Coronavírus: Portugal e Europa fecham o cerco novamente

A pandemia em Portugal: medidas mais restritivas de volta

A pandemia em Portugal: medidas mais restritivas de volta (Bruno Barata/Reprodução)

Não dá para dizer que não era o esperado. Mas depois de um longo e destemido verão, onde os números estiveram mais comedidos e as altas temperaturas mandaram todo mundo para a rua e os ambientes ao ar livre, a situação começa a mudar. A Europa é agora lembrada a força de que, afinal, a pandemia não acabou (embora o comportamento de muita gente desse indícios do contrário).

No dia em que Portugal registra o maior número de casos diários de sempre (2.072, sendo que durante o lockdown o recorde tinha sido batido num longínquo 10 de abril, com 1.516 casos), o governo português acaba de decretar estado de calamidade em todo o país.

Mas o que isso significa, na prática? Que o cerco começa a fechar novamente, uma vez que a evolução da pandemia em Portugal “é grave”, segundo avaliação feita pelo primeiro-ministro António Costa hoje. Embora o governo descarte um novo lockdown, as medidas estão cada vez mais rigorosas. A partir de agora, por exemplo, só é permitida a reunião de no máximo cinco pessoas – seja na rua, seja na praia, seja em restaurante. 

As multas para quem descumprir as regras também estão mais altas: os estabelecimentos que não respeitarem o limite de lotação ou o distanciamento social pagarão multas de € 10 mil. Haverá reforço na fiscalização. Mas as principais medidas ainda estão por vir: está em processo de aprovação na Assembléia o uso obrigatório de máscaras nas ruas e a obrigação de aderir ao aplicativo do governo que monitora os casos de COVID-19 no trabalho. Aguardemos.

No resto da Europa, a situação aponta na mesma direção. Paris anunciou recentemente o fechamento de bares e cafés; uso de máscara na rua já é obrigatório há semanas; e a cidade estuda um toque de recolher para breve, que pode ser tão cedo quanto 20h. Um pronunciamento recente na Itália também determinou o uso obrigatório de máscaras na rua, obrigou os restaurantes a fecharem à meia-noite e limitou a reunião de pessoas que não são do mesmo núcleo familiar a um máximo de seis, mesmo em casas particulares. Ná Bélgica este limite é ainda menor: três.

A República Tcheca também anunciou novas regras no começo da semana. Depois de ter fechado academias e piscinas de uso comum, nos últimos dias, agora foi a vez das escolas, bares e restaurantes. E a venda de bebidas alcóolicas em lugares públicos está terminantemente proibida. 

Depois do decreto do estado de emergência em Madri, permitindo apenas os deslocamentos essenciais e novas regras de funcionamento a hotéis e restaurantes (com lotação reduzida a 50% e horário de encerramento às 23h), hoje foi a vez da Catalunha anunciar medidas ultra restritivas: bares e restaurantes serão encerrados por pelo menos 15 dias, a ocupação máxima dos estabelecimentos comerciais está reduzida a 30%, as competições esportivas estão suspensas, as academias só podem funcionar a 50% da capacidade e as empresas e universidades estão sendo estimuladas a funcionarem à distância.

Por enquanto não se fala em fechamento das fronteiras internas na União Europeia, mas o bloco estuda a adoção de medidas únicas comuns entre todos os países-membro no que diz respeito ao deslocamento de pessoas entre eles, uma vez que as regras estão muito diferentes de região para região. Até agora o que se sabe é que haverá um sistema de classificação com base nos números oficiais, onde cada país terá uma cor, como um semáforo (e cada cor corresponderá a um pacote de medidas).

A maior parte dos países nega a possibilidade de um novo confinamento como se viu no primeiro semestre; mas alguns já admitem que se for preciso o farão. Portugal já anunciou que a economia não resistiria e que as escolas não vão parar – embora muitas classes isoladas em escolas por todo o país já tenham decretado o confinamento dos alunos e familiares por duas semanas em virtude de algum caso positivo na turma. 

É fato: já sabemos mais sobre o vírus, mas também sabemos como toda e qualquer declaração é apenas uma hipótese. Por aqui, o governo apela sobretudo ao bom senso individual para frear a situação – algo que não vinha sendo exatamente praticado em massa dos lados de cá. Pelo visto o turismo pelo continente ainda tem um longo caminho pela frente… 

Fonte: Viagem e Turismo