Caxias do Sul: 9 dicas de atrações e restaurantes imperdíveis na maior cidade da Serra Gaúcha

Caxias do Sul é a segunda maior cidade gaúcha, palco de eventos de negócios e da imensa Festa da Uva. Se por um lado dá pinta de metrópole, com trânsito pesado e alguns dos maiores edifícios do Rio Grande do Sul, o município também preserva estradas silenciosas, que cortam morros cobertos por parreirais.

A localização é um ponto forte, no alto da Serra Gaúcha, perto do Vale dos Vinhedos e da Região das Hortênsias. É verdade que alguns dos pontos turísticos carecem de manutenção e investimento, mas a cidade ainda pode surpreender, tanto os visitantes quanto os moradores. Listamos nove exemplos disso:

1 – Veja Caxias do Sul do alto, como Cristo

Foto: Jéssica Weber/Melhores Destinos

Ele está lá em cima, vigiando tudo e todos em Caxias do Sul. Digo literalmente mesmo: o monumento Jesus Terceiro Milênio fica em cima do morro do Parque de Exposições Mário Bernardino Ramos, espaço conhecido como pavilhões da Festa da Uva.

O que nem todo mundo sabe é que existe um mirante junto à escultura, com uma das mais belas vistas de Caxias, de 180 graus. O acesso se dá pelo parque mesmo, e não há cobrança de ingresso.

Eu só vou ficar devendo a explicação de por que Cristo foi retratado tão pescoçudo. Pesquisei, juro, e não achei explicação – será que sou só eu que acho curioso? O monumento foi feito pelo artista plástico caxiense Bruno Segalia (1922 – 2001), a quem a obra “fazia lembrar mudanças e equilíbrio”.

2 – Visite uma vinícola em Caxias do Sul

Se Gramado e Canela foram construídas por imigrantes alemães, Caxias do Sul fica na parte da Serra colonizada por italianos. Sabe o que isso quer dizer né? Vinho, muito vinho, para todos os bolsos e gostos.

A Cantina Tonet é uma vinícola que fica perto da região central, na Linha 40 – dá até para ir de transporte por aplicativo para poder beber. O começo dela remete a 1897, quando a Família Tonet chegou ao Brasil trazendo da Itália a tradição e o carinho no cultivo de videiras e na elaboração de vinhos. Já estão na quarta geração da vinícola.

O lugar é lindo, cercado por parreirais, galos e roseiras, onde além de comprar vinho, dá para fazer a visita guiada (valores e agendamento neste link). Ela começa nas videiras, onde se fala sobre métodos de cultivo e variedades, passando pelos tanques de fermentação, pela cave onde se faz o envelhecimento de umas 20 mil garrafas, terminando com a degustação.

Cava da vinícola Tonet

Outro lugar onde dá para beber direto da fonte é na Vinícola Grutinha, que faz os vinhos Tradição na Terceira Légua. Ali a visitação (gratuita, mas necessário agendamento) começa 130 anos no passado, com a visita a uma charmosa igrejinha centenária de pedra chamada Igreja Sacro Cuore di Gesú e Maria.

A loja vende tanto o velho e bom garrafão, que o gringo ama, quanto garrafas de vinho fino (também um vinho bem acessível), sucos de uva e até graspa, que é tipo uma cachaça feita com o bagaço do vinho. Experimentei ali mesmo, um copinho generoso que desceu queimado até o estômago, em plena 8h30 da manhã. O dia começou bem.

Se você estiver com carro e tempo, vale muito a pena estender o passeio para as cidades vizinhas Farroupilha e Bento Gonçalves, onde se situam vinícolas mais renomadas, como a Casa Perini e a Casa Valduga. Leia mais sobre as vinicolas no Vale dos Vinhedos.

3 – Conheça uma gruta escondida

Foto: Jéssica Weber/Melhores Destinos

Pouco mais de um quilômetro depois da fábrica da Tradição, seguindo por uma ramificação da Estrada do Imigrante na Terceira Légua – tão pacata que os cachorros sesteiam sossegados no meio da rua -, você depara com um pórtico de acesso `a Gruta Nossa Senhora de Lourdes em Caxias do Sul.

É preciso estacionar o carro e descer 150 degraus para chegar nela – não fui eu que contei, estava em uma placa relacionando a um rosário ou três terços. No meio do caminho, tem um mirante com uma cruz e a vista para uma cascata de 40 metros de altura.

A gruta é um grande abrigo numa rocha de basalto, descoberto por moradores da Terceira Légua que ali inauguraram uma capela em 1949. Uma dúzia de bancos extensos de madeira foi instalada, em duas fileiras, voltada em direção à imagem de Nossa Senhora de Lourdes. Do lado dela, um filete de água gelada escorre pela rocha. Até mesmo eu, que sou agnóstica, senti que é um lugar abençoado.

A capela está ativa, ocorrem missas na gruta no segundo domingo de cada mês.

Dali também desce uma trilha para a cascata – mas tome cuidado, porque pode ter pedras soltas e trechos escorregadios. E a gruta também é conhecida como um ponto incrível para escalada e rapel, possui mais de 40 vias de acesso para os aventureiros.

4 – Coma o xis mais rock’n roll

Foto: Jéssica Weber/Melhores Destinos

Sinto que preciso explicar para quem não é gaúcho: xis não é só um lanche, é coisa séria no Estado. Esse tipo de hambúrguer mais achatado, normalmente prensado, é um patrimônio gastronômico do Estado, e rola uma peleia séria entre algumas cidades que reivindicam o título de maior especialista. Canoas, na Região Metropolitana, é uma, Pelotas, no Sul, tenta cavar espaço, e os caxienses acham que nem tem o que discutir.

A favor deles, conta a icônica Jaime Rocha, no centro de Caxias do Sul. A hamburgueria é conhecida pelo xis ridiculamente grande – é difícil até de morder. Se não fosse motivo o suficiente para conhecer, o ambiente exala rock’n roll.

Tem guitarras e quadros dos Rolling Stones, do Elvis, do Pink Floyd preenchendo cada pedacinho branco de parede e do teto. Mas o que mais chama atenção é a Harley-Davidson pendurada sobre a cabeça dos clientes.

Outros dois xis que dão orgulho para os caxienses são o Juventus e o da Gringa, que existe desde 1975 e se vende no próprio site como “o xizón mais gostoso que é a cara de Cassias” – suponho que é para ler com sotaque italiano.

5 – Coma morangos de bem com a vida

Quando eu abri a porta de madeira antiga, curiosamente instalada ao ar livre, no meio de folhagens e pés de flores, não encontrei ninguém. Resolvi seguir o som de uma música, Age of Aquarius, aquela do musical Hair, sabe?!, e cheguei em uma estufa de moranguinhos. Sim, os morangos são cultivados entre caixas de música com música para se desenvolverem mais felizes.

O Barlavento, também conhecido como Morangos Hidropônicos (técnica de cultivo direto na água) é um lugar super hippie, e eu adorei cada pedacinho. Bem como a venda de morangos sem veneno e produtos artesanais, o restaurante fica do lado das estufas, você come olhando ou para elas, ou para o jardim mega colorido – “Strawberry fields forevar” está escrito junto a um dos bancos para relaxar.

A temática, na parte de dentro, é náutica, tem boias pendendo do teto, âncoras e até um barco de cabeça para baixo. Nas paredes, estão pregadas reflexões motivacionais impressas em folhas de ofício (coisas tipo “se fizessem um filme da sua vida alguém compraria o bilhete?” e “Não saia do Porto se as nuvens não correm com o vento”), além de algumas piadas e cantadas intensas (gostei de “Cuanto tiempo te quedaras conmigo? Preparo café o preparo mi vida?”).

Eu experimentei a tortinha de legumes com homus de almoço, coisa leve para deixar espaço para a taça Vento Sul, de sorvete ao forno (o merengue fica levemente tostadinho em cima), frutas e licor de morango, meio caro, mas gostoso. Isso com um copão de suco de morangos felizes.

6 – Fuja de um fantasma

Sala “Febre” do Xeque-Mate. Foto: Jéssica Weber/Melhores Destinos

Alguém tranca a porta atrás de você, e um cronômetro na parede dispara. Esse quartinho de mobiliário enxuto aí da foto esconde umas duas dezenas de códigos, cadeados e charadas, e você tem 60 minutos para descobrir todos e sair do local.

É assim que funciona um escape game, brincadeira promovida pela Xeque-Mate, aberta há cinco anos por dois irmãos em uma casa do bairro Cinquentenário.

Você pode escolher entre três escape rooms com temáticas diferentes, um numa pegada mais hospital sinistro, outra policial, e essa que eu conheci, de um quarto de hotel abandonado. Escolhi ela por causa do briefing ambientado na cidade: “Era 1960 quando o escritor Pedro Tavares desapareceu no quarto 671 do Hotel Perola, em Caxias do Sul. O caso gerou alguma repercussão na época, mas a única coisa que se descobriu é que Pedro escrevia um livro-relato, contando fatos reais e que delatariam diversas pessoas de sua cidade, a longínqua Porto Tempestade. Ninguém conseguiu resolver o caso e foi arquivado. Meses depois, surgiram boatos de que o hotel estava sendo assombrado pelo escritor e assim, faliu”.

Como não dá para jogar sozinho, eu convidei minha irmã e meu cunhado caxiense (que não conhecia nem o escape game, nem o Jaime Rocha, veja que desertor). Nossa missão era entrar no quarto do Pérola e descobrir o que aconteceu com o Pedro antes de sermos pegos pelo espírito dele – o que não acontece de verdade, é sempre bom explicitar. Mas achei a promessa engraçada, consigo até imaginar o fantasma tão fulo com nossa inaptidão do jogo, querendo invadir o quarto para nos dar uns sopapos.

Eis que, com algumas dicas sopradas do além por uma caixa de som (a monitora assiste e ouve tudo que acontece do lado de fora, por uma câmera), a gente desvenda o mistério todo, e minha irmã dá um berro tão alto que o namorado deve estar surdo até hoje.

É preciso realizar agendamento prévio por este link.

7 – Coma galeto, polenta e sagu

Galeteria Alvorada. Foto: Jéssica Weber/ Melhores Destinos

Esse item já deveria estar subentendido em uma viagem a Caxias do Sul, mas eu faço questão de falar. A herança italiana está bem marcada na mesa de restaurantes, galeterias e mesmo de churrascarias como a tradicionalíssima Imperador, que serve rodízio desde 1970.

Radicci com bacon, salada de batata e massa com molho vermelho são outros pratos comuns a esses lugares, e o Famiglia Gelain é conhecido também pelo tortéi. A gente não conseguiu ir porque fecha cedo, às 13h15 já não recebe mais gente.

Essa mesa farta aí da foto é na Galeteria Alvorada, lugar de decoração bem simples e comida boa, servida super rápido. Destaque para a polenta frita recheada com queijo e para o sagu de vinho com creme, sou f˜a.

8 – Faça uma visitinha ao passado

Há uma casa de pedra na Avenida Rubem Bento Alves que parece ter muita história, as pedras cinzas, assentadas e rejuntadas com barro, as aberturas em madeira de pinho. E, de fato, tem: foi construída em 1879 por uma família de agricultores, já foi matadouro, hospedaria e até escola. Hoje é o Museu de Ambiência, ambientado como uma casa de colonos italianos do século 19, com objetos antigos doados à prefeitura.

A visita é gratuita e guiada por uma funcionária municipal. Você começa pela cozinha, onde tem coisas como uma prensa para fazer torresmo, as ferramentas para trabalhar na roça e um fogolar, o avô do fogão, construído com tábuas ou tijolos, com um buraco onde se colocava lenha para atear o fogo. A panela ficava pendurada no teto com uma corrente.

No segundo piso, de madeira, fica o quarto com duas camas de casal de colchão de palha, um berço de madeira – pelo qual, segundo a família que doou, passaram 15 bebês. Você pode estranhar que não tem banheiro, mas não é erro do arquiteto: ele era construído fora das casas até pela década de 1950. Um penico do lado da cama dá pista de como eles lidavam com as emergências no meio da noite.

A janela tem vista para um pequeno parreiral plantado em plena região central da cidade, para ajudar a dar o clima. Se não fosse o barulho dos carros, eu esqueceria que estou na Caxias de 2022.

Outra viagem ao tempo rola junto aos já citados Pavilhões da Festa da Uva. Ali existe uma réplica de Caxias do Sul de 1885, com várias casinhas de madeira enfileiradas, até chegar em uma igrejinha e um coreto.

Esse pequeno vilarejo reproduz a Avenida Júlio de Castilhos e a Rua Doutor Montaury daquela época. Um dos prédios é ocupado pela Secretaria do Turismo, outro pela associação de artesanato, que abre de sexta a domingo, durante a tarde, e em dias de evento, e outro pelo o Mississippi Delta Blues Bar, que abre de terça a sábado, após as 18:30.

A visitação externa é gratuita (a não ser quando tem algum evento no parque).

Réplica da Caxias de 1885. Foto: Jéssica Weber/Melhores Destinos

 9 – Faça um piquenique no meio de Caxias do Sul

Parque dos Macaquinhos. Foto: Samuel Maciel

Tem dois parques muito populares no meio de Caxias, que são um respiro verde no meio da cidade: o Cinquentenário, que fica no bairro de mesmo nome, tem vias pavimentadas para caminhadas, playground e quadras de areia, e o Getúlio Vargas, muito mais conhecido como Parque dos Macaquinhos, também bem arborizado e propício para levar toalha, cesta de piquenique e algumas gostosuras. 

O pessoal também procura muito o Jardim Botânico, no bairro Saint Etienne, para pegar um solzinho no gramado ao lado da represa que tem ali, ou fazer caminhadas no meio do verde. Só que ele não está bem conservado, tem boa parte dos equipamentos quebrados, banheiros sujos e, eu que fui durante a semana, também não me senti segura ali.

Outras informações úteis

Rodoviária de Caxias do Sul

A Estação Rodoviária Caxias do Sul fica na Rua Ernesto Alves, 1341, no Centro. De lá chegam e partem ônibus para praticamente todas as localidades do Estado, e também as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Conta com estacionamento, guarda-volumes, estacionamento e outros serviços, além da venda de passagens. O telefone para mais informações é (54) 3218-3000, e aqui você acessa o site oficial, onde dá para conferir horário de ônibus e comprar passagens antecipadamente.

Aeroporto de Caxias do Sul

O Aeroporto Regional Hugo Cantergiani (CXJ/SBCX) é o terminal aeroportuário recebe voos das companhias Gol, Latam e Azul, além de aviação regular de cargas e executiva. Mesmo pequeninho, ele tem algumas lojas, lanchonete, salão para observação do pátio de aeronaves, dois saguões de embarque e desembarque e estacionamento. Fica na Avenida Salgado Filho, 3451, e dá para tirar dúvidas pelo fone (54) 3213-4014. 

Hotel em Caxias do Sul

Muito em razão do turismo de negócios, a cidade tem muitas opções de hotéis, daqueles bem padrão business.

O Blue Tree Towers tem quartos amplos, com mesa e cadeira de escritório para trabalhar com mais conforto; o Swan tem boa localização, no Centro da cidade; e tem também hotel Ibis, que é uma rede amplamente conhecida no país. O Intercity fica a 50 metros do Shopping Villagio Caxias (antigo Iguatemi) e tem business center.

Para quem quer algo no meio da natureza, tem o Sky Samura, no Desvio Rizzo, que tem até quadras de vôlei e tênis.

Cinema em Caxias do Sul

Tem GNC Cinemas no Shopping Villagio, você acessa a programação atualizada neste link. Uma dica é que tem promoção no ingresso às terças e quartas-feiras.

No shopping Bourbon San Pelegrino, tem salas do Cinépolis, acesse aqui a programação.

Clima em Caxias do Sul

Como em toda a Serra Gaúcha, as estações são bem marcadas em Caxias do Sul: temperatura passa com facilidade dos 30 graus no verão, e é comum ter geada, tamanho o frio no inverno – recentemente, andou até nevando. Na primavera e no outono, a amplitude térmica costuma ser grande, então se prepare para o que chamamos de “efeito cebola”, você sai todo encasacado de manhã cedo e vai desmanchando o look ao longo do dia.

Pode chover em todos os períodos do ano, e outra coisa a se destacar é o vento: é uma cidade alta, tem pontos onde o vento é forte demais.

Fonte: Melhores Destinos