Basílica de São Pedro reabre no Vaticano: Itália ‘acende as luzes’

Freiras visitam a Basílica de São Pedro na reabertura — Foto: Vincenzo Pinto/AFP

A Basílica de São Pedro, em Roma, abriu suas portas ao público nesta segunda-feira (18) de manhã, símbolo do retorno a uma relativa normalidade à Itália, onde o desconfinamento se acelera, com a retomada das missas e reabertura tímida de lojas e cafés.

Na presença de vários policiais usando luvas e máscaras cirúrgicas, um punhado de visitantes, seguindo as marcações no chão para respeitar uma distância mínima de 1,5 m, entrou na Basílica, fechada desde 10 de março, depois de medir a temperatura e desinfetar as mãos com álcool em gel, constatou a AFP.

Sob a enorme cúpula com mármore esculpido e policromado, os fiéis podiam ser contados com os dedos de uma mão, alguns recolhidos em oração de joelhos diante do túmulo do falecido papa João Paulo II.

– “Máscaras no nariz!” -“Máscara no nariz!”, ordena um membro da gendarmeria do Vaticano aos fiéis tentados a abaixar um pouco a máscara obrigatória para respirar melhor.

Primeiro país a confinar há mais de dois meses toda a sua população para conter a pandemia de coronavírus, a península lamenta a morte de aproximadamente 32.000 pessoas.

No entanto, o país experimenta desde 4 de maio um pouco de liberdade, graças ao primeiro levantamento parcial das restrições.

No domingo, os romanos pareciam se reapropriar da cidade eterna, sem nenhum turista estrangeiro e com poucos carros, mas atravessada por um número crescente de corredores, caminhantes e ciclistas, a maioria com máscaras.

Em Veneza, as gôndolas compareceram para oferecer seus serviços aos habitantes da cidade na ausência de turistas. Em Milão, as luxuosas lojas de moda abriram novamente suas portas, embora com poucos clientes.

Hoje vários pequenos e grandes comércios, salões de beleza, bares e restaurantes, foram autorizados a reabrir.

“A Itália acende as luzes após 69 dias de fechamento”, resumiu o jornal “La Repubblica”.

“Sinal de esperança” para o papa Francisco, as missas e as celebrações religiosas foram retomadas nas igrejas de Roma e no resto do país, com medidas adequadas de distanciamento social.

Algumas lojas penduraram cartazes de protesto pelo fechamento prolongado e o atraso na atribuição de ajuda econômica: “Sem a ajuda do governo, não podemos abrir”, dizia a porta de uma conhecida loja de eletrodomésticos da capital.

– “Ainda um pouco cedo” -“Não podemos nos dar ao luxo” de esperar pela descoberta de uma vacina para reabrir o país, justificou no sábado à noite o presidente do Conselho Italiano, Giuseppe Conte.

“Nossos princípios permanecem os mesmos: proteger a vida, a saúde dos cidadãos. Mas devemos fazê-lo de maneira diferente”, argumentou ele, enquanto a epidemia parece estar sob controle.

A propagação da pandemia parece estar sob controle e o saldo de mortos voltou a cair nesta segunda-feira para menos de 100 nas últimas 24 horas, pela primeira vez em dois meses.

Em Roma, pizzarias, confeitarias e outros comércios se prepararam para a reabertura nos últimos dias. Nesta segunda, algumas fachadas estavam abertas, mesas reapareceram nos terraços, mas a retomada parece limitada.

“Ainda é um pouco cedo, vai ficar agitado esta tarde”, quer acreditar Elena, que veio tomar seu café da manhã perto da praça Campo dei Fiori.

Essa etapa do desconfinamento deixa a cada uma das 20 regiões uma ampla margem de manobra, às vezes alimentando “confusão” segundo certas vozes críticas.

Como em toda a Europa, à medida que o levantamento das restrições avança, a imprensa italiana se debruçou sobre as medidas planejadas, decifrando o que é autorizado e “o que permanece proibido”.

Família, amigos, colegas, agora os italianos poderão ver quem quiserem, em casa ou fora. No entanto, grandes reuniões seguem proibidas, como festas particulares. A máscara é obrigatória em espaços fechados com público.

A próxima etapa está prevista para 25 de maio, com a reabertura de academias, piscinas e centros esportivos. Em 3 de junho, o país reabrirá suas fronteiras aos visitantes do espaço Schengen e, portanto, aos turistas europeus, a fim de relançar o setor do turismo o mais rápido possível.

Fonte: G1