Ex-agente do ICE enfrenta acusações de fraude e malversação de fundos do sindicato local de empregados governamentais

A Promotoria Federal acusa de fraude e falsas declarações a um ex-agente do Serviço de Alfândega e Imigração (ICE). Ele gastou o dinheiro das cotas em “viagens de luxo” e na empresa de serviços imigratórios de sua esposa, de acordo com a acusação.

O trabalho de Félix Luciano e de sua esposa Athenea Luciano eram antagônicos. Ele era um agente do ICE que se dedicava a perseguir indocumentados para deportá-los, enquanto ela tinha um escritório que oferecia serviços para que eles obtivessem um status legal.

“Deixe de viver nas sombras… Serviços que mantêm sua família unida”, era assim como se promovia o negócio de Luciano, chamado de Immigration Solutions USA, com escritório na cidade de San Marcos, Califórnia.

O casal agora está no centro de um escândalo por suposta fraude. Félix Luciano, de 60 anos, foi acusado de uma suposta malversação de milhares de dólares como presidente da Federação Americana de Empregados Governamentais (AFGE) Local 2805, sindicato que representa os empregados do ICE nos condados de San Diego e Imperial, na fronteira com o México.

De 2011 a 2018, Luciano estava na unidade de captura de indocumentados, conhecida como ERO, enquanto dirigia a Local 2805. Uma de suas tarefas era manter a “integridade fiscal” de seu grupo, mas usou as cotas sindicais “para enriquecer-se e pagar os gastos pessoais para ele e sua esposa”, frisa a acusação submetida no Distrito Sul da Califórnia da Promotoria Federal.

O governo alega que ele desviou fundos de dezembro de 2013 a 7 de janeiro de 2019, embora tenha se aposentado no final de 2018, ao realizar uma auditoria no sindicato por parte do Departamento de Normas Trabalhistas e Empresariais (OLMS) do Departamento do Trabalho.

Os investigadores afirmam que o ex-agente imigratório usou os cartões de débito e de crédito da Local 2805 para pagar gastos pessoais e movimentar cheques em seu nome em uma conta do banco Cabrillo Credit Union.

Estas transações beneficiaram ele e sua esposa, “diretamente ou através de sua empresa, Immigration Solutions USA”, detalham documentos judiciais.

A acusação cita um desembolso de mais de 400 dólares no hotel Hilton Grand Vacations de Las Vegas, Nevada, em 25 de junho de 2018; e um cheque de 576 dólares depositado na conta bancária de Luciano.

Para ocultar o desfalque, ele apresentou relatórios financeiros falsos. Por exemplo, em 2017 indicou falsamente que a organização lhe havia entregue direta ou indiretamente 3,068 dólares, quando na realidade o valor correto era mais de 20 mil dólares, de acordo com o governo.

Athenea Luciano foi agente do Escritório de Alfândega e Proteção Fronteiriça (CBP) e há alguns anos abriu seu próprio negócio de serviços legais imigratórios. Começou em sua casa e mais tarde abriu um local em um plaza comercial na Nordahl Road. Ela recebeu em 2016 o prêmio “Empresária do Ano do condado de San Diego”.

De acordo com sua página de Facebook, a empresa ajuda os imigrantes a obter a residência permanente, visto de turista, renovação do programa Ação Diferida dos Chegados na Infância (DACA), naturalização e outros serviços.

Referindo-se ao caso de Luciano, o promotor federal Randy Grossman disse em um comunicado que julgará aqueles que promovem malversação de fundos dos sindicatos. “Quando os empregados pagam aos sindicatos as cotas que tanto custa para eles, esperam razoavelmente que os funcionários destas organizações sejam administradores honestos”, advertiu.

Luciano se declarou inocente das acusações imputadas a ele: fraude eletrônica e declarações falsas.

Um juiz fixou a fiança de 30 mil dólares e ordenou seu comparecimento perante um tribunal federal de San Diego no próximo 3 de outubro.

Se for declarado culpado pelas acusações, ele enfrenta uma condenação de até 25 anos de prisão e uma multa de 750 mil dólares.

Este caso foi investigado pelo ICE, pelo escritório do Inspetor Postal dos EUA e pelo Departamento do Trabalho.

Fonte: AcheiUSA