Mas, à medida que a cidade começou a enfrentar outra onda de imigrantes nas últimas semanas, os trabalhadores humanitários dizem que desta vez a história está diferente do passado.
Da redação
A cidade de El Paso, que tem cerca de 680.000 habitantes, é a sexta maior do Texas e faz parte da segunda maior área metropolitana binacional na fronteira dos Estados Unidos com o México (apenas San Diego-Tijuana tem mais pessoas).
Durante anos, os habitantes de El Paso sempre encontravam recursos para alimentar, vestir, abrigar e ajudar aqueles que atravessavam o Rio Grande e precisavam de um lugar para ficar por uma ou duas noites antes de seguir para seu destino em outros lugares do país.
Mas, à medida que a cidade começou a enfrentar outra onda de imigrantes nas últimas semanas, os trabalhadores humanitários dizem que desta vez a história está diferente do passado. “Ficou significativamente mais difícil recrutar os voluntários necessários para operar os locais de hospitalidade para as ONGs”, disse Ruben Garcia, diretor de uma rede de 15 abrigos temporários para imigrantes de El Paso – ou “locais de hospitalidade”, como ele os chama.
Parte do motivo da relutância, de acordo com Garcia, é a preocupação com a COVID-19. Mas ele também sugere que a mudança de atitude se deve em parte a uma mudança na política. “Uma grande campanha de difamação vem acontecendo em nossa cultura de pessoas que são diferentes de nós, ou seja, o refugiado, são perigosos e fazem mal”, exlicou.
A cidade e o condado de El Paso são redutos democratas. Ela é a base do candidato a governador democrata do Texas, Beto O’Rourke. Mas o ex-presidente Donald Trump obteve 31,6% dos votos nesta região em 2020, melhorando seu desempenho em relação a 2016 quando obteve quase 6% dos votos.
El Paso há muito se considera a “Ellis Island” da fronteira sul dos Estados Unidos. Isso devido a quantidade de imigrantes que recebe todos os dias. Na semana passada, mais de 100 requerentes de asilo foram enviados para as ruas da cidade porque as instalações da Patrulha de Fronteira (CBP, sigla em inglês) e abrigos privados estavam lotados.
Ao todo, 119 homens haitianos foram deixados um ponto de ônibus no centro, quando normalmente teriam sido alojados em um dos abrigos de Garcia até que pudessem tomar providências para deixar a cidade.
Os líderes locais tentaram encontrar qualquer maneira possível de expandir o espaço nos abrigos para evitar que os imigrantes vagassem pelas ruas da cidade e anunciaram que declarariam estado de emergência por causa da imigração, mas depois decidiram adiar a decisão.
“As comunidades estão em pânico”, disse o juiz do condado de El Paso, Ricardo Samaniego, ao The Post na semana passada. “Eles sentem que não é mais seguro. El Paso está realmente se desenvolvendo como um lugar para onde você quer vir e o turismo começou a se desenvolver. As pessoas sempre comentaram que não havia sem-teto nas ruas, mas agora a visão é outra”, acrescentou.
Outra questão não menos significativa é que muitos dos imigrantes que cruzam a fronteira na região de El Paso não são como os moradores da cidade, que são principalmente de ascendência mexicana. De acordo com os dados, os imigrantes de hoje são em grande parte do Haiti, Cuba e América do Sul. “Isso fragmenta a comunidade”, disse Samaneigo.
Ele disse que as pessoas perguntam para ele porque está tantas pessoas morando nas ruas. “Eu entendo e a única solução que me apontam é não deixá-las entrarem”, acrescentou. “Os memboros da nossa comunidade pensam que eu tenho poder de dizer: ‘Não vamos aguentar mais isso e dar um basta nesta invasão”, seguiu.
Por enquanto, El Paso tem um pouco mais de tempo para encontrar uma solução para a crise de aglomeração depois que um juiz federal ordenou, na sexta-feira, dia 20, que a política de saúde chamada Título 42 permaneça em vigor.
Esta regra foi usada para negar o acesso de cerca de 1,9 milhão de imigrantes aos Estados Unidos desde o início da pandemia da COVID-19, e autoridades eleitas, policiais e operadores de abrigos alertaram que a sua suspensão significaria um aumento esmagador no número de imigrantes tentando cruzar a fronteira. A cidade e o condado de El Paso esperam indicar um local para servir como abrigo temporário para imigrantes.
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Fonte: Brazilian Times