Cruzeiro da Disney passa a desembarcar em Miami no verão dos EUA

Miami agora tem seu próprio cruzeiro da Disney. A gigante do entretenimento leva o Disney Dream, com capacidade para 4.000 passageiros, para uma primeira temporada de verão no hemisfério norte com saída pelo porto da cidade a partir deste mês.

O embarque do Disney Dream acontecia, antes, no porto Canaveral, a cerca de uma hora da Disney World, mas 352 km ao norte de Miami. A mudança de lugar ocorre graças à chegada de um irmão mais jovem ao porto Canaveral, principal ponto de partida dos cruzeiros da Disney Cruise Line.

A aposta da empresa é levar seu três-em-um (o mix de parque da Disney, praia e cruzeiro, que é como a própria Disney Cruise Line define a experiência em seus navios) a esse novo destino, especialmente popular entre turistas brasileiros.

O pacote básico, de três noites, custa a partir de US$ 1.160 (cerca de R$ 5.540) e está disponível via operadoras de turismo.

Dentro do navio, a experiência em alto mar realmente não deixa de lembrar algo daquela dos parques. Não faltam espetáculos musicais (“A Bela e a Fera” a bordo impressiona não só pela qualidade cênica mas também por rodopios e agilidade sobre um palco que, além de tudo, balança), show de fogos de artifício, lojas nem sessões de foto com os personagens, que acenam e tiram fotos com o devido distanciamento dos tempos de Covid.

Tudo grita Disney, sim, mas em outras modulações. É uma viagem nostálgica não só na inspiração déco do interior do navio mas também em seu repertório —há música ambiente nos quartos, onde ela pode ser desligada, e nos corredores, e é quase aos sussurros que se ouvem sucessos de filmes mais antigos, como “Mary Poppins”.

Para não desesperar mães, pais, demais responsáveis e gente que embarcou sem crianças na aventura de um navio da Disney, a embarcação tem uma área restrita aos maiores de 18 anos. Ali, na Quiet Cove (“enseada tranquila”), a música migra dos sucessos Disney para jazz e bossa nova, e os drinques ficam mais abundantes.

Enquanto isso, os pequenos de idades entre três e 12 anos também podem descansar dos pais nos “espaços kids”, salas temáticas com jogos, brincadeiras e monitores. Para os adolescentes, o navio tem dois clubes: Edge (11 a 14 anos) e Vibe (14 a 17).

Apesar da mudança do porto de partida para Miami, o roteiro básico nas Bahamas permanece o mesmo dos navios que saem do porto Canaveral: Nassau e Castaway Cay.

Não que seja obrigatório e nem mesmo necessário desembarcar. Uma parte dos turistas escolhe ficar no navio justamente para aproveitá-lo mais vazio, quando a fila do toboágua Aquaduck diminui e as piscinas permitem movimentos mais amplos.

O navio ancora primeiro em Nassau, onde há opção de contratar serviços de passeio a ilhas próximas. Em geral, o próprio cruzeiro já vende o pacote extra, que vai desde um dia de praia na ilha Blue Lagoon (US$ 94, mas há promoção para quem compra nos cruzeiros) até programas como nadar com golfinhos (US$ 150) ou visitar leões-marinhos (US$ 144).

São levas de pequenas embarcações que deixam o porto com destino a espaços pré-determinados em faixas de areia distantes cerca de 20 minutos dali.

Não chega a ser uma experiência incontornável fazer esse tour extra. Mas, neles, vale buscar as boas surpresas nas áreas de praia reservadas ao silêncio (há “enseadas tranquilas” demarcadas também ali).

Entre as pedras e as placas que indicam se tratar de espaço em que o barulho não é bem-vindo, cardumes inteiros se exibem nas águas mornas das Bahamas. Na área mais barulhenta, perto do movimento dos barcos, os peixinhos acabam dando lugar à fumaça escura das chegadas e partidas que se sucedem ao longo do dia.

Na ilha da Disney, Castaway Cay, a experiência é bem mais controlada. O passeio, sem custo extra, prescinde de baldeação: fica-se por ali mesmo, logo depois de um Mickey que oferece as boas-vindas trajando camisa florida.

Com guarda-sóis distribuídos de maneira uniforme, espreguiçadeiras e cadeiras de praia à vontade, boias que podem ser alugadas em quiosques e serviço de alimentação incluso, é praticamente uma extensão do próprio navio com um pouco mais de areia.

De volta à embarcação, come-se em um esquema de rodízio de restaurantes, para que os viajantes conheçam as opções oferecidas: Enchanted Garden, Royal Palace e Animator’s Palate. Também há opções fora do menu básico, pagas separadamente, nos restaurantes Remy (US$ 125 por pessoa) e Palo.

À noite, além do musical no teatro do navio, funcionam os bares e os clubes, estes para adultos e adolescentes. Passa-se de uma atividade a outra e de um ambiente a outro com muita facilidade, e perder-se entre a proa e a popa acaba sendo mais um item do entretenimento a bordo.

A experiência “frictionless”, ou seja, “sem atrito”, é levada a sério, e da toalha de praia à toalhinha refrescante pós-praia, tudo está à mão.

O atrito fica só para o final da viagem, que pode ter filas na hora de acertar as contas para desembarcar e retornar a terra firme.

Fonte: Folha de S.Paulo