Prefeita de Amsterdã quer reformar bairro de prostituição para proteger profissionais de turistas

A primeira prefeita da história de Amsterdã anunciou nesta quarta (3) planos para a reforma do famoso “Red Light District”, bairro de prostituição da cidade, e das vitrines em que as mulheres se apresentam, em um esforço para protegê-las contra curiosos e turistas desordeiros.

No que seria a mais radical intervenção sobre o comércio sexual na cidade desde que a Holanda legalizou a prostituição, quase duas décadas atrás, Femke Halsema propôs proibir a exibição de profissionais do sexo nas vitrines.

Ela disse que as medidas são necessárias devido a mudanças sociais, entre as quais a ascensão do tráfico de pessoas e a elevação no número de turistas que visitam o bairro e usam seus celulares para registrar e distribuir fotos.

“As circunstâncias nos forçam, porque Amsterdã muda”, disse Halsema em uma entrevista antes do anúncio das propostas.

“Creio que muitas mulheres que trabalham lá se sentem humilhadas, alvo de risadas. Essa é uma das razões para que estejamos pensando em mudar”, ela disse.

Há quatro possíveis cenários em estudo: eliminar as vitrines expostas à rua, acelerar o processo de licenciamento das profissionais que usam as vitrines, reduzir o número de bordéis no centro da cidade, ou fechá-los de vez e transferi-los para outros locais.

Os planos também incluem uma proposta mais ousada, com a criação de uma “zona erótica urbana” com controle de entrada, semelhante a um sistema usado em Hamburgo,na Alemanha.

As opções serão apresentadas aos moradores antes que uma delas seja escolhida e colocada em votação no Legislativo municipal, ainda este ano.

Os esforços passados para controlar a região geraram protestos das mulheres e de empresas envolvidas nesse negócio.

A prefeita disse que não existem planos para proibir a atividade na capital.

“Legalizamos a prostituição porque acreditávamos e ainda acreditamos que a prostituição legal dá à mulher a oportunidade de ser autônoma e independente.”

As mudanças têm três objetivos principais, segundo ela. Proteger as prostitutas contra condições de trabalho degradantes, reduzir o crime e reviver o bairro, criado 500 anos atrás e classificado pela Unesco como parte do Patrimônio Cultural da Humanidade, junto com os canais de Amsterdã.

A reação inicial das mulheres foi pouco entusiástica.

“Se as vitrines forem fechadas, as profissionais do sexo trabalharão clandestinamente e será preciso muito mais gente para regulamentar e fiscalizar isso. Assim, não creio que vá funcionar”, disse Foxxy Angel, que trabalha sob um pseudônimo.

Tradução de Paulo Migliacci

Fonte: Folha de S.Paulo