Variante ômicron e economia fraca freiam contratações do turismo no país

Setor de turismo se recupera no Brasil apesar da chegada da ômicron

Setor de turismo se recupera no Brasil apesar da chegada da ômicron

A retração da atividade em diferentes setores da economia brasileira no fim do ano passado e a chegada da variante ômicron ao país frearam, em dezembro de 2021, o ciclo de criação de empregos formais no turismo brasileiro.

Os dados são da pesquisa Monitor Turismo, elaborada pela professora da Universidade de São Paulo (USP) Mariana Aldrigui com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, obtida com exclusividade pela GloboNews.

Depois de quase 2 milhões de vagas fechadas na pandemia, 2021 foi um ano de recuperação do mercado de trabalho no turismo. No último mês do ano, no entanto, essa retomada perdeu força: em dezembro, foram criadas 3.726 vagas – menos de 10% dos 38.964 postos de trabalho gerados em novembro, melhor resultado do ano.

Segundo o estudo, o saldo de vagas criadas em dezembro, ou seja, a diferença entre as contratações e a demissões, foi o mais baixo em oito meses.

Apenas três outros meses de 2021 registraram números piores do que os contabilizados em dezembro: janeiro, com 2.215 saldo positivo de vagas e março e abril, os dois únicos meses do ano com saldo negativo (- 3.580 e – 4.987 vagas, respectivamente).

Um ano antes, em dezembro de 2020, a criação de vagas havia registrado um saldo positivo de 12.097 vagas. Veja abaixo a evolução mensal desses dados:

Saldo de vagas formais no turismo — Foto: Economia g1

Na avaliação da pesquisadora Mariana Aldrigui, o avanço da vacinação contra a Covid-19 e a antecipação nas reservas para as viagens e eventos de final de ano “estimularam as contratações entre agosto e novembro e o pequeno aumento em dezembro.

“Quando chega o comecinho de dezembro, vem a sinalização da variante ômicron e, junto com isso, a percepção de quais seriam os gastos do mês de janeiro. Essa dupla combinação, a variante ômicron, mais a perspectiva do aperto da inflação, e das próprias instabilidades que todos estavam sentindo no final do ano. Então muitos empresários não ampliaram as vagas”, explica.

O Monitora Turismo é feito com base em dados de 571 atividades diferentes do Caged. É um universo amplo, que, ao longo do ano passado, respondeu por cerca de 10% do total dos empregos formais no país, de acordo com a pesquisadora.

Recuperação desigual entre estados

Ao longo de 2021, o Brasil registrou de 163.050 contratações a mais do que a quantidade de demissões no turismo, segundo a pesquisa. O estudo aponta, porém, que essa geração de postos de trabalho formal se deu de forma desigual entre os estados.

Em São Paulo, por exemplo, muito puxado pela retomada do turismo de negócios e também o de lazer, foram criados ao todo 43.709 empregos formais durante o ano passado. Em seguida, aparece Minas Gerais, com 17.273 empregos gerados.

Já o estado do Rio de Janeiro registrou 14.577 vagas a mais do que o total de demissões. No entanto, diferentemente dos outros dois estados, ainda não recuperou totalmente as perdas da pandemia, com 4.508 de postos de trabalho ocupados no turismo a menos do que a quantidade registrada antes da chegada do novo coronavírus ao país.

2022 desafiador

Na avaliação da pesquisadora Mariana Aldrigui, este ano será desafiador para o setor de turismo. E a perspectiva é até de um saldo positivo de novas vagas, mas não na proporção registrada em 2021.

“Para o Brasil, o setor do turismo em 2022 vai ser um setor ainda mais abalado. Embora a gente veja mais flexibilidade e mais pessoas podendo viajar. O que vai acontecer? Começa com instabilidade do cenário eleitoral, que afeta o econômico, quem é pequeno empresário ou profissional liberal adia planos e fica esperando uma sensação de maior segurança”, explica a professora.

“A gente tem de lembrar que a flutuação do dólar afeta os nossos preços, mesmo que as viagens sejam no Brasil, porque mexem com o preço da passagem aérea. E a inflação que vai mexendo com as rendas das famílias”, diz.

Fonte: G1