kaiser Family Foundation.

Lucileide disse que um dos fatores que está contribuindo para o aumento da ansiedade de seus pacientes é a incerteza em torno da pandemia, não saber quando ela vai acabar, se haverá outro aumento de casos de COVID-19 ou se uma vacina estará disponível nos próximos meses. “Não podemos planejar as coisas com antecedência”, disse ela. “Esta é uma das razões pelas quais as pessoas mais lutam. Não tenha medo de pedir ajuda”.

Jamie Nelson, 35, mãe de quatro filhos, que sofre de ansiedade e depressão, e é paciente do Brockton Neighbourhood Health Center, disse que percebeu que sua ansiedade “disparou” após a pandemia. “Minha saúde mental realmente cobrou seu preço”, disse ela. “Eu não era capaz de me concentrar em mim mesmo”.

Além da medicação, Jamie disse ter trabalhado com brasileia, sua terapeuta, para encontrar formas de lidar com os sintomas de ansiedade e depressão, como tomar remédios, reservar tempo para si durante o dia, fazer caminhadas e pintar pedras com os filhos.

Lucileide sugeriu que qualquer pessoa que sofra de problemas de saúde mental não diagnosticados ou tratados, consulte seu médico para uma avaliação e um possível encaminhamento para um terapeuta ou psiquiatra.

Outros conselhos que a brasileira dá para lidar com os sintomas da doença mental incluem manter contato com as pessoas, evitar o isolamento, fazer exercícios, dormir bem, praticar a gratidão, a oração, encontrar novas atividades e melhorar suas habilidades.

“Estamos em um momento em que tendemos a nos isolar porque estamos ansiosos e com medo”, disse Lucileide. “Para algumas pessoas, pelo fato de não trabalharem por dois ou três meses durante a pandemia, talvez sua rotina de sono não seja consistente. Apenas tente voltar a essa rotina. Além disso, desafie a si mesmo. Digamos que haja algumas metas que você precisa alcançar. Por exemplo, tenho muitos pacientes que não falam o inglês. Eu recomendo que eles se concentrem em algo, como aprender o idioma, fazer aulas ou até mesmo assistir a um vídeo ou filme para ajudá-lo a aprender algumas palavras novas. Tente fazer coisas que focalizem seus pensamentos de maneira positiva. Tire um tempo para cuidar de si mesmo. Talvez opte por fazer as unhas, cortar seu cabelo, cozinhar uma boa refeição, tome um longo banho. Faça algo por você”, disse.

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Fonte: Redação Brazilian Times