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Bailarina brasileira Ingrid Silva revela episódio de racismo na Philadelphia. “Perguntaram se eu era faxineira”

Ingrid Silva, uma das bailarinas brasileiras mais conceituadas no mundo, relatou um episódio racista que sofreu na última segunda-feira (16/1), durante um passeio com a filha e o marido em um parque na Filadélfia (EUA).

Em longa sequência de vídeos no Instagram, a dançarina explicou que um homem a viu falando português e, por saber o idioma e ter viajado ao Rio de Janeiro, puxou assunto. “Ele falou: ‘Você mora aqui em Philly?’. Eu: ‘Não, eu estou trabalhando aqui, vim para trabalhar’. Ele falou assim: ‘Cleaning?’ Faxineira? Quando ele falou isso, ele me pegou de um jeito assim, um choque. Em 14 anos morando em Nova York, nunca conversei com alguém que verbalizasse que, por eu ser uma mulher preta, estaria limpando”, afirmou ela.

Ingrid Silva

A bailarina clássica prosseguiu o relato: “Olha como o racismo estrutural e a base da pirâmide é louca. Louca não, é tudo estruturado para que as pessoas pretas não tenham oportunidades de crescer ou, quando elas crescem, não são vistas dessa forma”. “‘Dear white people’, pessoas brancas. Estudem, se eduquem, parem de falar essas merdas. A gente está cansado de ouvir essas merdas. Isso é para você ver que mesmo chegando ao patamar que eu cheguei hoje em dia, trabalhando com o que eu trabalho, com tudo o que represento… obviamente ele não sabia quem eu era, mas ninguém é obrigado a saber quem eu sou, mas por eu ser uma mulher preta foi isso que ele associou. Falei para ele: ‘Não, eu sou bailarina clássica’. E a cara dele: ‘Uau!’. Por que eu não poderia ser bailarina clássica?”, prosseguiu Ingrid.

A bailarina Ingrid Silva - Metrópoles

Em seguida, ela deu um recado aos pais brancos que a seguem e pediu que eles revejam a forma como educam os filhos para que atos racistas como este não se repitam no futuro. “Ele não estava se dando conta da merda que estava falando. Tenho certeza de que muitos de vocês também cometem esses erros, e a gente está ‘porraqui’ desses erros. Isso arruinou um pouco do meu dia, virou uma coisa que me tirou o chão. Que saco, até quando?”, desabafou. “Vocês entendem como o racismo é algo tão sutil, mas tão avassalador e escroto, que desestrutura toda uma estrutura. Eu tenho sã consciência de que sou uma mulher preta muito orgulhosa de todas as minhas batalhas e todas as minhas lutas. Minha filha é uma mulher preta que também vai ser orgulhosa de toda a sua jornada e sua caminhada, mas a gente está cansado esse tipo de coisa acontecendo. Cansado!”.

Ingrid Silva, da favela para Nova York | VEJA

Ingrid Silva é bailarina clássica

Fonte: Brazilian Press