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Paripueira guarda piscinas naturais translúcidas no norte de Alagoas

Com o recuo da maré, um longo rasto se forma e deixa a praia com cara de paisagem lunar. É possível caminhar por mais de 500 metros mar adentro com a água na altura da canela. Mas é preciso subir em um catamarã, navegar por cerca de 20 minutos, para alcançar a cereja do bolo deste pedaço da costa norte alagoana: as piscinas naturais de Paripueira.

A uma distância aproximada de 3 km da praia, as águas das piscinas naturais, verdes como as do Caribe, porém mornas, sobem um bocadinho mais e alcançam a cintura de um passageiro adulto.

Nessa hora, apetece submergir nesse imenso e translúcido aquário natural, repleto de peixes, corais e ouriços. É fácil: basta alugar um snorkel por R$ 10, na própria embarcação, e deixar-se levar pelas surpresas da vida marinha. 

Em áreas mais afastadas do ponto de parada, onde o silêncio reina quase absoluto, com sorte, dá para avistar até mesmo polvos ou uma estrela-do-mar. Inesquecível!

Paripueira fica a 30 km da capital alagoana —Maragogi, que concentra as mais famosas piscinas naturais do Brasil, está a duas horas e meia de Maceió e, nesta época do ano, suas galés são concorridíssimas (para não dizer, “muvucadas”).

Assim como as de Maragogi, as piscinas naturais de Paripueira fazem parte de uma APA (Área de Proteção Ambiental): a da Costa dos Corais. Trata-se, portanto, de um parque marinho. Em Alagoas começam os bancos de corais que se estendem até o estado de Pernambuco e formam uma das maiores barreiras do mundo.

É bom lembrar que, como as piscinas naturais só surgem na maré baixa, é preciso programar o horário da visita. Preste atenção à tábua das marés, geralmente exposta na recepção de hotéis. Nas agências de passeios, as equipes passam todas as informações necessárias. (confira serviço abaixo)

As embarcações credenciadas de Paripueira sempre partem acompanhadas por biólogos, que orientam os visitantes sobre a correta maneira de interagir com o ambiente sem agredi-lo.

Apesar dos avisos constantes para que o banhista não pise nem toque os corais, sempre há aqueles desorientados, inconscientes ou mal-educados.

Recifes de coral têm importância vital para a manutenção do equilíbrio biológico. Servem de abrigo para uma diversidade de peixes, algas, crustáceos e outras criaturas marinhas que vivem e se reproduzem sob sua proteção.

Atualmente, os biólogos que atuam em Paripueira têm se esforçado para inibir o uso excessivo de protetor solar entre os visitantes das piscinas.

Pesquisas recentes revelam que a maioria dos produtos contém uma substância química, a oxibenzona, que prejudica o processo de crescimento dos corais, além de danificar seu DNA e levar ao seu branqueamento. 

Na Grande Barreira de Corais australiana, o uso do produto já foi banido. É isso, aliás, o que se pretende fazer em Paripueira daqui a dois anos, segundo os biólogos locais, que hoje enfrentam dificuldade para convencer os turistas a respeitar o ambiente.

Por mais que expliquem que os corais são criaturas extremamente frágeis, em risco iminente de extinção, a cena se repete: minutos antes de o catamarã ancorar próximo às piscinas, os turistas põem-se a besuntar o corpo freneticamente, preocupados em proteger a pele e curtir o prazer imediato de se refestelar sob o sol num calor de 40°C.

Com calça e camiseta comprida anti-UV (raios ultravioleta), a italiana Nora Ferrero, 27, considerou o uso excessivo pelos brasileiros. Ela contou que passou só um pouco no rosto antes de sair do hotel. “Na Europa, já há uma consciência crescente sobre o impacto desses produtos.”

De volta à areia fina, a solidão segue companheira.

À direita do ponto de partida dos catamarãs, a praia convida a fazer uma caminhada ou a banhar-se sem pressa ao sabor constante das marolas, distraindo-se em adivinhar a coloração das águas mansas, ora verdes, ora azuis.

É preciso, porém, ficar atento aos trechos impróprios para o banho que existem em algumas localidades. No que depende da natureza, estamos em um paraíso, mas, no que depende da ação do homem, nem sempre: a falta de saneamento básico ainda é um problema na região. Relatórios de balneabilidade divulgados na internet pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA) de Alagoas auxiliam na 
procura por praias limpas.

Vamos combinar assim: neste verão, um olho na maré e o outro na situação das praias.

 

Para antes de mergulhar

– O Pratagy Beach Resort e o Jatiuca Hotel e Resort, em Maceió, trabalham com agências que organizam transfer e passeios

– A Luck faz o translado Maceió-Paripueira a partir de R$ 40 (ida e volta)

– O Mar & Cia. realiza passeios às piscinas a partir de R$ 50/pessoa

– O Instituto do Meio Ambiente de Alagoas divulga a situação de praias

– Para acompanhar o movimento das marés, consulte os sites climatempo.com.br/tabua-de-mares e tabuademares.com/br

Fonte: Folha de S.Paulo