Perto de Orlando, St. Pete une praias de cinema a museu de Salvador Dalí

As sirenes dos tratores e os guindastes que fazem do horizonte um canteiro de obras a perder de vista entregam que St. Petersburg é a aposta da vez da Flórida, a região dos Estados Unidos mais visitada por brasileiros, para atrair o turista que quer ir além dos parques temáticos.

Mais conhecida por sua abreviação, St. Pete foi eleita em 2020 a praia preferida dos americanos. Não é preciso consultar o TripAdivsor, portal onde ocorreu a votação, para descobrir isso. A predominância do turismo local invade os ouvidos e os olhos, seja por meio do “R” retroflexo que marca o sotaque dos americanos, seja pelo tom alaranjado de seus corpos, tomados por bronzeamento artificial.

Mas St. Pete também quer atrair estrangeiros. Não à toa. A cidade está a 170 quilômetros —ou 90 minutos— de Orlando, o que faz dela um destino ideal para quem já conhece bem os castelos de Cinderela e de Harry Potter e quer belas praias para descansar da andança nos parques e nos outlets.

Embora seja uma cidade de médio porte, com 250 mil habitantes, a área onde se concentram os turistas, conhecida como Downtown St. Pete, não tem mais do que 20 mil moradores, a maioria na casa dos 50 anos. Não é, portanto, a praia ideal para quem busca badalo, como Miami, mas é uma boa aposta para famílias com crianças ou para qualquer um que procure tranquilidade.

Inaugurado há três anos, o píer, principal atração do município, tem seu último andar ocupado por um bar, o Pier Teaki. Num contraste com o restaurante, a cafeteria e a sorveteria dos pisos inferiores, ali até se improvisa uma pista de dança com DJ ao entardecer, mas o verdadeiro charme do local está em se sentar para tomar um drinque com a vista para o Golfo do México.

Pudera. Conhecida como a Cidade do Sol, St. Pete já registrou 768 dias ensolarados consecutivos, uma marca superlativa do fim da década de 1960 que até hoje estampa o Livro Guinness dos Recordes.

O sol faz das praias, que combinam água cristalina e morna com areia fina e branca, a principal atração do destino —não só de St. Pete, mas também de cidades vizinhas, localizadas a não mais do que 30 quilômetros de distância.

Um bom roteiro da região não pode deixar de fora, portanto, uma visita a Clearwater, também tida outrora como a praia favorita dos americanos, e a Dunedin, uma cidade de influência escocesa que é a mais antiga do condado.

Vale ainda conhecer Pass-a-Grille, talvez a melhor praia da região para assistir ao pôr do sol, e Tarpon Springs, de origem grega, que é conhecida como a capital mundial das esponjas marítimas, onde se pode fazer um passeio divertido de barco para mergulhar, pescar ou mesmo coletar as esponjas.

A paisagem ensolarada ganha contornos tão encantadores quanto ao ser vista por meio de uma caminhada ou de passeios guiados, estes para quem tem menos medo de converter o real para dólar. Em St. Pete, uma boa aposta é o tour de bicicletas elétricas, as eBikes, que percorrem todo o centro turístico em três horas ao preço médio de US$ 200, equivalentes a cerca de R$ 1.045, por pessoa.

Para descansar ao fim de um passeio, não há como não se encantar com os piqueniques cheios de charme feitos sob medida no gramado do Vinoy Park, localizado em frente à orla da praia. Os pacotes variam de US$ 300 para uma dupla a US$ 500 para um quarteto —há ainda versões luxuosas, para ocasiões como um pedido de casamento, por US$ 800.

Embora a paisagem natural seja seu principal atrativo, St. Pete também tem um lado cult. A cidade, que já serviu como cenário para centenas de filmes, de “Winter, o Golfinho” a “Magic Mike”, tem um distrito de artes com dezenas de murais de grafite instagramáveis, mais de 50 galerias e dois museus —o de Dale Chihuly, artista americano que faz esculturas de vidro que parecem ter vindo do País das Maravilhas de Alice, e o de Salvador Dalí.

Criado a partir do acervo de uma família de colecionadores abastados da Flórida, o Museu Dalí tem obras como “Aranha da Noite” e “Criança Geopolítica Observando o Nascimento do Homem Novo”, as primeiras telas que o surrealista fez depois de se exilar nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, além de “A Desintegração da Persistência da Memória”, uma releitura daquela que talvez seja uma de suas obras mais famosas.

Com o dólar acima dos R$ 5, St. Pete não é, como qualquer cidade americana, um dos destinos mais baratos para passar as férias. No entanto, para aqueles que já estão dispostos a quebrar o cofrinho numa visita à terra do Mickey, uma esticadinha até o litoral será sem dúvida encantadora.

O jornalista viajou a convite do Visit Florida

Fonte: Folha de S.Paulo