Por que Disney e governador da Flórida estão em pé de guerra

Walt Disney World emprega cerca de 75.000 pessoas na Flórida — Foto: Getty Images via BBC

A nova ação legal escala a batalha entre a gigante do entretenimento e o político republicano, tido como forte concorrente à Casa Branca.

Eles estão travando uma guerra de declarações e ações judiciais, em um desentendimento que começou depois que a Disney criticou uma lei estadual que proíbe a discussão sobre orientação sexual ou identidade de gênero nas escolas primárias.

A Disney agora está processando a Flórida, depois que as autoridades estaduais anularam um acordo envolvendo o parque temático da empresa no Estado. A companhia disse que medidas de DeSantis para assumir o controle sobre suas operações ameaçam seus negócios e violam seus direitos constitucionais. A empresa pede que a Justiça impeça o governo estadual de anular o acordo.

“A Disney lamenta que tudo tenha chegado a esse ponto”, disse a divisão de parques da empresa no processo, aberto em um tribunal federal da Flórida.

“Mas, tendo esgotado os esforços para buscar uma solução, a empresa não tem escolha a não ser abrir este processo para proteger seus membros, convidados e parceiros de desenvolvimento local de uma campanha implacável para armar o poder do governo contra a Disney em retaliação por expressar uma opinião política que é impopular entre certos funcionários do Estado.”

DeSantis — que atualmente está no exterior em uma viagem ao redor do mundo — defende que as medidas do Estado são para remover regalias especiais para a empresa que não são mais de interesse público.

A certa altura, ele disse que o Estado não “se curvaria a executivos ‘woke’ da Califórnia”. (O termo ‘woke’ pode ser usado como insulto por alguns, enquanto outros se autodefinem com orgulho como alguém woke, ou atento contra a discriminação e a injustiça. Entenda mais sobre o temo aqui)

“Não temos conhecimento de nenhum direito legal que uma empresa tenha de operar seu próprio governo ou manter privilégios especiais não concedidos a outras empresas no Estado”, disse seu diretor de comunicações, Taryn Fenske, em resposta ao processo.

“O processo é mais um exemplo infeliz de sua tentativa de contrariar a vontade dos eleitores da Flórida e operar fora dos limites da lei.”

DeSantis é visto como um potencial candidato republicano à presidência dos EUA — Foto: Getty Images via BBC

O que está por trás da briga?

A briga com a Disney — que abriu o Walt Disney World na Flórida em 1971 e é um dos maiores empregadores do Estado — deu destaque ao perfil de DeSantis, no contexto em que ele é amplamente visto como um potencial candidato republicano à presidência dos EUA.

Ele apoiou medidas como a proibição do aborto após seis semanas e a lei que proíbe a discussão sobre orientação sexual e identidade de gênero para alunos com menos de dez anos.

O Estado expandiu a proibição para mais faixas etárias este mês.

A Disney criticou essa lei no ano passado, após sofrer pressão de seus funcionários.

Depois disso, os deputados estaduais da Flórida votaram para reestruturar o distrito especial que havia sido criado há mais de 50 anos para supervisionar o desenvolvimento da terra ao redor da Disney World, que inclui quatro parques temáticos, dezenas de hotéis e locais de entretenimento.

As mudanças deram a DeSantis o poder de nomear membros para o conselho administrativo do distrito, removendo essa autoridade dos proprietários de terras no distrito de 100 quilômetros quadrados. A Disney é o maior dos proprietários.

“Há um novo xerife na cidade”, declarou DeSantis sobre a mudança.

Antes que o novo conselho fosse instalado, no entanto, a Disney chegou a um acordo de última hora, delineando o escopo do desenvolvimento no distrito e dando à Disney o direito de revisar quaisquer mudanças nas propriedades dentro de seus limites.

O contrato limitava os poderes da nova diretoria e incluía termos válidos em perpetuidade ou até “21 anos após a morte do último sobrevivente dos descendentes do rei Charles 3º, rei da Inglaterra”.

DeSantis disse que estuda uma série de novas medidas, incluindo novos impostos, pedágios e até a abertura de uma prisão estadual perto dos parques.

Bob Iger, que comanda a Walt Disney Company, disse que a briga de DeSantis com a empresa de “anti-negócios” e “anti-Flórida”.

No processo, a empresa disse que planeja investir US$ 17 bilhões no Walt Disney World na próxima década, observando que “desenvolvimento e investimento dessa magnitude não podem ocorrer efetivamente quando podem ser anulados ou prejudicados pelo capricho de uma nova liderança política”.

Ele disse que a aprovação do mais recente acordo de desenvolvimento veio com aviso público adequado, inclusive em um jornal local.

Michael Allan Wolf, professor de direito e especialista em governo local e leis de propriedade da Universidade da Flórida, disse que “o que o governador e o Legislativo têm feito teve um efeito cumulativo” e afirmou que “não devemos nos surpreender que a Disney esteja reagindo”.

Wolf disse que a empresa parece ter um caso forte – e aponta que outras empresas estão acompanhando para ver o desfecho da disputa.

“Pode-se perguntar genuinamente… outras empresas farão o mesmo tipo de investimento para concretizar visões ambiciosas no estado da Flórida se não tiverem mais a garantia de que o estado um dia não lhes tirará o tapete?”, disse.

A briga com a Disney parece estar em desacordo com as visões conservadoras tradicionais contra a interferência do governo nos direitos comerciais, o que gerou críticas de alguns republicanos a DeSantis.

O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que pode ser desafiado por DeSantis a se tornar o candidato republicano à presidência, disse que o governador foi “superado, enganado e envergonhado pelo Mickey Mouse”.

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Fonte: G1