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Água quente e vapor de vulcão desativado fazem da cordilheira chilena bom destino para brasileiros

Imagine-se imerso em águas sulfurosas aquecidas naturalmente e diante de exuberantes florestas e gigantescas montanhas cobertas por neve. Ou nos arredores de vulcões, muitos deles ativos, ou de mais de 270 fontes termais. Essa é uma boa premissa do que se encontra ao longo de mais de 4 mil km da Cordilheira dos Andes no Chile.

A temperatura das águas gira entre 30ºC e 47ºC, podendo em alguns pontos chegar a 80ºC ou mais. Além das altas temperaturas, as águas de fontes naturais tem grandes quantidades de minerais com propriedades curativas, como potássio, selênio, cálcio, zinco, cloretos, magnésio, entre outros.

Para quem desembarca em Santiago, a dica é alugar um carro e dirigir rumo ao deserto do Atacama ou às florestas temperadas da Patagônia. Ou seja: de norte a sul do país, existem termas naturais para todos os gostos e bolsos. Vale lembrar que algumas são gratuitas.

Das mais conhecidas, as Termas El Médano, na 7a. Região de Maule, na cidade de San Clemente, 360 km ao sul de Santiago. Para chegar até o local o condutor deve pegar a Ruta 5 SUR e logo depois a Ruta 115-CH em direção ao Paso Pehuenche, na fronteira com a Argentina.

As piscinas naturais superaquecidas pela “mãe natureza” ficam no alto da Cordilheira dos Andes, no km 104 da rodovia, bem às margens do rio Maule, que, no idioma do povo indígena mapuche, significa “rio de chuva”.

Lá, o turista tem a opção de se hospedar em pequenas cabanas com toda a infraestrutura, caso queira passar alguns dias a mais desfrutando de outras opções de lazer, como trilhas, cavalgadas, sauna vulcânica, ou simplesmente contemplando o cenário cinematográfico da região.

Para ingressar nas termas, é preciso desembolsar apenas mil pesos chilenos, cerca de R$ 6 —valor muito abaixo de outras da região—, para desfrutar e relaxar nas águas por duas horas. O tempo limitado se deve à rotatividade de turistas e aos protocolos do coronavírus.

Ainda nas Termas El Médano, logo após as piscinas naturais há placas incentivando o visitante a percorrer uma trilha de 150 metros em direção a uma pequena colina.

Esse percurso, que tem como visual os Andes e o rio Maule, leva o turista a encontrar, do lado esquerdo da trilha, um paredão rochoso com três pequenas grutas das quais emanam vapores quentes que formam uma espécie de “sauna natural”.

Os gases, ricos em enxofre, vêm do vulcão Descabezado Grande, inativo desde 1933, segundo o Serviço Nacional de Geologia e Mineração do Chile.

Para manter o vapor foram construídas pelo dono da propriedade três casinhas de madeira em frente às grutas, onde o visitante pode entrar em traje de banho e relaxar por cerca de 20 minutos. Vale lembrar que a temperatura das rochas chega aos 75ºC.

E, apesar das propriedades terapêuticas do banho de vapor, a exposição em exagero ao calor pode fazer mal. Por isso, é importante ficar atento às respostas do próprio organismo.

Já quem estiver com o orçamento apertado pode percorrer as margens do Rio Maule e, em poucos metros, se banhar gratuitamente em porções de águas quentes que contrastam com as águas gélidas que correm no rio. As piscinas naturais são pequenas e rasas, mas grandes o suficiente para aquecer o corpo e relaxar a musculatura.

Não muito distante das termas El Médano, sentido fronteira Argentina, o viajante pode conhecer a Cascata Invertida, cujo salto, com mais de 100 metros de queda d’água, fica localizado no km 125 da Ruta 115-CH.

Os viajantes podem se surpreender com as águas da cascata subindo rumo ao céu, um fenômeno causado pelos fortes ventos da região —uma imagem que impressiona e dá uma amostra da força da natureza.

Vale lembrar que nem sempre a cachoeira apresenta seu formato invertido, pois o fenômeno se deve às condições meteorológicas, ou seja, quando há fortes precipitações de vento no vale.

Para chegar próximo à cascata, é necessário estacionar o veículo às margens da rodovia e caminhar por uma trilha de terra por cerca de 200 metros. Não há cobrança de ingresso para apreciar a paisagem.

Ao se aproximar do local, é necessário muito cuidado para evitar acidentes devido às rochas escorregadias e o precipício. Em companhia de crianças, é recomendado manter as mãos dadas durante o trajeto.

Fonte: Folha de S.Paulo