No Quênia, meninas são salvas de doloroso rito de passagem

16/01/201814h39Na primeira vez que a temporada de corte chegou, Nice Lengete e sua irmã mais velha fugiram e se esconderam a noite toda em uma árvore. Na segunda vez, a irmã não quis se esconder.
Para as famílias massai, a cerimônia de é uma celebração que transforma as meninas em mulheres e marca as filhas como noivas disponíveis. Mas para Nice, de 8 anos, parecia uma ameaça: ela seria imobilizada por mulheres fortes e seu clitóris seria cortado. Ela sangraria muito. A maioria das meninas desmaia. Algumas morrem.
Mas a irmã dela cedeu.
“Eu tentei lhe dizer: ‘Estamos fugindo por algo que vale a pena'”, lembra-se Lengete, hoje com 27 anos. “Mas não pude convencê-la.”
Lengete nunca esqueceu o que sua irmã sofreu, e quando ela cresceu se decidiu a proteger as outras garotas massai. Ela fundou um programa que vai de aldeia em aldeia, colaborando com idosos e meninas para criar um novo rito de passagem, sem a chamada .
Em sete anos, ela ajudou 50 mil meninas a evitar o ritual de excisão.
Seu trabalho reflete tendências nacionais e globais.

Fonte: Folha de S.Paulo