Suíça tem parque aquático com neve derretida e visita a ursos

É verão na Europa. A neve que cobria os alpes suíços agora derrete, formando rios irresistíveis principalmente em Berna, a capital administrativa da Suíça, onde as correntezas do Aare se transformam em um parque aquático ao ar livre.

À primeira vista, os olhos demoram a ajustar, mas é isso mesmo: águas esverdeadas correm trazendo banhistas, que entram no rio não para um banho tranquilo, mas, sim, para uma flutuação rio abaixo.

Eles levam bolsas à prova d’água (“dry sacks”, o “must” do verão suíço, à venda em todo canto) e descem boiando de costas batendo papo com amigos, deitados em boias coloridas ou, ainda, em pequenos botes infláveis.

Um dos pontos mais populares do verão de Berna é o parque Marzili, onde uma multidão se apinha para tomar sol nos gramados e aproveitar as piscinas tradicionais com trampolim, banheiros e cafés.

O parque fica à beira do rio Aare, cuja margem vira um desfile de gente em roupa de banho subindo os dois quilômetros até o Camping Eichholz: aqui começa a flutuação, que termina justamente em Marzili.

“Só entre se você for um bom nadador. E fique mais para o meio do rio, não perto da margem”, avisa o guia Patrick Bolzli, que faz passeios gratuitos pela cidade em troca de gorjetas (é possível agendar pelo site freewalkingtoursbern.ch/).

Bolzli conta que o rio chega a correr dois metros por segundo, e que não são raras as histórias de acidentes. No começo do verão, o filho de um político da Indonésia morreu afogado, e seu corpo só foi encontrado duas semanas depois.

No dia seguinte à visita da reportagem, outra pessoa morreu afogada.

O Aare é um afluente do Reno e o rio mais longo (295 km) inteiramente dentro da Suíça, abraçando o centro medieval de Berna, um Patrimônio Mundial da Unesco.

A capital de 144 mil habitantes fica no meio do caminho entre suas irmãs mais famosas, Genebra e Zurique, a maior cidade suíça e cujo rio Limmat é também destino popular no verão por conta de sua leve correnteza (visite o bar Panama para a melhor vista dos banhistas se decidir curtir sem se molhar).

“Em Berna, temos um ritmo diferente de Zurique. Eles diriam que somos o povo mais lento da Suíça, e nós não temos nenhum problema com isso”, brinca Bolzli.

Enquanto os locais se refrescam nas águas geladas do Aare, às vezes pulando da ponte de pedestres Schönausteg, os visitantes costumam se distrair com os ursos, símbolo da cidade.

O animal está por todos os lados em Berna, seja na sua bandeira, nas dezenas de fontes de água —melhor lugar para se abastecer e economizar em um dos países mais caros do mundo—, e até mesmo escondido no logo montanhesco do chocolate Toblerone, fabricado exclusivamente lá.

De verdade, há apenas três ursos na capital: Björk, Finn e a filha Ursina, que podem ser visitados no Bärengraben, um poço de concreto construído em 1857. Desde 2009, o poço de 630 metros quadrados traz passagens para um parque de 6.000 metros quadrados, parte do zoológico municipal.

Quando seus funcionários saem para esconder comidas para os ursos no parque, o trio é levados até o poço, onde se pode contemplá-lo sem ter que pagar ingresso do zoo.

A paixão de Berna por ursos vem de longe. Uma das lendas diz que seu fundador, o duque Berchtold 5º, decidiu o nome da cidade (“bären” é urso em alemão) após sair para caçar e dar de cara com o animal, no século 12.

Quatro centenários depois, os locais já tinham o costume de exibir ursos, o primeiro capturado como espólio de guerra.

Quando o poço Bärengraben surgiu no século 19, mais de dez ursos viviam ali, uma tradição que chegou às portas do século 21. Em 2013, o governo finalmente cedeu às críticas e deu início às reformas para conectá-lo ao Bären Park.

Fonte: Folha de S.Paulo