Cânions e picos abrem um corredor de descobertas de norte a sul do país

Com picos que sobem quase três quilômetros acima do nível do mar e cânions que chegam a 700 m de altura, o Brasil é um paraíso para quem quer explorar essas formações de diferentes paisagens, cores e belezas.

No sétimo capítulo da série de reportagens sobre cem lugares imperdíveis para conhecer no Brasil, a Folha elenca picos e cânions —dos mais acessíveis aos mais desafiadores— que convidam a uma aventura pela natureza. Veja a seguir.

Monte Roraima (RR)

No extremo norte do país, na tríplice fronteira com a Venezuela e a Guiana, este gigantesco platô de 55 km² a 2.734 m de altitude é a maior montanha plana do mundo. A subida acontece pelo lado venezuelano, onde uma “rampa” de 4km de extensão ajuda a vencer os cerca de mil metros entre a base e o topo do monte. A empreitada começa na aldeia de Paraitepuy, a 105 km de Pacaraima (RR), dura seis dias (ida e volta) e permite observar desde trilhas cheias de bromélias até formações rochosas singulares com cavernas e piscinas naturais.
Pacaraima fica a 213 km de Boa Vista, via BR-174

Pico da Neblina (AM)

O pico mais alto do Brasil fica quase 3 km acima do nível do mar, na fronteira do Amazonas com a Venezuela. Chegar até lá não é nada simples: partindo de São Gabriel da Cachoeira, no Rio Negro, seis horas de pura lama na BR-307 e outras seis horas de voadeira (um tipo de lancha) levam à aldeia yanomami de onde partem as expedições, que duram oito dias na mata fechada e, muitas vezes, alagada. A aventura exige um excelente preparo físico e beira os R$ 30 mil, mas os poucos que chegam até o topo relatam um êxtase que eles não veem a hora de reviver.
São Gabriel da Cachoeira fica a 850 km de Manaus e recebe voos diretos da capital amazonense

Morro do Segredo (TO)

Deste pico de 250 metros de altura na cidade de Lajeado vê-se uma das vistas mais bonitas do Rio Tocantins. A trilha até o cume é relativamente curta (4 km), mas ir e voltar leva de três a quatro horas e requer a contratação de guia. De lá, o nascer e o pôr do sol são espetaculares, mas quem vai na madrugada enfrenta temperaturas bem mais amenas.
Lajeado fica a 60 km de Palmas

Morro do Pai Inácio (BA)

O clássico cartão-postal da Chapada Diamantina, com o pôr do sol iluminando as falésias do Vale do Capão, geralmente é clicado do alto deste morro, uma dos mais procuradas da região. A trilha é íngreme, mas curta: são apenas 2 km, percorridos sem guia em pouco mais de 30 minutos.
A entrada da trilha fica a 25km de Barreiras e a 27km de Lençóis, via BR-242; ingressos na portaria por R$12

Cânion das Bandeirinhas (MG)

O Parque Nacional Serra do Cipó, a apenas 100 km de Belo Horizonte, já foi chamado por Burle Marx de “jardim do Brasil”. A topografia acidentada e as muitas nascentes formam rios que, ao encontrar cânions como o das Bandeirinhas, formam lindas piscinas naturais e cachoeiras. Uma estradinha de terra de 12 km liga a entrada do parque a este cânion, em um trajeto que pode ser percorrido a pé, de bicicleta e até a cavalo.
A entrada do parque fica no km 94 da rodovia MG-10



Pico da Bandeira (MG e ES)

A terceira montanha mais alta do Brasil, a 2.892 de altitude, fica no Parque Nacional do Caparaó, entre Minas Gerais e Espírito Santo. Mesmo íngreme e com o ar já rarefeito, as trilhas até o alto do pico têm de 4 km a 7 km dependendo do ponto de acesso. É possível fazer um bate e volta de um único dia ou acampar no parque mediante agendamento no site do ICMBio. A visita é mais agradável de abril a outubro, quando quase não chove, mas as temperaturas quase negativas demandam roupas adequadas.
O parque é acessível por Alto Caparaó, a 320 km de Belo Horizonte, ou por Dores do Rio Preto, a 250 km de Vitória

Pedra da Gávea (RJ)

O Corcovado e o Pão de Açúcar podem até ser os picos mais emblemáticos da paisagem carioca, mas vê-los do alto da Pedra da Gávea, a 844 metros acima do nível do mar —logo ali embaixo —, está entre as experiências mais deslumbrantes do Rio de Janeiro. A trilha até lá tem cerca de 3 km, mas é bastante íngreme, inclusive com trechos que demandam condicionamento físico e bastante atenção, como a temida escalada da Carrasqueira, um paredão de mais de 30 metros de altura.
A entrada da trilha fica na estrada Sorimã, 936, no bairro do Itanhangá

Pedra do Baú (SP)

Dos diversos picos da Serra da Mantiqueira, entre São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, essa formação, a 1.195 metros de altitude, está entre as mais acessíveis —pelo menos para contemplação. Escalá-la requer agendamento de visita, contratação de guia e utilização de equipamentos apropriados. Mas a partir dos morros Bauzinho e Ana Chata, que compõem o Monumento Natural da Pedra do Baú, é possível avistar toda a grandiosidade da estrela do trio enfrentando trilhas mais leves, de 1,5 a 4 km de extensão.
Acesso pela estrada do Baúzinho, a 22 km do centro de São Bento do Sapucaí

Cânion do Funil (SC)

Um desfiladeiro de cerca de 300 metros de altura separa o mirante do famoso “funil invertido”, que alcança os 1.590 metros de altitude, formando uma paisagem de ares cinematográficos. Por estar em uma propriedade particular, a autorização de acesso à trilha custa R$ 60 por pessoa, mas a boa notícia é que é possível chegar de carro quase até o mirante, percorrendo a pé apenas o último quilômetro do caminho.
Acesso pela SC-390, 6 km a sudeste de Bom Jardim da Serra

Cânions Verdes (SC e RS)

Desde 2021, os parques nacionais de Aparados da Serra e da Serra Geral, entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, foram privatizados e aglutinados sob a alcunha Cânions Verdes. É lá que estão alguns dos mais belos cânions do país, que já foram até cenário de novelas, como o Itaimbezinho, o maior do país, e o Cânion Fortaleza. Como as três áreas de visitação ficam distantes uma da outra, o salgado ingresso (R$ 94) permite até três acessos aos parques em um período de sete dias.
O acesso aos Cânions Verdes se dá por Cambará do Sul (RS), a 200 km de Porto Alegre, e Praia Grande, a 130 km do aeroporto de Jaguaruna

Fonte: Folha de S.Paulo

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