Rio aposta em roteiros alternativos e ao ar livre para impulsionar o turismo

Pela manhã, encarar uma trilha no Parque Nacional da Tijuca e aproveitar um mergulho na cachoeira do Horto. À tarde, almoçar em um restaurante com mesas na calçada e tomar sol na areia da praia.

No Rio de Janeiro, a expectativa das autoridades é de que as diversas opções de lazer ao ar livre despontem como um atrativo especial para os turistas, pelo menor risco de contaminação pela Covid-19 nesses espaços. Com o avanço da vacinação, a pandemia está mais controlada, mas ainda não chegou ao fim.

As autoridades municipais também avaliam que, com 76% de toda a população com o esquema vacinal completo e taxas de ocupação hospitalar em queda acentuada, o Rio aparece como uma das opções mais seguras para os viajantes.

“O Rio é uma cidade muito aberta, e, pós-Covid, acredito que a tendência é que as pessoas procurem isso. Uma cidade que tem mar, montanha, onde se pode fazer trilhas incríveis, cachoeiras, esporte ao ar livre”, afirma Daniela Maia, presidente da RioTur, empresa de turismo do município.

A expectativa de Alfredo Lopes, presidente do Hotéis Rio (Sindicato dos Meios de Hospedagem do Rio de Janeiro) e do Conselho Deliberativo da ABIH-RJ (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), é de que a maioria dos hotéis tenha 100% de ocupação no Réveillon.

No dia 22 de novembro, a 40 dias da virada, a primeira prévia da ocupação hoteleira indicava 78% de reservas confirmadas para o ano novo no Rio, bem acima dos 58% registrados no mesmo período no ano passado. Mesmo em 2019, antes da pandemia, o percentual de 80% foi atingido apenas em meados de dezembro.

Num primeiro momento, com a alta do dólar e o receio de contaminação em voos mais longos e em destinos onde a Covid-19 volta a crescer, a retomada do turismo deve ser impulsionada pelo mercado interno.

O aeroporto internacional do Galeão prevê um total de 624 mil passageiros durante o mês de dezembro, um aumento de 79% em relação ao mesmo período do ano anterior. O aeroporto espera receber 4.200 voos, sendo 540 internacionais e 3.660 domésticos, o que corresponde a uma retomada de 65% dos assentos que se tinha antes da pandemia no mercado nacional, e de 27% no internacional.

Ainda que os estrangeiros movimentem mais dinheiro na cidade, o secretário municipal de Turismo, Bruno Kazuhiro, acredita que é possível compensar essa perda com uma maior arrecadação junto ao mercado nacional. Ele diz que existe uma grande demanda reprimida de pessoas que querem voltar a viajar e que o Rio aparece como um destino de destaque para paulistas, mineiros, goianos e moradores do Distrito Federal.

“O Rio não é só a beleza natural. É a carioquice, o estilo de vida. O turista vem para experimentar o ‘carioca way of life’, para andar de chinelo, comer na mesa na calçada, ir a pé para a praia de sunga, tudo o que a gente vive que o cara não está acostumado a viver na cidade dele”, acredita.

Kazuhiro também diz que a Prefeitura tem como objetivo estimular a descentralização do turismo na cidade e impulsionar destinos fora do circuito tradicional Corcovado-Pão de Açúcar. Assim, o turista que já visitou o Rio pode decidir voltar para conhecer novos lugares, e o viajante que já chegou pode ter vontade de ficar por mais dias.

“O Rio tem cultura em Madureira, história em Santa Cruz, gastronomia em Vargem Grande. Diversas áreas podem ser melhor divulgadas”, afirma.

Uma das iniciativas da Prefeitura para fomentar o turismo e gerar empregos será a oferta de cursos de capacitação e qualificação em áreas da hotelaria e do setor de bares e restaurantes a partir de março. A secretaria projeta atender 1.200 alunos por ano. “A gente quer mostrar para os empreendedores que vale a pena investir no Rio.”

Segundo Kazuhiro, a expectativa para este verão é igualar ou superar a arrecadação com o ISS (Imposto sobre Serviços) em relação aos anos anteriores à pandemia. No verão de 2019/2020, a cidade arrecadou R$ 50 milhões nos serviços que envolvem o turismo.

As taxas de ocupação nos hotéis cariocas vêm crescendo a cada mês. O 15 de novembro representou o melhor feriado prolongado de 2021 em termos de ocupação, com 95%. No feriado de Nossa Senhora de Aparecida (12/10), a média foi de 86,70%, ultrapassando Independência (7/9), com 85,70%, e Finados (2/11), com 85,66%.

Embora o turismo corporativo, fomentado por reuniões e eventos profissionais que acontecem na cidade, ainda não tenha se recuperado, a projeção é de que o turismo de lazer cresça ainda mais nos próximos meses.

Lopes, do Hotéis Rio, diz que as medidas de segurança adotadas no início da pandemia, como medição de temperatura, álcool em gel e procedimentos de limpeza, seguirão valendo nos hotéis. Hoje, o uso de máscaras em espaços fechados ainda é obrigatório na cidade.

Presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) no Rio de Janeiro, Pedro Hermeto afirma que a projeção do setor é muito boa para a retomada do turismo, com um aumento importante no faturamento. “A expectativa decorre inclusive porque o sujeito passou dois anos confinado. Ele quer sair, celebrar a vida, se permitir benesses que ficaram limitadas.”


Serviço

ESCADARIA SELARÓN

Obra arquitetônica decorada com azulejos coloridos pelo artista chileno Jorge Selarón, localizada entre a Lapa e Santa Teresa.

R. Manuel Carneiro — Santa Teresa. Gratuito.

PRAIAS DE GRUMARI E PRAINHA

Praias da zona oeste do Rio de Janeiro, a 50 quilômetros do centro da cidade. Em geral mais calmas e reservadas, com águas transparentes e uma linda paisagem.

Avenida Estado da Guanabara — Recreio dos Bandeirantes, Grumari. Gratuito.

PEDRA DO SAL/LARGO DA PRAINHA

Região da Saúde, no centro do Rio, marcada pelas rodas de samba e por boas opções gastronômicas.

Largo São Francisco da Prainha — Saúde. Gratuito.

Fonte: Folha de S.Paulo

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