Comande a nave Millennium Falcon, de ‘Star Wars’, na Disney da Califórnia

Os dados dourados, espécie de amuleto do personagem Han Solo, não estão mais no painel de controle, nem os passarinhos porgs adotados por Chewbacca no filme mais recente da nova trilogia “Star Wars”, “Os Últimos Jedi”. Ainda assim, é possível me gabar: na última semana pilotei a lendária aeronave Millennium Falcon, numa missão misteriosa de contrabando intergaláctico.

A reportagem foi passear pela comunidade de Black Spire Outpost, o vilarejo mais animado do planeta Batuu, onde muambeiros espaciais fazem suas compras no universo da franquia, ao lado de espiões da Resistência, comandada por Leia (vivida pela atriz Carrie Fisher, morta em 2016), e stormtroopers armados. 

Mas Batuu não fica numa galáxia muito, muito distante, e sim em Anaheim, a 12 horas de voo de São Paulo ou a 44 km de Los Angeles.

A cidade é sede da Disneyland, o primeiro parque temático desenhado por Walt Disney (1901-1966).
No fim de maio, o complexo estreou a maior expansão de sua história, o Star Wars Galaxy’s Edge. O espaço de 56 mil metros quadrados levou cinco anos de construção, após a Disney comprar a Lucasfilms por US$ 4 bilhões (R$ 15,3 bilhões). Um parecido abre no parque da Flórida em agosto.

O Black Spire Outpost tem arquitetura cuidadosa, que reproduz um deserto. No parque, o vilarejo é cercado por grandes árvores petrificadas. Seus habitantes (ou os atores que os interpretam) saúdam os visitantes em um linguajar local (“bright suns”, por exemplo, é bom dia, algo como sóis brilhantes). Andar por suas ruas é como mergulhar na saga cinematográfica, ainda que, sem surpresa, seja um planeta consumista. O vilarejo está apinhado de lojas com preços altos. 

No centro de tudo isso está a nave mais famosa da galáxia, caprichosamente desgastada. A Millennium Falcon guarda o único brinquedo do Galaxy’s Edge, o Smuggler’s Run (corrida do contrabandista), um simulador de voo cheio de novidades, como controles de direção e de artilharia. Um segundo brinquedo, Rise of the Resistance (levante da Resistência), será inaugurado até o final do ano.

Cada volta na atração dura alguns minutos e entram seis de cada vez na cabine da aeronave. Dois cuidam da direção, dois da artilharia e dois são chamados de engenheiros, que não têm papel específico. 

Na narrativa criada para o brinquedo, Chewbacca emprestou a nave para o pirata Hondo Ohnaka, que agora dá as instruções aos novos recrutas. A missão é transportar uma mercadoria possivelmente clandestina para um lugar misterioso.

A reportagem foi três vezes no Smuggler’s Run. Na fila, os funcionários distribuem as funções aleatoriamente e, com jeitinho, consegui meu trabalho dos sonhos, o de piloto. O visitante tem um certo controle da direção por alguns segundos. Quando Hondo gritou para puxarmos a alavanca de viagem na velocidade da luz, meu copiloto não entendeu nada e tampouco percebeu a tal alavanca piscando bem na sua frente. Mas a nave partiu assim mesmo. 

Para os atiradores, é preciso escolher entre manual e automático e, depois, focar os três botões laterais que disparam lasers. No fim, o grupo recebe uma pontuação. Bater nos obstáculos ou gastar muita munição não ajudam.

“Eu aprovei, gostei muito, mas a artilharia deixou a desejar”, disse o fã Derek Schmitten, 19, que foi seis vezes no brinquedo. “Poderiam fazer uma versão como nos filmes, numa cadeira giratória.”

Antes de entrar na cabine e sair voando, o visitante pode circular pelo salão da Millennium Falcon e até sentar na mesa futurística de dejarik, espécie de xadrez holográfico da franquia.

Os robôs R2-D2 e BB-8 não estão lá. Mas dá para ver a cama onde, em “Os Últimos Jedi”, a mecânica Rose descansa após salvar a vida de Finn, um dos protagonistas, em uma batalha. Infelizmente, não dá para abrir a gaveta e pegar os livros sagrados do filme, que guardam os segredos dos cavaleiros Jedi.

No aplicativo do parque, Play Disney, dá para “conversar” com Rose e encontrar pistas e curiosidades de Batuu. É uma boa forma de passar o tempo na fila. Aliás, enquanto espera, procure pela mesa montada de sabacc, aquele jogo que fez Han Solo ganhar a Falcon do contrabandista Lando Calrissian.

Pela mitologia de Star Wars, os acontecimentos em Galaxy’s Edge se passam entre o longa mais recente da nova trilogia e o inédito “The Rise of Skywalker”, a ser lançado em dezembro, com pitadas de referências do universo expandido da franquia.

Há especulações de que Batuu poderia surgir no novo filme ou mesmo a heroína do parque, Vi Moradi, uma espiã da general Leia que circula pelo vilarejo de Black Spire interagindo com os visitantes. 

Além do simulador da nave, há outras experiências concorridas, como o bar Oga’s Cantina. A espera é longa e o menu, um pouco decepcionante. Há apenas drinques pré-preparados com nomes bizarros. Um deles, Yub Nub, à base de rum, vem com um copo em formato de porg de presente (US$ 42 ou R$ 160). 

Se quiser provar a bebida oficial de Batuu, o leite azul, visto pela primeira vez na mesa da família de Luke Skywalker no distante planeta Tatooine, vá até a barraca do leite (Milk Stand). A bebida não é feita de leite e parece sorvete aguado derretido (US$ 8 ou R$ 30). 

Outra opção é o leite verde. Para quem lembra da cena de Luke tirando o leite de uma criatura medonha em “Os Últimos Jedi”, bem, talvez seja melhor evitar.

Outra experiência para os que vão com os bolsos cheios de galácticos (como é chamada a moeda do parque, equivalente em dólares) é o Savi’s Workshop (oficina do Savi), onde o visitante desembolsa mais de US$ 200 (R$ 764) para construir seu sabre de luz. 

Pela metade do preço, dá para produzir um droid na linha de montagem do Droid Depot. 

A reportagem visitou o parque quando estava aberto apenas mediante reservas. Desde segunda (24), qualquer pessoa com ingresso para a Disneyland pode ter a chance de visitar Black Spire, já que o acesso está sujeito a lotação. 

Personagens da Marvel terão área na Califórnia em 2020

O parque Disneyland, na Califórnia, foi o primeiro projetado e construído sob a supervisão direta de Walt Disney. 

Inaugurado em 1955, o complexo deu início a um novo negócio para a Disney, que hoje tem estabelecimentos no estado da Flórida e nas cidades de Paris, Tóquio e Xangai.

Visitar Disneyland é uma viagem nostálgica. Entre os brinquedos originais estão a corrida de carrinhos Autopia, a dança das xícaras Mad Tea Party e os passeios pelos universos de Peter Pan e de Branca de Neve.

Outros que viraram clássicos são a Casa Mal-Assombrada, Alice no País das Maravilhas e a montanha-russa Matterhorn Bobsleds. 

Todos passaram por reformas e seguem atraindo gente, muitas vezes com as maiores filas do parque. 

Outros não envelheceram tão bem mesmo com o tapa no visual, caso da viagem de submarino inaugurada em 1959 e hoje reformada como um brinquedo pouco inspirador de “Procurando Nemo”.

Para quem não conseguir entrar no Star Wars Galaxy’s Edge, há um simulador de voo 3D da saga intergaláctica chamado Star Tours, no espaço Tomorrowland, liderado pelo reluzente robô C-P3O.

As grandes novidades do complexo, com a exceção da abertura de Galaxy’s Edge, costumam ficar no parque em frente, o Disney California Adventure, aberto em 2001.

Os destaques são para atrações inspiradas nos filmes da Pixar, como “Carros” e “Os Incríveis”, e da Disney, como “Frozen” e “A Pequena Sereia”.

Em 2020, será a vez da Marvel ganhar seu parque, dentro do California Adventure. A Disney promete duas atrações baseadas nos “Vingadores” e no “Homem-Aranha”, que vão ficar ao lado do brinquedo Guardiões da Galáxia, aberto em 2017.

Em julho e agosto, o ingresso para apenas um dos parques custa US$ 149 (R$569). A visita aos dois parques em um só dia sai por US$ 199 (R$ 760). Para conhecer os dois espaços em dois dias, é preciso desembolsar US$ 280 (R$ 1.069). 

O complexo tem três hotéis com algumas mordomias, como entrada mais cedo nos parques. A diária mais barata custa US$ 561 (R$ 2.143), sem café da manhã.

Chegue logo na abertura, às 8h. Em três horas de um domingo, a reportagem conseguiu passar por sete atrações, praticamente sem fila. À tarde, alguns brinquedos já registravam espera de 45 minutos.

Ambos os parques contam com um sistema gratuito chamado fastpass, que permite reservar lugar nos brinquedos, evitando as filas.


Pacotes

US$ 679 (R$ 2.600)
4 noites na Califórnia, na Top Brasil Turismo ( topbrasiltur.com.br)
Hospedagem em quarto duplo. Inclui ingresso para parque. Sem passagem aérea

US$ 1.293 (R$ 4.951)
7 noites na Califórnia, na RCA Turismo (rcaturismo.com.br)
Hospedagem em quarto duplo, com café da manhã. Inclui ingresso para parque. Sem passagem aérea

US$ 1.480 (R$ 5.667)
4 noites na Califórnia, na Schultz (schultz.com.br)
Hospedagem em quarto quádruplo. Inclui locação de carro e ingresso para parques. Com passagem aérea

R$ 8.784
7 noites na Califórnia, na Maringá Lazer (maringalazer.com.br
Saída em 10 de setembro. Hospedagem em apartamento duplo. Inclui ingressos para parques. Com aéreo

Fonte: Folha de S.Paulo