Em Gramado, retomada tem alta ocupação em hotéis e expectativa de Natal lotado

Um dos principais destinos turísticos do Brasil, a região de Gramado e Canela, na Serra Gaúcha, encara o fim de ano de 2021 com a perspectiva de recuperar as perdas provocadas pela pandemia e bater recordes de ocupação em seus hotéis.

Principal evento da região nesta época, o Natal Luz já recebe eventos com presença de público e tem ingressos esgotados em alguns eventos que são pagos, segundo a Prefeitura de Gramado.

Aberto em 28 de outubro e com programação até 30 de janeiro, o Natal Luz mescla uma série de atrações pagas e gratuitas, todas com temática natalina.

Todos os dias, a cidade conta com ao menos um espetáculo envolvendo dramaturgia, dança e música. Sextas-feiras e finais de semana, recebe a Parada de Natal, um desfile de artistas na Avenida Borges de Medeiros, a principal da cidade —confira aqui a programação completa.

Em 2020, a cidade foi decorada e preparada para o Natal Luz, mas o evento ocorreu sem espetáculos tradicionais. Para este ano, quase a totalidade deles já retornou à programação, que também inclui novidades.

Na abertura do Natal, a presença de público foi limitada a um terço da capacidade dos espetáculos, mas Scariot diz que o investimento em decoração e nas atrações foi pensado para 100% de capacidade.

Para além do evento natalino, a região conta com uma grande diversidade de bares e restaurantes, que vão desde a culinária italiana e francesa a hamburguerias, além de uma série de museus e atrações a céu aberto.

Uma das principais é o Parque do Caracol, unidade de conservação em Canela, com mirantes, cascata e trilhas ecológicas.

Para os fãs do frio, a região oferece o Snowland, parque temático de esportes e apresentações de neve. No Mundo do Chocolate, é possível desfrutar especiarias da região, além de uma série de outras atrações.

Em outubro, foi aprovada a exigência do passaporte vacinal para acesso a parques e eventos de Gramado. Mas, em 18 de novembro, um decreto estadual permitiu que a vacinação não fosse mais exigida para eventos em cidades acima de 90% de cobertura vacinal. Com 91,1% dos adultos vacinados, a cidade adotou a flexibilização.

Com a pandemia, o setor não alcançou sequer a metade do faturamento normal durante o Natal Luz de 2020, segundo o presidente do Sindtur (Sindicato da Hotelaria, Restaurantes, Bares, Parques, Museus e Similares da Região das Hortênsias), Mauro Salles.

Sócio diretor da Laghetto Hotéis, que tem 12 hotéis na região, Plínio Ghisleni afirma que o setor entrou em “pânico total” em março de 2020. Com os hotéis fechados por ao menos três meses, a rede precisou demitir metade dos colaboradores e negociar com credores para suportar a fase sem receitas.

​Ghisleni diz que, posteriormente, percebeu-se que o impacto poderia ser administrado, e o final de 2020 registrou bom faturamento, ainda que aquém da média. A partir de junho, o setor começou a ver uma retomada forte e já apresenta números acima dos registrados antes da pandemia.

A perspectiva para dezembro é alcançar 90% de taxa de ocupação nos hotéis Laghetto em Gramado e Canela. “Juntou duas coisas: tem público e tem oferta adequados”, diz Ghisleni.

A rede Laghetto conseguiu, inclusive, retomar os planos de expansão inaugurando dois novos empreendimentos, que somam quase 500 novos apartamentos.

Segundo números do Sindtur, a taxa de ocupação em Gramado superou a média de 70% no mês de novembro, com o mesmo percentual já garantido para dezembro.

Mauro Salles estima uma ocupação média acima dos 80% em dezembro, o que superaria o mesmo mês de 2019. “A gente também espera um faturamento melhor do que em 2019”, diz.

Mas não são apenas as grandes redes que têm apresentado bom resultado. Josué Meireles, gerente-geral do Hotel Pousada Kaster, imaginava que, por ser uma região de parques ao ar livre e áreas de belezas naturais, Gramado estava bem posicionada para a retomada.

Contudo, admite que não esperava que esta retomada fosse tão rápida. Após o auge do inverno, setembro e outubro deveriam ser baixa temporada, mas a pousada tem mantido a ocupação acima de 80%, mesmo com um tíquete médio mais alto.

“O pessoal abraçou muito Gramado e superou bastante. A gente está bem contente e um pouco surpreso”, diz.

Para Mateus Müller Leobet, proprietário da Pousada Tio Müller, a forte retomada é explicada por uma mudança no perfil dos turistas.

Com as fronteiras para o exterior fechadas, ele diz que Gramado passou a receber um público de maior poder aquisitivo. “Gramado sempre foi um destino muito forte de inverno, mas acho que, neste ano, foi o principal destino para o brasileiro”, acredita.

Proprietário do Castelo Saint Andrews, hotel com inspiração em castelos europeus e considerado o único “hotel de montanha” do Brasil, Guilherme Paulus diz que o turismo de luxo teve um “boom” de vendas em 2021, especialmente a partir do avanço da vacinação contra a Covid-19 e consequente queda nos índices de contágio.

As reservas já feitas garantem que o hotel terá uma taxa de ocupação próxima a 100% no Natal e Réveillon.

“As pessoas estavam em busca de um refúgio, um destino próximo e com toda a segurança, tanto para o lazer quanto para o home office”, afirma.

Para garantir uma temporada segura, o Castelo Saint Andrews firmou uma parceria com o hospital Sírio-Libanês para a implantação e auditoria de protocolos de biossegurança.

“Investimos em máquinas europeias de ampla higienização e também implantamos todos os novos procedimentos, do check-in ao check-out, distanciamento correto, uso de álcool gel, máscaras e higienização total dos nossos espaços”, diz Paulus.

Para os turistas que irão a Gramado neste final de ano, a epidemiologista Lucia Pellanda recomenda que busquem, preferencialmente, atividades ao ar livre e ambientes bem ventilados.

Ela diz que a situação de maior alerta é a possibilidade de aglomeração com pessoas desconhecidas, que podem não estar se cuidando contra a covid-19. “Nesses eventos, o ideal é que as pessoas tivessem ao menos vacinadas e usando máscaras“, afirma.

A epidemiologista alerta, ainda, que as famílias devem atentar para o fato de que, por não estarem vacinadas, as crianças podem estar mais suscetíveis ao vírus.

A recomendação é para que crianças a partir dos dois anos façam uso constante de máscara, com a supervisão de adultos. “Tem muita gente dizendo que máscara prejudica a criança. Não é verdade, é super segura.”

Fonte: Folha de S.Paulo