Turbulência derruba avião? Entenda por que não e o que fazer para ficar tudo bem

Muita gente tem medo de voar de avião. Esse medo fica ainda maior quando, vez ou outra, a imprensa noticia casos como o que fez um avião da Lufthansa sofrer uma queda de altitude que deixou sete passageiros feridos.

A boa notícia é que, apesar de ser uma situação bastante assustadora, nenhuma turbulência é capaz de derrubar um avião em pleno voo. Mas nem por isso as consequências de atravessá-las sem o devido cuidado devem ser subestimadas.

Imagine o ar como uma massa densa e fluida, como o mar. Os aviões voam sustentados pelo ar tal qual os barcos viajam sustentados pela água. Assim como a água do mar, o ar também se movimenta de acordo com variações de temperatura, pressão e também dos ventos. Quando o avião atravessa uma área assim, com instabilidades no ar, acontece o fenômeno da turbulência.

Algumas áreas de turbulência são previsíveis, como quando há uma tempestade se formando. Nesses casos, os radares meteorológicos informam os operadores (pilotos e controladores) sobre as instabilidades de uma determinada área, que desviam as aeronaves dali e seguem o voo normalmente. Mas existem também as chamadas “turbulências de céu claro”, como a que o avião da Lufthansa atravessou, que mesmo com todas as tecnologias disponíveis, ainda não podem ser previstas.

As turbulências de céu claro, como o nome indica, não estão associadas a tempestades. Elas são causadas por movimentações naturais do ar (o ar frio desce, o ar quente sobe… lembra disso?) e só são percebidas quando algum avião as atravessa e, então, informa os operadores e os aviões que vêm atrás dele sobre o que está acontecendo.

Nessas situações, que não são corriqueiras, mas também não são raras, até mesmo os pilotos são surpreendidos. E tudo o que não estiver preso ao avião pode sofrer dano —desde um copo ou um celular que está sobre a mesinha de apoio até um passageiro sem o cinto de segurança.

Mas por que turbulência não derruba aviões?

Basicamente, porque eles são flexíveis —o que também pode parecer meio assustador, mas, acredite, é o que nos salva das turbulências. Ao atravessar áreas de instabilidade, é comum que passageiros relatem que as asas do avião balançam muito. Isso acontece justamente para compensar as trepidações que os movimentos instáveis do ar causam no avião.

Nesse caso, a maleabilidade das asas é o que garante que elas não vão ceder com os atritos do ar. Não à toa, elas têm ficado cada vez mais flexíveis à medida que os aviões se modernizam. No caso do gigante Airbus A350 XWB, a aeronave mais moderna da família Airbus, já toda construída em fibra de carbono, as asas podem se deslocar em um intervalo de até cinco metros sem quebrar. Essa resistência é verificada ainda durante o desenvolvimento do avião, nos chamados “teste de flexão de asa”, um dos vários testes pelos quais um avião passa antes de finalmente decolar.

O que fazer em casos de turbulência?

Enquanto os fabricantes desenvolvem aviões cada vez mais seguros, e os operadores e controladores estão sempre se comunicando para identificar e evitar áreas de instabilidade, os passageiros também podem fazer sua parte para que as turbulências não levem a complicações maiores.

Basta usar o cinto de segurança devidamente afivelado —e nada mais.

Como a maioria dos voos acontece sem nenhum percalço, alguns passageiros podem achar que o uso do cinto de segurança é uma mera formalidade. Mas não é. E a inércia explica isso. Durante as turbulências, tudo que não estiver devidamente preso ao corpo do avião fica inerte (parado) até que uma outra força aja sobre ele.

Peguemos o exemplo de um passageiro sem cinto, por exemplo, durante uma turbulência severa. Qualquer pequena perda de altitude, de menos de dois metros, já é suficiente para que este passageiro bata a cabeça nos bagageiros superiores —e, em seguida, caia sobre as poltronas, se machucando ainda mais. Isso porque, como ele não está preso ao avião, a resposta do seu corpo à perda de altitude acontece com atraso.

Mas, calma, não há motivo para pânico. Se esse passageiro estiver com o cinto de segurança afivelado, assim que a aeronave sofrer a perda de altitude, o cinto vai “puxar” esse passageiro para baixo quase que instantaneamente. Neste caso, o pior que pode acontecer é você se molhar com a bebida que estava apreciando quando a turbulência começou.

Fonte: Folha de S.Paulo

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