Brasileiros têm graduação no exterior ameaçada por pandemia de Covid-19

O sonho de estudar no exterior se transformou em motivo de preocupação para muitos brasileiros durante a pandemia de Covid-19. Com o início do ano letivo no Hemisfério Norte previsto para setembro, muitos jovens se viram “presos” no Brasil sem poder entrar nos Estados Unidos e outros países que fecharam suas fronteiras às nações mais atingidas pelo coronavírus. Além disso, muitos estudantes aceitos em universidades na Europa estão impedidos de solicitar o visto nos consulados e embaixadas, que ainda estão em quarentena.

Desde o fim de maio, os Estados Unidos proíbem a entrada de brasileiros em seu território. O governo de Donald Trump também restringiu a emissão de vistos para estrangeiros, visando a impedir a propagação do vírus. Washington, contudo, abriu exceções para estudantes da União Europeia.

Atualmente, Brasília negocia a possibilidade de os alunos brasileiros também serem isentos da regra. “Estamos olhando para isso muito de perto. Estamos cuidando de todos eles”, afirmou o presidente Donald Trump na última segunda-feira 17 ao ser questionado sobre a possibilidade. O Brasil é o 10º país que mais envia jovens para cursar universidade em território americano.

A catarinense Thaina Hu criou, ao lado de outros estudantes, uma página nas redes sociais para pedir ajuda ao governo brasileiro e às autoridades americanas. Intitulado de “We the foreigners”, ou “Nós, os estrangeiros” em tradução literal para o português, o grupo de 147 membros advoga pela assinatura de um acordo o mais rápido possível e criou uma petição online que já tem mais de 89.000 assinaturas.

“Procuramos a Embaixada brasileira em Washington e a Embaixada americana em Brasília e tudo que recebemos foram mensagens padrão dizendo que não poderiam nos ajudar”, diz Thaina, que também entrou em contato com o Itamaraty, mas não obteve resposta.

No fim de julho, o serviço de imigração e controle de aduanas americano (ICE) afirmou que novos estudantes estrangeiros cujas aulas fossem exclusivamente online não poderiam entrar no país. As universidades com sistemas mistos, porém, poderiam liberar a entrada dos imigrantes, desde que não estivessem na lista de nacionalidades barradas.

A embaixada e os consulados americanos no Brasil estão fechados desde o início da pandemia e todas as solicitações de visto suspensas, sem previsão de retorno.

Já os brasileiros que já possuem visto e apenas desejam retornar aos Estados Unidos, há a possibilidade de fazer uma quarentena de 15 dias em um país isento das medidas de restrição da imigração americana, como México e Reino Unido.

Em nota, a assessoria de imprensa da Embaixada dos Estados Unidos em Brasília afirmou que está levando muito a sério a situação dos estudantes brasileiros.

As representações diplomáticas americanas não são as únicas que trabalham em regime de exceção no Brasil. Diversas embaixadas e consulados europeus também estão fechados ou com atendimento limitado.

No Brasil, todo o procedimento de vistos para o Reino Unido, incluindo de estudantes, é operado pela empresa VFS Global. A companhia fechou temporariamente seus escritórios no Rio de Janeiro e São Paulo e os brasileiros em busca de documentação foram deixados sem alternativas.

Fonte: Brazilian Press