Estudante e atleta brasileira vive um sonho em Atlanta

A rotina de estudar e jogar vôlei universitário nos EUA requer muita dedicação, talento e, claro, paixão pelo que faz. É o caso da carioca Paola Pimentel, ex-Miami Dade College, pelo qual estudou e jogou por dois anos, e atualmente defende as cores da Georgia Tech, em Atlanta.

Para a filha única de Mônica Cascardo e Wilson Pimentel, o início nas duas faculdades foi bem corrido, já que ela chegou no fall, que é a temporada do vôlei americano. Mas, em pouco tempo, Paola já se acostumou com o cotidiano do novo time:

“Por ser meu terceiro ano, dessa vez foi mais fácil de me adaptar, pois já sabia como funcionava a rotina, por mais que agora seja uma faculdade que joga NCAA Divisão 1 (principal liga americana universitária), que é muito mais forte. E foi mais fácil por eu já ter experiência no vôlei e na cultura americana e, também, por ter técnicos brasileiros e companheiras brasileiras que já conhecia antes”, compara Paola.

“Sair de um Junior College para uma faculdade tão reconhecida como a Georgia Tech, realmente, é assustador no início. Mas, como minha adaptação foi muito rápida, já me sinto em casa e muito confortável com a minha nova rotina em Atlanta”, acrescenta a brasileira, de 20 anos.

Atualmente, a Georgia Tech ocupa a 13ª colocação na liga, com 15 vitórias em 18 partidas.

“Desde 2019 a equipe vem quebrando recordes e atuando brilhantemente entre as melhores equipes. Menos de três anos atrás o time estava muito abaixo do ranking #100”, recorda a líbero.

De acordo com a brasileira, o objetivo final é estar no topo da conferência (ACC) e garantir vaga para o torneio nacional, que reúne os melhores do país.
“A Georgia Tech é uma das melhores faculdades do país e está, também, entre as 10 melhores no programa de Business Administration, que é a carreira que eu escolhi fazer aqui”, comenta Paola, reconhecendo ser difícil conciliar os estudos em um nível tão alto com muitas viagens.

“Temos aula durante a manhã e treinamos das 3(pm) às 7(pm), todos os dias, cada atleta precisa estar registrada em, no mínimo, 4 aulas diferentes. Isso porque existe um mínimo de 12 créditos que as atletas necessitam para serem aptas a jogar na NCAA. A rotina de cada uma varia de acordo com seu “ano” (Freshman, Sophomore, Junior ou Senior) e com o “Major” que cada uma elegeu”.

Início na infância

Paola começou no vôlei aos 7 anos, no Clube Monte Sinai, na Tijuca, após acompanhar o pai e familiares nos jogos com os amigos aos finais de semana. No Brasil, a atleta chegou a jogar pelo Flamengo e foi convocada, em 2017, para a seleção nacional sub-17.

Naquele mesmo ano, a filha de Wilson e de Mônica foi campeã mundial escolar de vôlei de praia, quando defendeu as cores do CEL Intercultural School, no Rio de Janeiro, onde estudou por cinco anos. A líbero guarda com muito carinho as lembranças daquele feito: “Foi inacreditável e inesquecível ao mesmo tempo. Tenho certeza que foi um campeonato marcante na vida de todos que participaram. Para mim, em especial, porque era o título que eu ainda não tinha pelo colégio. E, em 2017, completei a minha trajetória esportiva no CEL com um título mundial, que foi muito especial. Também fui campeã estadual, brasileira, sul-americana e mundial pelo colégio, que era algo que eu não esperava ser em tão pouco tempo”, relembra.

No colégio, aliás, a atleta, que tem Fabi e Serginho como ídolos, colecionou muito mais do que vitórias: “Vivi os melhores anos da minha infância no CEL, turmas inesquecíveis e muitas memórias de campeonatos que participei durante 5 anos. Na adolescência, obviamente, eu queria aproveitar meu tempo livre à parte do vôlei. E, no CEL, eu tinha os dois, amigos atletas e também a vida acadêmica de uma aluna normal”, recorda.

Diferença entre Miami e Atlanta

Voltando aos dias atuais, Paola ainda não encontrou tempo para conhecer Atlanta. Mas está feliz por morar perto dos principais pontos turísticos da cidade, como o World of Coca Cola, Centennial Olympic Park, Piedmont Park, o Aquário de Georgia, Six Flags, entre outros.

“Um fato muito interessante é que as Olimpíadas de 1996, em Atlanta, foram, literalmente, no campus da minha faculdade e moramos exatamente onde foi a Vila Olímpica”

“A maior diferença entre Miami e Atlanta acredito ser o clima, ainda que não seja inverno aqui. Mas, normalmente, costuma ser bem mais frio que no Sul da Florida. Ambas são cidades grandes (algo que contou muito para mim na minha escolha) e, por mais que em Atlanta tenham muitos brasileiros e latinos, não se compara com a quantidade de Miami. Talvez esse esteja sendo o maior desafio para mim, pois já havia me acostumado com a cultura e o idioma”.

Saudade da família

“A parte mais difícil é sempre mencionar a família, a saudade está muito grande, mas ao mesmo tempo, minha felicidade aqui compensa qualquer distância e eles sabem disso. Procuro manter sempre o contato, nem que seja uma vez por dia, e fazemos uma chamada por Facetime para aguentar e contar como foi o dia. Para mim, falar com minha família é algo fundamental para manter meu foco aqui e seguir em frente, porque muitas vezes é complicado passar por todas as situações aqui sozinha e longe de casa. Mas o conforto que eles me passam na voz já me tranquiliza e me incentiva a continuar, pois sei que estou no caminho certo. No geral, posso dizer sim que foi uma mudança drástica sair de Miami para Atlanta, mas me encantou ter essa oportunidade, pois vejo o quanto cresci e o quanto essa experiência me agrega a cada dia. Estou vivendo um sonho!”

Fonte: Brazilian Press