Como chegar à Coreia do Norte e qual a melhor época para visitar o país

Veja 18 perguntas e respostas sobre a visita de turistas na Coreia do Norte

Qual a melhor época para ir à Coreia do Norte?

Há tours durante todo o ano, mas as temperaturas podem ser extremas no verão e no inverno. Julho é o mês mais chuvoso e a temperatura em Pyongyang pode beirar os 40 graus. Em dezembro e janeiro, o frio chega a menos 20 graus.

Nas festas nacionais, como os dias de nascimento de Kim Il-Sung e Kim Jong-il, comemorações de vitória nas guerras e aniversário do país, há eventos especiais –paradas, bailes públicos, exposições, queima de fogos.

É possível viajar sozinho?

Todo turista precisa ter um itinerário previamente aprovado pelos norte-coreanos, e isso é intermediado por agências sediadas na China ou na Europa. Elas podem organizar viagens individuais, mas nenhum estrangeiro pode andar no país sem a companhia de dois guias.

O país é seguro?

Quanto à segurança pública, o país é bastante seguro. Do ponto de vista político, é fundamental evitar conflitos. Agressões ao regime, ao partido ou, principalmente, aos líderes –rasgar um cartaz, faltar com respeito a um monumento ou tentar converter os norte-coreanos– são consideradas faltas graves, passíveis de prisão.

Quem não pode entrar no país?

Jornalistas precisam de visto especial e não podem entrar como turistas. Trabalhar como jornalista na Coreia do Norte sem ter se identificado como tal é passível de prisão.

Funcionários de empresa de mídia, bloggers, influencers e outras pessoas que possam ser identificadas como comunicadores devem consultar a agência de turismo sobre necessidade de vistos especiais.

Os EUA e a Malásia proíbem a viagem de seus próprios cidadãos.

A Coreia do Norte não permite a entrada de quem tem passaporte sul-coreano (vistos da Coreia do Sul ou morar naquele país não são problemas).

Como obter o visto?

A Coreia do Norte tem embaixada em Brasília, mas agências especializadas em viagens à Coreia do Norte, normalmente sediadas em Pequim ou na Europa, obtêm com facilidade o visto numa folha à parte, com base na cópia do passaporte do turista. Em todos os casos, é cobrada uma taxa de cerca de € 50 (R$ 222).

Ir à Coreia do Norte impede a entrada futura em outro país?

Não. Além disso, em geral, os vistos são concedidos em folha à parte e os passaportes podem não ser carimbados.

Como chegar ao país?

Há voos para Pyongyang partindo de Pequim e Xangai. A maioria das agências de viagem que trabalham com a Coreia do Norte tem escritórios nessas cidades. Brasileiros que fazem conexão de até 144 horas em Pequim ou Xangai não precisam de visto prévio. Podem deixar o aeroporto após mostrar passagens de saída e reservas de hotel e pedir um visto temporário (ao menos essa é a regra em vigor em 2018. Sempre vale a pena consultar a página do consulado chinês antes de viajar). 

É possível ir de Pequim a Pyongyang de trem, mas a viagem dura 24 horas. Turistas também podem sair da Coreia do Norte de trem, pela linha que vai a Vladivostok, na Rússia, desde que previamente organizado com a agência de viagem.

O que é proibido levar?

Câmera com GPS, telefone por satélite, rádios, qualquer material impresso estrangeiro que fale da Coreia do Norte (inclusive guias de viagem), impressos religiosos (Bíblias podem ser confiscadas), qualquer impresso escrito em coreano, bandeira norte-americana ou sul-coreana

Posso levar computador, celular, tablet, câmera digital e outros eletrônicos?

Sim, mas agentes no aeroporto vão inspecionar os aparelhos para garantir que não entre propaganda contra o regime norte-coreano, propaganda religiosa ou outras informações indesejadas. Fazer propaganda política ou religiosa pode ser passível de prisão.

Posso tirar fotos e fazer vídeos?

Em geral, sim. Há controle sobre lentes zoom muito potentes –se planeja levar uma, informe-se antes. Há alguns locais onde é proibido entrar com câmeras, como o mausoléu em que estão os corpos dos líderes ou o Museu da Guerra. Alguns locais pedem que imagens dos líderes não sejam fotografados; outros pedem que estátuas e retratos dos líderes não sejam cortados no enquadramento. Alguns guias pedem que não se tirem fotos de militares, prédios do partido ou prédios em construção.

Há internet e wifi?

Internet é permitida para estrangeiros, após checagem do passaporte. Cartões SIM chegam a custarUS$ 200 (R$ 782) por 1 Gb. Alguns hotéis permitem enviar emails, mas não é possível recebê-los. Outros possuem wifi, a um custo de cerca de US$ 1,50 (R$ 6) por dez minutos. Telefonemas para o Brasil podem custar até US$ 7 (R$ 27) por minuto.

Que dinheiro levar?

Cartões de crédito ou pré-pagos não são aceitos, nem é possível fazer saques. É preciso levar dinheiro em espécie e prever uma quantia extra para despesas inesperadas. Os norte-coreanos aceitam dólares, euros e yuans, mas é importante ter notas trocadas, pois é comum que eles não tenham troco. Outro cuidado é levar cédulas novas, pois as muito usadas ou com algum dano serão recusadas.

Estrangeiros não podem usar o won, moeda do país, mas os pacotes turísticos costumam incluir visitas a supermercados ou shopping-centers onde esse uso é liberado. Em tese, não se pode sair do país com notas de won. Alguns turistas acabam saindo com algumas “esquecidas” no meio das outras moedas —carteiras não são revistadas.

Devo dar gorjetas?

Agências sugerem que os turistas deem gorjetas entre € 10 (R$ 44) e € 20 (R$ 88) aos dois guias e ao motorista. Também são sugeridos presentes como cigarros ocidentais ou japoneses (não chineses), café solúvel brasileiro, chocolates ou cosméticos. Gorjetas para outros funcionários em hotéis ou restaurantes não são esperadas, mas são bem-vindas.

Os norte-coreanos falam inglês?

Só uma minoria fala línguas estrangeiras, mas todo turista é acompanhado de dois guias, que podem falar diferentes idiomas, como inglês, espanhol, russo, chinês etc.

Sei falar coreano. Posso conversar diretamente com os norte-coreanos?

Sim, desde que não fale nada que possa ser considerado ofensivo ao regime ou aos líderes, nem insista em fazer perguntas que possam ser consideradas tentativa de espionagem ou jornalismo disfarçado.

Há regras para vestimenta?

Não, embora os norte-coreanos considerem educado evitar roupas muito curtas ou decotadas. Em alguns locais específicos, como o Palácio do Sol (onde estão os corpos do avô e do pai de Kim Jong-un), exige-se roupa “de etiqueta”: calça, camisa, camisa, blazer e sapato, de cores sóbrias. Nada de jeans ou chinelos. Gravatas não são obrigatórias, mas apreciadas.

É preciso fazer reverência aos líderes?

Sim, sempre que orientado pelos guias. Isso em geral ocorre em memoriais, diante de estátuas de Kim Il-sung e Kim Jong-il, e no Palácio do Sol, diante dos corpos do avô e do pai de Kim Jong-un.

Há assistência médica no país?

Agências costumam exigir seguros de viagem e indicar companhias que os vendem. Em Pyongyang, há serviço médico na área de embaixadas. No interior, as opções podem ser mais limitadas. Convém levar seus próprios remédios.

Fonte: Folha de S.Paulo