O que são milhas aéreas e como começar a juntar

Viajantes precisam ter cuidado com a data de expiração das milhas e se companhia aérea tem tabela variável. — Foto: Frame Harirak

O que são milhas, como funcionam e como começar a juntá-las: muitos brasileiros ainda têm dúvidas sobre conceitos básicos deste universo.

O g1 conversou com duas viajantes experientes, que são especialistas no tema, para tirar algumas dúvidas sobre conceitos básicos da milhagem e formas de acúmulo.

Uma delas é a Livia Pereira, do blog Viajando com Livia, que dá dicas, desde 2018, de como aproveitar as milhas para comprar passagens aéreas. Em suas redes sociais, ela tem mais de 450 mil seguidores.

A outra especialista é a Rafaela Molas, que ministra cursos sobre o tema há quatro anos, reunindo mais de 200 mil seguidores em suas redes.

Veja a seguir perguntas e respostas sobre milhas:

  1. O que são milhas e onde acumular?
  2. Qual a diferença entre milhas e pontos?
  3. Uma milha é quanto em real?
  4. Vale a pena acumular milhas apenas viajando?
  5. Por onde começar a juntar milhas?
  6. Como ocorre a pontuação no cartão de crédito?
  7. Como fazer a transferência de pontos para virar milhas?
  8. Como multiplicar os pontos que eu juntei?
  9. Quais cuidados devo ter para não perder as milhas?

1. O que são milhas e onde acumular?

As milhas são como uma retribuição das companhias aéreas a clientes pelo uso de seus serviços, uma moeda de troca: quanto mais viagens ou serviços eu adquiro, mais milhas eu acumulo. E, com estas, é possível emitir uma passagem aérea. É uma estratégia das empresas para fidelizar clientes.

Outros caminhos que dão acesso a milhas são o acúmulo de pontos por meio do uso cartão de crédito e/ou de compras de produtos e serviços em lojas parceiras dos programas de recompensas dos próprios bancos.

Assim, os pontos acumulados podem ser transferidos para os programas de fidelidade das companhias aéreas e transformados em milhas.

Para juntá-las, é necessário ter cadastro em programas de fidelidade das empresas aéreas. Segundo Rafaela Molas, alguns dos principais no mercado brasileiro, hoje, são:

  • Latam: Latam Pass
  • Gol: Smiles
  • Azul: TudoAzul
  • TAP Air Portugal: TAP Miles&Go

Alguns dos principais programas de pontos/recompensas dos bancos são:

  • Livelo: Bradesco, Banco do Brasil e de algumas cooperativas;
  • Esfera: Santander;
  • iupp: Itaú;
  • Átomos: C6 bank;
  • Pontos CAIXA: Caixa Econômica Federal.

Importante: se você está usando um cartão de crédito que pontua, você acumula pontos no programa de recompensas do banco que o emitiu. Exemplo: se você tem um cartão do Itaú, é no programa iupp que você vai acumular os pontos. A mesma lógica serve para os outros bancos.

Há outras formas de juntar milhas, mas, segundo as especialistas, as apresentadas acima são suficientes para quem está começando.

Rafaela Molas ministra cursos sobre como acumular milhas há quatro anos. — Foto: Reprodução/Instagram/@rafaela.molas

2. Qual a diferença entre milhas e pontos?

Em geral, os pontos são gerados nos programas de pontos das instituições financeiras, enquanto as milhas são acumuladas nas companhias aéreas, destaca Rafaela Molas.

Contudo, quando se trata das empresas aéreas, o nome pode mudar. “Pontos e milhas são uma nomenclatura bagunçada no Brasil. A Latam, por exemplo, chama de pontos e a Smiles, de milhas. Cada empresa dá um nome”, diz Livia Pereira.

“O mais importante é saber que você está juntando uma moeda virtual e que vai trocá-la por um serviço que uma empresa oferece”, reforça.

3. Uma milha é quanto em real?

Livia diz que é preciso, mais uma vez, entender as milhas como uma moeda virtual, cujo valor varia de empresa para empresa e que também pode oscilar por data de viagem.

Livia Pereira dá dicas em suas redes sociais de como aproveitar milhas para viajar, desde 2018. — Foto: Reprodução/ Instagram/@livia.apereira

“Tem companhias aéreas que trabalham com uma tabela fixa: um trecho Brasil e Europa, custa 50 mil milhas, por exemplo. Já em outras, você tem uma tabela que varia de acordo com a data, mesmo que seja para um mesmo trecho”.

Por isso, a dica dela para quem está começando é definir um destino específico para uma determinada data. A partir daí, você pode entrar nos sites das companhias aéreas e pesquisar quantas milhas/pontos você vai precisar juntar para conseguir emitir uma passagem.

4. Vale a pena acumular milhas apenas viajando?

Para quem viaja esporadicamente, acumular milhas somente viajando não é a melhor opção. — Foto: Frame Harirak

Para quem só viaja de vez em quando, essa não é a melhor opção, diz Livia.

Ela explica que a pontuação por viagem nas companhias aéreas ocorre por tarifa. Então, se uma pessoa viaja esporadicamente e paga uma tarifa barata, ela não vai conseguir juntar uma boa quantidade de milhas.

“Isso vale mais a pena para quem viaja a trabalho toda semana, por exemplo, e a empresa paga uma tarifa alta na passagem, de R$ 2 mil. Se você for esperar para juntar em viagens esporádicas, de R$ 200, não faz nem cócegas”, ressalta.

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5. Então, por onde começar a juntar milhas?

Para quem nunca juntou milhas, portanto, a dica das especialistas é começar a acumular por meio do uso do cartão de crédito, que acumula pontos por meio dos programas de recompensa.

O primeiro passo mais óbvio é adquirir, portanto, um cartão de crédito que pontue, diz Rafaela Molas.

Nem todo mundo sabe, mas existe cartão que não acumula ponto. Para saber se o seu pontua, basta entrar no site das instituições financeiras – que são obrigadas a fornecerem essas informações – ou ligar direto para o banco.

Além disso, ela orienta que o usuário se cadastre nos programas de fidelidade das companhias aéreas – não se esqueça que, depois de juntar os pontos, estes precisam ser transferidos para os programas das companhias para que você consiga emitir a passagem.

“Se eu fosse começar hoje, eu concentraria todos os meus gastos em um cartão para juntar a quantidade de pontos suficientes para comprar, em milhas, a passagem que eu quero”, diz Rafaela.

Já Livia Pereira lembra da importância de ter uma boa gestão financeira do cartão, já que muita gente no Brasil se endivida usando o crédito. É preciso controle para não gastar além dos ganhos e procurar um cartão de crédito que se adeque à sua renda.

6. Como ocorre a pontuação no cartão de crédito?

A maioria dos cartões de crédito pontua em dólar, apesar de já existirem serviços que fazem a conversão em real.

Atualmente, os bancos oferecem cartões que geram de 1 a 4 pontos para cada US$ 1,00 gasto, podendo ter gradações. Por exemplo: tem cartão no mercado que concede 1,4 ponto ou 1,75 ponto para cada dólar e assim por diante.

Essas informações também podem ser consultadas nos sites dos bancos. Geralmente, um cartão que dá mais ponto por dólar, exige que a pessoa tenha uma renda maior.

No final do mês, então, como vou saber quantos pontos eu juntei? Bom, vamos supor que o seu cartão conceda 1 ponto para cada US$ 1,00 gasto: se você gastou R$ 5 mil e a cotação do dólar for de R$ 5, isso quer dizer que você juntou 1 mil pontos naquele período.

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7. Como eu faço a transferência de pontos para virar milhas?

Essa transferência vai ocorrer por meio do site do programa de pontos. Um exemplo: se você é cadastrado no Esfera do Santander, é por meio deste site que você vai transferir para o programa da companhia aérea. É o mesmo processo para os outros bancos.

8. Como multiplicar os pontos que eu juntei?

Apenas juntar pontos nos programas não basta para conseguir emitir uma passagem aérea com milhas.

“No mundo das milhas, tudo é baseado em promoção. Se você fizer um para um apenas, não tem muita vantagem. A dica é saber o dia certo de transferir os seus pontos para a companhia aérea”, conta Livia.

Na prática, ela está se referindo a promoções de empresas de aviação chamadas “transferências bonificadas”, onde um bônus é concedido para transferências de pontos dos bancos para as companhias aéreas, em um determinado período.

Ela dá um exemplo hipotético: vamos supor uma promoção que diga que se você transferir os seus pontos da Livelo para Smiles entre hoje e amanhã, você ganha 100% de bônus.

“Supondo que você tem 10 mil pontos na Livelo e vai mandar para a Smiles: de graça, você dobra os seus pontos na companhia aérea [ou seja, você fica com 20 mil pontos]”, explica Livia.

Para ficar por dentro das promoções, você vai precisar ativar as notificações dos aplicativos e sites dos programas das aéreas.

Compras nas lojas parceiras

Uma outra forma de turbinar as milhas são as compras de produtos e serviços em lojas parceiras dos programas de pontos dos bancos, diz Rafaela Molas.

Esses programas costumam ter parcerias com grandes redes de varejo, como lojas de eletrodomésticos, eletrônicos, móveis, calçados, roupas, postos de gasolina, etc.

E, quando você compra algum produto dessas lojas por meio dos links nos sites dos programas, você automaticamente gera pontos por cada real gasto.

Para mim, essa é uma das maneiras mais poderosas de juntar milhas: fazer compras em lojas parceiras de itens que você já iria comprar, fazer os gastos do dia a dia”, conta Rafaela.

Porém, a dica dela não para por aí. Mais uma vez é preciso aproveitar as promoções. Isso porque, em alguns momentos, os programas multiplicam a quantidade de pontos gastos por real, na venda de um determinado produto. Rafaela dá um exemplo de uma compra recente:

“Eu aproveitei para comprar um iPhone em uma promoção que você ganhava 10 milhas por cada real gasto. Juntei 50 mil pontos”, conta.

“Se eu esperar para fazer a transferência em um dia de promoção, com 100% de bônus, eu vou então acumular 100 mil milhas, que é praticamente uma viagem de ida e volta para os EUA, por exemplo”, ressalta.

9. Quais cuidados devo ter para não perder as milhas?

Na gestão das milhas, um dos principais cuidados é ficar de olho na data de validade do benefício para não perdê-lo. Depois que as milhas vencem, você já não pode mais usá-las.

É preciso se atentar ainda à quantidade mínima de pontos necessários exigida pelas companhias aéreas para fazer a transferência da pontuação dos cartões para os programas de fidelidade, diz Rafaela.

Além disso, tem companhia aérea que trabalha com tabela variável, que muda de acordo com período de férias escolares, feriados, etc. Então, o preço vigente em milhas pode não ser o mesmo do período em que você pesquisou a passagem.

Por outro lado, é mais difícil encontrar uma vaga em voos de companhias aéreas com tabela fixa durante períodos de alta temporada. “É como se eles liberassem menos assentos em milhas em datas com muita demanda”, alerta Rafaela.

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Fonte: G1

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