Cancún sofre com aumento de violência e invasão de algas

Todos os anos, 6 milhões de pessoas desembarcam nas praias de Cancún, no extremo leste da península de Yucatán, no México, e ali desembolsam US$ 5,2 bilhões (R$ 20,2 bilhões). A cifra impressiona —em São Paulo, maior destino brasileiro, foram 2 milhões de pessoas e US$ 1,32 bilhão (R$ 5,1 bilhões) gastos, segundo dados de 2017 do Global Destination Cities Index.

O sol, os pacotes turísticos repletos de comida e bebida e as belas paisagens do destino mexicano, no entanto, vêm sendo atrapalhados por alguns problemas.

O mais grave é a violência, que tem crescido nos últimos anos no estado de Quintana Roo, onde Cancún se localiza. A taxa, que em 2016 foi menor do que 10 mortes por ano para cada 100 mil pessoas, em abril deste ano chegou a 65.

A taxa de homicídios no Brasil é de 31 mortes para cada 100 mil pessoas ao ano, e a média mexicana é historicamente menor que a nossa. No estado de São Paulo, o índice é de 10,8, segundo dados de 2018. A da Organização Mundial da Saúde recomenda que o número fique abaixo de 10.

Um dos motivos para o crescimento da violência, segundo a imprensa local, é a expansão do narcotráfico. Roubos de carros e crimes de extorsão também têm se tornado mais comuns.

Outra questão malcheirosa são as algas do gênero Sargassum, que têm tomado conta das praias de Cancún e de cidades vizinhas, prejudicando o banho de mar e atividades como mergulho. 

As águas em alguns locais se tornaram opacas. O odor é semelhante ao de comida estragada, e a combinação tem afastado os turistas. Mesmo com promoções de até 25% de desconto, os hotéis têm penado para atrair clientela.

Cientistas detectaram no ano passado uma grande extensão de Sargassum, de quase 9.000 km, entre a costa africana e o golfo do México, somando 10 milhões de toneladas de alga. 

Uma das explicações para a proliferação, especulam pesquisadores, é a degradação da floresta amazônica para dar espaço para o agronegócio. Os fertilizantes que chegam ao mar teriam causado o crescimento explosivo da alga. O Sargassum, ao se depositar nas praias e se decompor, reduz os níveis de oxigênio no mar, ameaçando ecossistemas inteiros.

Cancún ganhou fama após um esforço do governo mexicano, na década de 1970, de desenvolver essa região de Quintana Roo, que também abriga outros destinos famosos, como Riviera Maia e Cozumel.
Hoje Cancún tem uma população de cerca de 750 mil pessoas e conta com mais de 35 mil quartos para os turistas se hospedarem, distribuídos em quase 200 hotéis.

Fonte: Folha de S.Paulo