Arroz, feijão e Benjamin Arrola

Sai o pão com leite condensado, volta o arroz com feijão.

Chega de levar miojo pro Japão. Não tem mais essa de engolir camarão sem mastigar. Acabou o milho verde com ketchup nas reuniões familiares. Adeus, bizarrice.

Sem querer soar otimista demais, parece-me que estamos no caminho de volta à normalidade.

Não fossem os alucinados que ainda acampam na frente dos quartéis, a esperar Dom Sebastião, eu poderia tranquilamente usar este espaço para escrever de comida e nada além.

A derrota de Jair Bolsonaro faz dissipar, ainda que lentamente, a névoa de loucura que nos envolve –note que isto seria verdadeiro se o presidente eleito fosse qualquer um dos demais candidatos. Bem… qualquer um, menos o Candidato Padre.

Menos intoxicados, percebemos que o delírio dos últimos quatro anos nos fez temer aquilo que é, na verdade, ridículo. Expor o grotesco ao ridículo tem sido uma ótima estratégia para exorcizar o caos em que fomos mergulhados.

Devemos muito ao patriota do caminhão. Sua performance, narrada por Galvão Bueno, deve ter feito muita gente pensar duas vezes antes de vestir a amarelinha para brigar com carrocerias e moinhos de vento.

Há outros heróis a agradecer.

Em especial, ao probíssimo general Benjamin Arrola, personagem da semana graças ao brilhante lutador Vitor Belfort –que caiu feito pato num post fake das redes sociais. Precisamos, por sinal, agradecer a todo mundo que for da família Arrola.

O insubstituível e saudoso marechal Martim Purrey Arrola, o cardeal Eudes Cascano Arrola, o ex-governador Jácomo Arrola e a beata esposa do general Benjamim, dona Cassandra Arrola de Milhomem.

Não podemos deixar de mencionar a inestimável contribuição de ilustres figuras como Eunício Botto Äglaand, Tiago Zandon Ocasseti, Theo Rego Hemmel e Yeravan Tajado Durão.

Vale ainda ressaltar a cooperação de nomes estelares da comunidade internacional. O economista português Nuno Rolão do Bispo. A jurista italiana Annalea Secco. O armador sul-africano Majeba N’kurrocho. O teólogo espanhol Silas Cava de Obroña.

Foram de enorme valor as intervenções pontuais do estrategista militar Suggaymama Melpal, da Malásia, e da banqueira Metiko Sakitudo, do Japão.

Enfim, não chegaríamos aonde chegamos sem a preciosa ajuda de Helen Gohle Trombba, Allan Bessaco A. Dias, Hugo Losotobba, Abel Arraba, Tico Miarrodo, Oscar Ally Brochado, Teca Gávea e Alceu Pinto de Costa.

Graças a esses nomes, ou algo parecido, o movimento lunático golpista nunca passou tanta vergonha. Ninguém gosta de passar vergonha. Ninguém curte ser feito de otário.

Que a vergonha desperte essa gente do surto coletivo. Que voltemos à normalidade, à democracia sem graça, ao prato-feito de arroz, feijão, bife e batata frita. Ou precisaremos convocar as tropas do almirante Amir Homper Arosca para dar um jeito na situação.

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Fonte: Folha de S.Paulo