Disney revisa política de preços em seus parques nos Estados Unidos

Reconhecendo que pode ter pressionado demais para obter lucros com os seus parques temáticos no Estados Unidos, e irritado alguns dos seus clientes mais fiéis no processo, a Disney anunciou na terça-feira (10) uma revisão em suas regras para venda de ingressos, estacionamento em seus hotéis, fotos nos brinquedos de seus parques e passes anuais.

A empresa, por exemplo, deixará de cobrar a diária de estacionamento que custa entre US$ 15 e US$ 25 por veículo dos hóspedes registrados nos 30 hotéis e resorts que ela opera no Disney World, na Flórida. A Disney começou a cobrar por estacionamento nesses hotéis em 2018. Quando a medida foi anunciada, o guia de turismo Frommer’s definiu a mudança como “uma garfada inesperada”.

A Disney também tornará “significativamente” mais baratas as visitas à Disneylândia, na Califórnia, expandindo o número de dias em que ingressos para adultos são vendidos por US$ 104, seu preço mais baixo, de acordo com Josh D’Amaro, presidente da Disney Parks, Experiences and Products. Ele disse que o número de dias com ingressos a US$ 104 equivaleria agora a cerca de dois meses por ano na Disneylândia, cujos ingressos para adultos custam US$ 179 nas datas mais procuradas.

“Queremos garantir que os nossos fãs sintam o amor”, disse D’Amaro. “Nós os ouvimos e estamos tentando nos ajustar”.

A Disney não vai reduzir os preços dos ingressos – pelo menos não exatamente—, em parte porque a demanda vem se mantendo surpreendentemente alta, apesar do abrandamento da economia e do medo de uma recessão. A Disneylândia, por exemplo, está com sua lotação esgotada na quarta, quinta e sexta-feira desta semana. A Disney também afirma que os preços de seus ingressos e a oferta variada de hotéis são suficientemente flexíveis para acomodar visitantes que tenham orçamentos mais limitados.

“Nenhuma dessas mudanças tem a ver com demanda”, disse D’Amaro.

D’Amaro disse também que as “melhorias” anunciadas na terça-feira não estavam diretamente vinculadas à mudança no comando da Disney que aconteceu no final do ano passado, quando Bob Chapek foi demitido da presidência executiva da companhia e Robert Iger, que tinha se aposentado, retomou o comando do grupo.

“Isso não se relaciona necessariamente à mudança na liderança”, disse D’Amaro. “Converso bastante com os visitantes quando passeio pelos parques e li muitos dos comentários que eles fazem online”.

“Se mudamos uma árvore de lugar, se mudamos um procedimento, se começamos a exigir reservas – isso é um grande problema para os nossos hóspedes”, acrescentou o executivo. “Eles ficam preocupados. Eles se importam, se importam de verdade. E se as pessoas se importam tanto assim, tenho a obrigação de ouvir e, quando apropriado, fazer algumas alterações e modificações.”

Ao longo do ano passado, alguns dos clientes mais dedicados dos parques temáticos da Disney ficaram indignados com os aumentos de preços, vistos por muita gente como uma atitude mesquinha. Na Disney World, por exemplo, os passes anuais costumavam incluir downloads gratuitos de fotos —por exemplo as fotos tiradas de surpresa por câmeras digitais quando os visitantes estão usando os brinquedos dos parques ou imagens registradas por fotógrafos da Disney quando os visitantes se encontram com os personagens que circulam pelos parques. Em 2021, a Disney começou a cobrar uma taxa adicional pelos downloads.

Os detentores de passes anuais também se queixaram amargamente de uma decisão da Disney, em 2021, de exigir que todos os visitantes de seus parques nos Estados Unidos façam reservas, além de adquirir ingressos ou passes. Os detentores de passes já não podiam ir aos parques quando quisessem, mesmo que pagassem US$ 1.399 dólares pelo passe mais caro do Disney World.

A Disney começou a exigir reservas como forma de controlar o número de visitantes durante a pandemia. Mas o sistema de reservas refletia também uma mudança de política. Chapek foi aplaudido por Wall Street e vaiado pelos visitantes dos parques por pressionar os parques temáticos da empresa a se concentrarem menos em maximizar o número de visitantes e mais em extrair deles o máximo possível de gastos durante as visitas.

Chapek definia essa prática como “gestão de rendimento”, e ela ajudou a Disney a se recuperar financeiramente da pandemia. O aumento dos lucros dos parques temáticos também ajudou a compensar os prejuízos com a divisão de streaming da Disney. No ano fiscal de 2022, a Disney Parks, Experiences and Products faturou US$ 28,7 bilhões e teve lucros de US$ 7,9 bilhões de dólares. Em 2019, a divisão faturou US$ 26,2 bilhões e lucrou US$ 6,8 bilhões.

As mudanças nas políticas da Disney que D’Amaro revelou na terça-feira entrarão em vigor em diversos momentos ao longo dos próximos meses.

Na Califórnia, a Disney relaxará as restrições aos visitantes que adquirem ingressos duplos, mais caros, que lhes dão a possibilidade de visitar tanto a Disneylândia quanto o parque temático vizinho, California Adventure, em um único dia. (Até agora, os visitantes só podiam desfrutar do ingresso para ir ao segundo parque a partir das 13h; agora, podem fazê-lo a partir das 11h.) A Disneylândia também oferecerá downloads gratuitos de fotografias a todos os visitantes que adquirirem ingressos; hoje, o download tem preço inicial de US$ 15.

Na Flórida, a Disney permitirá aos detentores de passes anuais visitar parques temáticos após as 14h sem reserva, exceto aos sábados e domingos no Magic Kingdom, o parque mais movimentado do Disney World. Outra mudança é que visitantes que adquirirem o serviço Genie+, baseado em smartphones e usado para obter acesso mais rápido aos brinquedos, receberão fotos de suas visitas a eles sem custos adicionais.

“Acreditamos no produto Genie, que vem sendo incrivelmente popular, mas vamos continuar a procurar formas de adicionar valor”, disse D’Amaro.

Além disso, a Disney vem oferecendo sua gama habitual de descontos, em janeiro. Na segunda-feira, o Disney World anunciou descontos em ingressos e hotéis para os residentes da Florida. A Disneylândia oferece um pacote a moradores da Califórnia que pode reduzir os preços dos ingressos em dias de semana a US$ 73, até junho.

Em um desconto disponível para qualquer pessoa, o Disney World está oferecendo cortes de 25% nas diárias de certos hotéis. As pessoas que reservarem pacotes de cinco noites para o verão podem obter até US$ 750 em cupons para gastar em comida (o Disney World deixou de oferecer sua popular promoção Dining Plan em 2020).

Fonte: Folha de S.Paulo