Michele Toledo: a brasileira que realiza mestrado em Resoluções de Conflitos na UMass

O Brazilian Times constantemente relata histórias de brasileiros incríveis que fazem a…

O Brazilian Times constantemente relata histórias de brasileiros incríveis que fazem a diferença na américa. Na matéria de hoje, vamos dar visibilidade a linda história de  Michele Toledo, uma brasileira que faz mestrado em Resolução de Conflitos da Universidade de Massachusetts de Boston. Sua tese é sobre as mudanças e responsabilidades matrimoniais da mulher brasileira após se mudar para os Estados Unidos.

Ela também é uma das proprietárias da M&M Multilingual Learning Center, uma escola cujo objetivo é dar aulas de inglês para imigrantes e português para os filhos de imigrantes. Durante a pandemia, ela começou a dar aulas voluntárias e hoje possui 8 alunos, nas quais oferece ensino didático de qualidade e voluntariamente.

Para entender mais sobre sua pesquisa e história, nós conversamos diretamente com a pesquisadora. Confira!

BT- Por que você se interessou por esse tema de pesquisa em si?

Michele- Me interessei por este tema porque assim como a maioria das mulheres brasileiras que vivem aqui, me sinto muito sobrecarregada quanto às minhas responsabilidades. É mesmo um grande desafio conseguir manter a casa limpa, as roupas lavadas e passadas, trabalhar fora e ainda participar da criação dos filhos e manter nossa responsabilidade dentro da comunidade em que vivemos.

Tudo na vida é fruto de escolhas que fazemos. Devido ao fato de que normalmente recebemos por hora trabalhada/serviço concluído, somos muitas vezes levados a abraçar oportunidades de emprego de longa carga horária, levando os filhos a crescerem sem a presença materna, falta de lazer entre famílias, promessas quebradas, e perda de confiança. Não digo apenas entre cônjuges, mas também entre laços maternos e filhos.

A criança cresce esperando que em algum momento, a mãe vai passar a fazer parte da vida dele. O cônjuge espera que de alguma forma, a esposa passe a dar mais valor ao casamento do que ao financeiro, os líderes relógio, esperam que de uma forma miraculosa, a mulher entenda que está somado na conta bancária mas perdendo o vínculo familiar. Assim segue a rotina de muitas mulheres.

Ao mesmo tempo, a mulher aqui é rapidamente julgada por homens e por outras mulheres também. Muitas vezes ouvimos comentários como: “Ela já chegou e largou o marido e a família”. Mas o que a levou a isso? Ninguém procura entender.

O processo de adaptação em uma nova cultura já é complexo. Mas, quando você sai de um lugar onde a cultura é extremamente machista e sexista, depois imerge em uma outra onde o feminismo, o relativismo, o sentimento de independência estão embutidos no cotidiano de qualquer residente, vemos que novas portas se abrem na vida da imigrante brasileira e processos complexos e até intimidantes ficam mais acessível.

BT- Você pretende fazer doutorado?

Michele- Sim, pretendo fazer um doutorado. Acredito que será em uma área que envolve a construção de paz.  Meu sonho foi estudar numa universidade. Quando terminei a high school, este sonho parecia estar muito longe da realidade pois meu inglês era muito limitado e ainda não tinha documentos americanos como residente. Mas, não abri mão.

Mesmo grávida aos 18 anos, me tornando mãe solteira, me cadastrei e fui aceita na Bridgewater State University. Na época, trabalhava como garçonete e fazia um tratamento contra o câncer que operei aos 13 anos. Tinha tudo pra dar errado. Mas, a universidade oferecia muito apoio. À medida que eu aprendi mais inglês, decidi me tornar uma professora de inglês, pois me tornei amante da literatura britânica e americana. Já ali, eu amava ler sobre literatura das mulheres do século 18 e 19.

BT- Como está sendo fazer o mestrado?

Michele – Então, depois de me formar na Bridgewater Sate University em 2007 com um bacharel em letras, entrei na UMass Boston, cursando um mestrado em linguística aplicada para ser uma professora de inglês como segunda língua. Na época era apenas noiva do meu esposo. Logo em 2008, ele precisou ir para o Brasil por questões pessoais. Pensávamos que após nos casar, ele entraria facilmente na américa (ele havia vindo ilegalmente, eu o conheci um ano depois que ele já estava aqui).

Este processo imigratório tem se perdurado por 13 anos. O que exigiu que eu fizesse inúmeras viagens ao Brasil para estar ao lado dele. Dessa forma, continuei vivendo uma vida como a única responsável por me manter financeiramente e criar meu filho, embora meu esposo, sempre se fez presente a longa distância. Mas responsabilidades como levar para babá, escola, tarefas escolares, médicos… eu preciso me desdobrar e dar continuidade ao meu estudo.

BT- Mas você conseguiu lidar bem com todas essas tarefas ou ocorreram muitos conflitos? Sua rotina em casa atrapalhou os estudos?

Michele – Apesar de meu histórico acadêmico ter sido impecável e ter recebido muito auxílio financeiro do programa de linguística aplicada, e uma proposta para um PhD em linguística aplicada, não pude me formar porque não passei no exame final. O mestrado deveria ter se completado em 2 anos, eu demorei 7, pois minha vida era viajar pra lá e pra cá.

Nessa trajetória meu menino ia crescendo e também com um lar desestruturado pois a imigração exigia os 10 anos de barreira para meu esposo retornar. Foi quando me mudei para o Brasil em 2014, e vivi ao lado dele por 3 anos. Lá percebi que a cultura da mulher casada no Brasil era muito diferente do que as mulheres aqui vivem.

O lar e a família ainda parecem ser a base mesmo quando elas trabalham fora. Aqui a maior parte das forças e energia da mulher é posta no trabalho. O lar parece se tornar um fardo pesado para muitas. Um novo mestrado em resolução de conflitos, me capacitaria a ajudar outras mulheres a superarem traumas do passado. Foi muito difícil para mim aceitar que não me formei. Minhas notas eram lindas, eu era esforçada. Tinha tudo pra dar certo, mas não deu porque eu dei conta de conciliar as responsabilidades.

BT- Como sua nova pesquisa/tese pode ajudar as mulheres imigrantes?

Michele- A primeira parte em minha proposta de paz, espera poder ensinar as brasileiras, principalmente as recém-chegadas, sobre a realidade do cotidiano de muitas que aqui vivem. Elas vêm pensando que a maior dificuldade que elas enfrentarão será a comunicação em inglês e as saudades dos queridos parentes deixados para trás.

Sim, realmente tudo isso é muito doloroso, mas vemos que o processo na aculturação alivia estes sofrimentos. Mas o que ajuda a manter a família viva é priorizar os relacionamentos internos em primeiro lugar continua. Internos se referem aos de dentro da casa. Infelizmente há uma inversão de valores, e muitas são carinhosas, amáveis e pacientes com os que assinam a folha de pagamento mas não tem mais diálogo com os de dentro de casa. Muitas nem se esforçam para ensinar os filhos a língua portuguesa, afinal de contas isso também exige dedicação e atenção.

Além de servir de advertência, acredito que estes estudos oferecidos em trabalhos para mulheres e casais dentro das comunidades brasileiras, esta pesquisa poderá instruir, mas em maneiras diferentes de como ainda lutar pelo casamento e a família.

BT- Qual o impacto dela para as brasileiras?

Michele- Creio que exemplos de outras mulheres que sobreviveram a momentânea frieza conjugal poderão inspirar outras mulheres a não desistirem. É claro que em trabalhos para casais, os sentimentos expostos na pesquisa, poderão também servir de alerta para os maridos que possivelmente também não estão cientes dos sentimentos sinceros que sua esposa possa estar guardando no coração.

Será interessante mostrar os dados da pesquisa, as teorias de desenvolvimento de conflitos que explicam como os problemas muitas vezes crescem, e através de oportunidades de diálogos abertos entre a minha pessoa, como mediadora, e os cônjuges, possamos identificar o que não tem sido saudável para a família e também tomar novas decisões que possivelmente exigirão renúncias e mudanças de ambas as partes.

Atualmente, Michele está desenvolvendo uma pesquisa acadêmica com o título “Mudanças e responsabilidades matrimoniais da mulher brasileira que vive nos Estados Unidos” que pode ser respondida em 10 minutos, via Google Docs. Se você é mulher e imigrante, clique no link e ajude na pesquisa: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSe6yg8eUj_Q8SpCNt2HER5iHcTrms8hlCszQyOpl3E9IZ-yDw/viewform?embedded=true

Para falar com Michele, tanto sobre sua pesquisa, como também sobre sobre a escola de idiomas, entre em contato: [email protected] ou +1 (508) 468-6527

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Instagram: @mmtoledo1
Facebook: Michele Toledo



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Fonte: Camila Oliveira

Fonte: Brazilian Times