Conhecida pelo turismo religioso, Braga tem surpresas para turista fã de arte e boa comida

Em meio à gritaria do povo exaltado, um gladiador desvia de um golpe de espada, derruba a arma de seu adversário e logo o imobiliza. A multidão que cerca a arena faz sinais com o polegar para cima e para baixo, decidindo o destino do lutador dominado.

A cena faz parte da Braga Romana, um grande evento promovido anualmente pelo município de Braga, em Portugal, para celebrar e reviver de forma lúdica uma parte importante de sua história.

Por volta de 16 a.C., o imperador Augusto elevou aquele território do Império Romano na Península Ibérica à condição de cidade, batizando-a de Bracara Augusta. É essa a origem do nome de Braga, terceira maior cidade do país.

Associada ao turismo religioso, Braga oferece outras possibilidades, caso da Braga Romana. Em 2021, a cidade foi eleita o melhor destino europeu em votação do site European Best Destinations.

Quem gosta de conhecer um destino usando o paladar pode explorar a culinária lusitana em diversos restaurantes, pastelarias, cafés e bares, tanto no centro histórico quanto em outras regiões da cidade. Da tradição local, destacam-se o bacalhau à Braga, servido com batatas e um molho com pimentões e cebola; e a frigideira, uma espécie de empanada de massa folhada frita, recheada com carne moída.

O restaurante Frigideiras do Cantinho, fundado em 1796, é a referência do prato, que pode ser pedido em uma das mesas ou no balcão do estabelecimento, que, em 1996, se revestiu de um valor arqueológico. Naquele ano, algumas escavações revelaram vestígios de uma casa da época romana.

As artes bracarenses também oferecem uma boa diversidade de experiências. Em meio aos prédios históricos e museus, onde se vê um rico acervo, a arte contemporânea se faz bastante presente.

Em 2017, Braga foi nomeada Cidade Criativa da Unesco no campo de Media Arts. Espaços como as galerias Gnration e Zet Gallery apresentam instalações, obras de arte multimídia e shows de diferentes estilos. A Universidade do Minho conta com diversos projetos de pesquisa em artes.

Quem quiser unir exercício físico e fé, pode seguir pelo famoso Caminho de Santiago. Braga faz parte de uma das rotas para Santiago de Compostela e recebe muitos peregrinos. Quem não tiver tempo ou preparo físico para ir tão longe não se decepcionará, pois pode visitar o reconhecido patrimônio religioso bracarense.

Os santuários do Bom Jesus do Monte e de Nossa Senhora do Sameiro ficam no alto de montes, com vistas para a cidade e a região.

O famoso Bom Jesus possui um funicular histórico e uma escadaria com mais de quinhentos degraus, ornamentada com exuberantes esculturas e elementos arquitetônicos do barroco, do rococó e do neoclássico.

O legado de arte sacra vai além dos sacro-montes e pode ser visitado a pé, pelo centro histórico e cercanias. Dentre os muitos edifícios, destaca-se a Sé, a mais antiga catedral do país, erigida antes da fundação de Portugal. Por isso, quando querem dizer que algo é antigo, muitos portugueses usam a expressão “isso é mais velho do que a Sé de Braga”.

A cultura e as artes, em sentido mais amplo, estão na própria arquitetura da cidade e nas muitas festividades ao ar livre. A Braga Romana, mencionada no início da reportagem, é uma celebração de cinco dias, durante os quais crianças e adultos passeiam por ambientes e acompanham acontecimentos que recriam a vida da sociedade romana.

O aeroporto da região é o Francisco Sá Carneiro, no Porto. É possível pegar um ônibus direto ou um trem, com viagem de cerca de uma hora. Outra opção é alugar um carro, já que as distâncias entre as cidades são curtas.

Fonte: Folha de S.Paulo