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Brasileira viraliza ao mostrar rotina coletando alimentos no lixo em Boston : ‘80% do que consumo

Com mais de duzentos e cinquenta mil seguidores no Instagram e no Facebook, e outros milhares no Youtube, a brasileira Renata Myrelli, 32, moradora de Boston, Massachusetts, vem popularizando o dumpster diving nas mídias sociais. Na tradução ao pé da letra, o termo significa mergulho na lixeira, mas trata-se de um estilo de vida que consiste em retirar do lixo alimentos e outros produtos reaproveitáveis.

Ao AcheiUSA, Renata contou que mora há quatro anos nos Estados Unidos, mas começou a fazer o ‘dumpster ‘ no início de 2022. Segundo a influenciar, 80% do que ela e o marido consomem vem do lixo.  “Eu gastava mais ou menos $400 por mês, hoje gasto $80″, declarou Renata, acrescentando: “Eu só compro coisas que não posso achar. Como sou do Nordeste, de Natal, às vezes quero comer uma comida nordestina, então vou ao mercado brasileiro”.

Revirar o lixo alheio pode soar degradante para algumas pessoas; mas não para a brasileira, que descobriu a prática com os americanos. Ela relatou que começou a se interessar pela modalidade após ver vídeos de itens intactos sendo reaproveitados. ” O pessoal aqui dos EUA, eles encontraram um dumpster cheio de carnes, e aí me despertou o interesse em saber se isso realmente existia, por causa da quantidade de carnes que eles acharam, e tudo lacrado, em ótimo estado”, falou. Ela também se inspirou em conteúdos de cidadãos que revendem objetos novos que foram jogados fora.

A blogueira tem outro trabalho e não sai todos os dias à caça. Na primeira vez, ela diz que sentiu receio, e uma falsa sensação de estar fazendo uma coisa errada, principalmente por não estar no seu país. Hoje, ela se prepara com luvas e segue critérios rigorosos antes de ‘mergulhar’ na lixeira. A data de validade e estado da embalagem são cuidadosamente analisados. No caso de carnes, ela prefere coleta-las no inverno, e evita as que têm cheiro estranho. Já outros itens como bananas e vegetais com cascas são higienizados em uma solução de água com bicarbonato.

Em um dos vídeos compartilhados com seus seguidores no canal Aventuras EUA, ela mostra a rotina de um dia inteiro se alimentando somente de produtos que foram dispensados por alguém. Ela busca reproduzir a ideia de não levar mais do que precisa, a não ser que seja para doar.

Preconceito da Comunidade

A repercussão dos vídeos postados em seus canais indicam um alto interessa das pessoas em acompanhar conteúdos sobre ‘dumpster diving’. Entretanto, a potiguar diz que também recebe muitas críticas da comunidade, que consideram “nojento e desnecessário”, o que ela faz. “Algumas pessoas falam que têm nojo ou que é mentira, que estou inventando”, contou.

Um blogueiro conhecido dos brasileiros em Boston, segundo ela, chegou a fazer um vídeo a “ridicularizando”, e questionando a veracidade dos achados publicados na internet. “Teve gente que simplesmente parou de falar com a gente, perdemos amigos”, lembrou.

Ela acredita que rejeição faz com que outros conterrâneos que também adotaram a prática, prefiram não revelar. “Existe sim um preconceito muito grande de brasileiros. Mas hoje em dia eu ignoro, não é por comentários de um ou de outro que vou deixar de fazer”, finalizou.

O dumpster diving é praticado mais em países desenvolvidos que em países pobres, e muitos dos seus adeptos não o fazem especificamente por dificuldades financeiras ou situação de miséria, mas como um contraponto à cultura do desperdício. Dessa maneira eles encontram uma forma de sobreviver gastando menos, e reduzindo a sobrecarga do planeta com produção de alimentos e outros itens de consumo.

Fonte: AcheiUSA