Estive ontem no teatro para assistir a Pós-F. que estreou no último sábado. Estive no teatro desse
jeito novo de se ir ao teatro, meio de pijama, em casa, diante do computador. Ainda assim, fez
sentido para mim parar para ouvir o texto de Fernanda Young dirigido por Mika Lins e interpretado
por Maria Ribeiro.

Fez sentido porque o texto é bom. Fernanda era uma mulher que sempre me intrigou, gosto da sua
produção, da maneira como se posicionava diante do todo dia da vida. Fez sentido porque a atuação
é também boa, e Maria Ribeiro, como Fernanda – mas de uma outro jeito completamente diferente
– também me interessa. Direção, direção de arte, trilha sonora e fotografia estavam igualmente no
ponto. E por no ponto não digo como eu esperava, porque teatro quando atinge expectativas está,
para mim, fora do ponto. Pós-F. tem o ponto do susto.

Agora, fazer sentido é diferente de fazer bem, certo? Gostei muito de ter visto e indico com força,
mas dormi tão mal essa noite. Fiquei tão angustiada. E essa é a exata razão pela qual indico que
vocês, como eu, apostem na experiência desse teatro novo. Se movimenta é porque vale a pena.

Semana passada, estive na reunião de pais da escola de minhas filhas – e de novo, de pijama, aqui
dentro de casa. O coordenador da Lalá, minha mais velha, comentava sobre a falta que os trajetos de
casa até a escola e da escola pra casa, fazem no dia a dia dos alunos. Penso mesmo sobre meus
analisandos, o sair para e do consultório, têm um papel importantíssimo no andamento da análise.
É tempo tanto de preparar-se quanto de pensar sobre o que se deu ali.

Os toques da sala de teatro que anunciam a proximidade da sessão, o sair de casa, desligar o
telefone, a possibilidade de estar num lugar outro, tanto externo quanto interno são mais do que
importantes, são necessários. Eu estava aqui jantando e pá lá vem Fernanda; estava com ela e pá
acabou. É muito. Uma vivência que se interrompe de forma brusca demais. Um corte duro de
suportar. Em um dos trechos do livro que deu origem à peça, ela diz que morreu durante a doença
do marido e que era agora outra. Que lutou muito para construir aquela que morreu, embora
gostasse da nova que tinha nascido. Puxa vida. Que punk saber que a recém nascida viveu tão
pouco. Que punk deitar para dormir com essa fala… A vida é trajeto. Assistam. Faz sentido. Boa
semana queridos.

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Fonte: Gazeta News