Ilha Corona aposta no turismo sustentável para atrair público ao Caribe

Uma ilha com dez bangalôs, águas claras, área verde e experiências com um olhar sustentável pode ser o destino de turistas no Caribe em julho de 2023. É a ilha Corona (ou Corona Island, em inglês), localizada a cerca de 40 minutos em um passeio de lancha de Cartagena das Índias, na paradisíaca costa da Colômbia.

Administrado pela cerveja Corona, daí o nome escolhido para o local, o espaço tropical se volta ao ecoturismo, destacando que é livre de plástico descartável e incentivando os hóspedes a se conectarem com a natureza —por exemplo, os dormitórios não contam com wifi, disponível apenas em alguns pontos específicos da ilha.

“Cada componente da ilha foi projetado com cuidado para garantir que estejamos não apenas preservando a ilha, mas transformando-a em um lugar ainda melhor”, afirma Felipe Ambra, vice-presidente global de marketing de Corona.

“Do consumo alimentar às estruturas arquitetônicas, há uma aposta na redução do uso de plástico tanto na construção como no dia a dia da ilha”, diz o executivo brasileiro, que mora nos Estados Unidos.

Corona, conta ele, trabalhou em colaboração com o governo colombiano local e com a ONG internacional Oceanic Global para garantir que a ilha fosse o mais sustentável possível, permitindo que o design da ilha se integrasse à natureza.

Demonstrar preocupação com o ambiente é um dos principais pilares da comunicação de Corona. Na ilha, por exemplo, além do selo azul e da redução no uso de plástico descartável, passeios para conhecer corais com mergulho, ida ao mangue e explicação do ecossistema local foram oferecidos aos hóspedes convidados até o momento.

Por ora, não há um plano concreto de construção de uma ilha como essa no Brasil, dizem executivos, mas a marca tem feito algumas ações nos últimos anos focadas na natureza no país.

Em 2019, a Corona ajudou na coleta de nove toneladas de petróleo em praias do Nordeste afetadas por um grande vazamento.

Em outra ação, em junho deste ano, a marca promoveu uma limpeza de praia com os atletas de surfe Gabriel Medina, Filipe Toledo e Tatiana Weston-Webb na etapa brasileira do campeonato mundial no Rio de Janeiro.

COMO IR À ILHA CORONA

Um formulário aos interessados está disponível online para preenchimento e demonstração de interesse de ir à ilha. Após isso, um contato é feito pela administração. Preços de pacotes e outras informações não foram divulgados ainda.

Segundo a marca, inicialmente a administração do espaço se dará até o próximo ano, com possibilidade de renovação. A negociação é feita com um inquilino que arrenda a ilha ao governo colombiano e permite que a Corona atue ali.

Abaixo, leia entrevista com Felipe Ambra, vice-presidente global de marketing de Corona, e João Pedro Zattar, head de marketing de Corona no Brasil:

Qual a mensagem que Corona quer passar com a ação na ilha?

João Pedro Zattar (head de marketing de Corona no Brasil) – Corona Island –em português, Ilha Corona– é um destino de ecoturismo pensado para ajudar os hóspedes a se desconectarem de suas rotinas diárias e se reconectarem e viverem em harmonia com a natureza. A ilha foi projetada tendo a sustentabilidade no centro de todos os processos de tomada de decisão, desde os materiais usados no projeto e construção até as excursões culinárias e educacionais dos hóspedes. Na ilha, os hóspedes vão aprender sobre os desafios ambientais que o mundo enfrenta e participar de workshops focados em sustentabilidade, deixando a ilha com uma apreciação mais profunda pela natureza e alinhados ao espírito da marca e estilo de vida de Corona.

Como foi a escolha do local, o que levaram em consideração?

Felipe Ambra (vice-presidente global de marketing de Corona) – A Ilha Corona está localizada na costa da Colômbia a uma curta viagem de barco de Cartagena e faz parte dos Parques Naturais do país. Escolhemos uma ilha com pegada humana limitada que se alinhava com nossos objetivos e iniciativas de sustentabilidade. A localização, a belíssima praia, o hábitat natural e a paisagem tropical foram fatores importantes e essenciais em nosso processo de tomada de decisão.

Inicialmente a ilha foi destinada a convidados. Quando deve abrir para o público?

Felipe Ambra –:Os hóspedes fora dos EUA podem reservar sua estadia a partir do verão de 2023 [considerando o verão do Hemisfério Norte, a partir de junho). Hoje, a Ilha Corona está totalmente operacional e aberta a vencedores de promoções de marcas do mercado local, recebendo a cada mês hóspedes de um país participante diferente. Entre eles estão Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, Paraguai, Peru, Porto Rico e África do Sul.

Quais os cuidados com o turismo para manter o ecossistema em equilíbrio na região?

Felipe Ambra – A ilha foi projetada e criada de acordo com a missão da marca: proteger o paraíso. Cada componente da ilha foi projetado com cuidado para garantir que estejamos não apenas preservando a ilha, mas transformando-a em um lugar ainda melhor. Do consumo alimentar às estruturas arquitetônicas, há uma aposta na redução do uso de plástico tanto na construção como no dia a dia da ilha. Por exemplo, você não encontrará plástico descartável em nenhum lugar. Corona trabalhou em colaboração com o governo colombiano local e com a ONG internacional Oceanic Global para garantir que a ilha fosse o mais sustentável possível, permitindo que o design da ilha se integrasse à natureza.

Uma das ideias fundamentais do projeto é que o impacto ambiental e visual no seu paisagismo seja o mínimo possível, razão pela qual a James&Mau optou por trabalhar com materiais naturais nativos da ilha e arredores. O próprio DNA do projeto exigia várias estratégias para minimizar o impacto da construção na ilha e manter as áreas verdes e abertas existentes. Grande parte da pré-construção ocorreu no continente para diminuir os trabalhos na ilha e, assim, minimizar o impacto, transporte e geração de resíduos.

O programa culinário da ilha, desenvolvido e administrado pelo renomado jurado do MasterChef Chile Cristopher Carpentier, também enfatiza a sustentabilidade e os ingredientes de origem local inspirados nos sabores naturais da América Latina. Os itens do menu, como frutos do mar, são fornecidos com responsabilidade dos fornecedores locais; frutas frescas e produtos assados estão disponíveis para os hóspedes desfrutarem durante todo o dia. Mais de 90% dos ingredientes fornecidos e utilizados são de Cartagena e Bogotá.

Por fim, realizamos uma verificação de três estrelas da organização sem fins lucrativos internacional Oceanic Global como parte de seu rigoroso programa Blue Standard, tornando a Ilha Corona a primeira ilha totalmente Blue Verified do mundo. A verificação certifica que adotamos as melhores práticas operacionais sustentáveis e é um exemplo de como o turismo sustentável é viável sem sacrificar experiências incríveis.

Há animais na ilha, como araras, pequenos macacos, papagaios. Quais os cuidados com eles exatamente?Como lidar com essa questão, já que podem estranhar a relação com humanos?

João Pedro Zattar – Todos os animais da ilha foram resgatados de ilhas vizinhas e aderimos às melhores práticas do governo para abrigá-los e cuidar deles. Nosso objetivo na ilha Corona é readaptá-los a uma vida natural e ajudar a restabelecer seus números de maneira sustentável e segura. Os animais selvagens incluem pavões, papagaios, araras e macacos Titi. Além disso, somos responsáveis por um programa de restauração de tartarugas marinhas do Parque Nacional Natural da Colômbia, que permite que os hóspedes vejam a importância do trabalho realizado por especialistas e biólogos locais.

Quanto tempo para colocar de pé a ilha? Desde a decisão de montar uma ilha, passando pela escolha até a montagem…

Felipe Ambra – O conceito da Ilha Corona foi lançado no início do ano passado, com a descoberta da ilha e a construção do conceito ocupando a maior parte de 2021. Uma vez que a ilha foi selecionada e o projeto fechado com os parceiros Jaime Gaztelu, Mauricio Escobar e Jairo Marquez, a construção levou cerca de seis meses. A ilha agora está recebendo convidados.

Quais ações de Corona destacam em relação à comunidade local?

Felipe Ambra – Foi extremamente importante para nós trabalharmos lado a lado com a comunidade local para garantir que estivéssemos desenvolvendo a programação e criando uma experiência que beneficiasse a população e o ecossistema local. Como mencionado, os materiais para o programa de design e arquitetura e culinária são todos de origem local e muitos dos funcionários e especialistas da ilha são todos da Colômbia. Nossa guia local, Lavinia, que lidera as excursões de mangue e recife de coral, é uma relação próxima que temos e trabalhamos lado a lado com ela e a comunidade para garantir que os workshops sejam divertidos e informativos para os hóspedes da ilha, permitindo que eles ajudem a restaurar o ecossistema natural local e entender melhor os problemas climáticos do mundo. As operações da ilha e a equipe de experiência dos hóspedes também foram contratadas principalmente do grupo de candidatos locais.

Há a intenção de expandir o projeto para outros locais? Quais as possibilidades? Algo em vista no Brasil?

João Pedro Zattar – Por enquanto a experiência da Ilha Corona está acontecendo especificamente na Colômbia, mas estamos sempre considerando opções futuras que se alinhem com nossa missão e propósito.

Fonte: Folha de S.Paulo