20/01/201802h05Aos 90 anos, o pesquisador Isaías Raw mantém a mesma inquietude dos tempos de estudante de medicina da USP. “Sempre me meti com aquilo que não era a minha obrigação profissional”, disse à Folha em seu gabinete no Instituto Butantan, em São Paulo, onde, embora aposentado, passa boa parte de seus dias.
À essa característica se soma boas doses de orgulho pessoal e um espírito iconoclasta e combativo. “Se eu tenho uma ideia, eu preciso vender esse ideia; não para ganhar medalhões, mas para chegar na frente do espelho e dizer: consegui fazer”.
Na entrevista a seguir, Raw fala de sua trajetória dentro e fora do laboratório, dos desafios que encontrou no Instituto Butantan e de sua luta para desenvolver uma indústria nacional de vacinas.
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Folha – O sr. sempre se aventurou fora do laboratório. Pode contar um pouco dessa trajetória?
Isaías Raw – Sempre me meti com aquilo que não era a minha obrigação profissional. Quando entrei na universidade percebi a necessidade de mudar o ensino de ciência. Aula no quadro negro não serve para ensinar ciência. O que um aluno precisa é aprender a ler, estudar e entender o conteúdo dos livros e dos artigos.
