Fed eleva taxa de juros em 0,75 ponto e deve repetir a dose em julho

A decisão do Banco Central dos Estados Unidos, Federal Reserve (Fed), de elevar a taxa de juros americana em 0,75 ponto percentual para faixa de 1,5% a 1,75% não surpreendeu totalmente o mercado. Apesar de este ter sido o maior aumento desde 1994, os agentes já trabalhavam com a perspectiva de um ajuste desta intensidade, devido às sinalizações anteriores e os dados da economia americana de maio. A alta das bolsas internacionais se arrefeceu, mas tanto Wall Street quanto o Ibovespa se mantiveram positivas.

O Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova York, fechou em alta de 1%; o S&P, de 1,46%; a Nasdaq foi a que mais subiu: 2,5%. A brasileira B3 se valorizou 0,86%. As criptomoedas tiveram mais um dia pressionadas. O bitcoin chegou a flertar com queda abaixo de $20 mil, mas teve recuperação após a divulgação da decisão do Fed e foi negociada a $22.260, praticamente estável.

Para Andrey Nousi, CFA e fundador da Nousi Finance, o mercado continua e espera que na próxima reunião vai subir novamente em 0.75%, então três aumentos. E no final do ano está esperando que essa taxa básica de juros vai se aproximar dos 4%. Então muito acima do que a gente já via.

“Uma coisa importante a se ressaltar, é que a gente viu a curva de juros aí, entre a taxa de 5 e 10 anos e a de 5 e 30 anos e a de 10 e 30 anos invertendo. Então o mercado está precificando uma inflação alta, uma chance de recessão”.

A inflação americana atingiu 8,6% no acumulado em 12 meses, maior taxa desde dezembro de 1981. A meta do Fed é buscar alcançar o máximo de emprego e inflação à taxa de 2% no longo prazo. “Apesar do mercado ter reagido positivamente ao anúncio de alta de 75 bps e mais uma possível alta de 75 bps na próxima reunião (julho), nós acreditamos que o Fed não conseguirá fazer o soft landing (pouso suave) dado que a inflação está em patamar elevado (último dado mostrou 8,6% anualizada)”, observa o analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura. Ele acrescenta que os próximos dados podem até vir mais fracos mostrando leve acomodação, mas não devemos ver alívio significativo na inflação.

No comunicado ao mercado, o Federal Open Market Committee (FOMC), destacou que a inflação americana permanece elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços mais altos de energia e pressões mais amplas sobre os preços. O documento destaca ainda que a atividade econômica geral parece ter se recuperado após a queda no primeiro trimestre, os ganhos de emprego foram robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego permaneceu baixa.

Ao avaliar a postura adequada da política monetária, o comunicado do Fed deixou claro que novos ajustes nos juros americanos devem ocorrer, caso surjam riscos que possam impedir a consecução dos seus objetivos, ou seja, o alcance da meta de inflação de 2% no longo prazo. Segundo o documento, a invasão da Ucrânia pela Rússia e os eventos relacionados estão criando uma pressão ascendente adicional sobre a inflação e estão pesando sobre a atividade econômica global. Além disso, os bloqueios relacionados ao covid-19 na China provavelmente exacerbarão as interrupções na cadeia de suprimentos.

O dólar enfraqueceu no final do pregão. O índice que mede a moeda norte-americana em relação aos seis principais pares caiu 0,37%. O euro subiu para $1,0424, e a libra esterlina, para $1,2124. No Brasil, o dólar fechou a R$ 5,026, queda de 2,11%.

Fonte: AcheiUSA