Imigrantes ilegais do Brasil são vistos como “bem-vestidos” pelos oficiais americanos na fronteira

Apesar de não estarem entre as cinco nacionalidades com maior volume de imigrantes ilegais nos Estados Unidos, os brasileiros sempre acabam chamando a atenção dos oficiais norte-americanos. Segundo eles, as pessoas vindas do Brasil são diferentes dos imigrantes dos demais países.

“Muitos brasileiros são muito bem vestidos, têm muitas malas bonitas e têm dinheiro. Eles não são parecidos com os imigrantes típicos tentando entrar ilegalmente no país”, destaca Gloria Chavez, chefe de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA, do setor de El Paso, Texas.

“Não vemos muitos brasileiros neste setor, mas o interessante é que, quando encontramos os brasileiros, eles sempre aparecem com roupas melhores. Acredito que a maioria dos brasileiros tenta entrar em outros setores, porque acho que eles sabem que a área é bastante violenta no lado mexicano, com muitos carteis”, complementa o chefe adjunto da divisão do CBP em Laredo, Greg Burnwell. Segundo ele, entre os 51 mortos registrados neste ano fiscal, iniciado em outubro de 2021, até maio, não há ninguém de nacionalidade brasileira.

Mas, conforme os dados do CBP, o número de brasileiros que tentam entrar nos Estados Unidos voltou a crescer depois de 2020. Contudo, o Brasil não está entre os cinco países com maior volume de imigrantes ilegais encontrados pelas autoridades norte-americanas. Entre abril e maio, por exemplo, o número de imigrantes brasileiros ilegais saltou 60,8%, para 5.404. Segundo fontes oficiais, o estado brasileiro com maior número de deportados é Minas Gerais, destino dos voos fretados pelo governo dos EUA para a repatriação.

Gloria Chavez, do CBP, reconhece que há poucos imigrantes brasileiros na região e destaca que as organizações criminosas sempre acabam levando os ilegais onde encontram mais facilidades para cruzar a fronteira dos Estados Unidos com o México.

Brunwell lembra que o monitoramento da fronteira em Laredo é feito de forma intensiva, por cerca de 1,8 mil agentes em sete bases de monitoramento espalhadas pelas 135 milhas (217,2 quilômetros) da fronteira. Eles atuam por terra, pelo rio e pelo ar, incluindo a utilização de drones equipados com câmeras com visão noturna. Os drones podem custar até US $100 mil, dependendo dos equipamentos acoplados.

Os oficiais alertam sobre os riscos da travessia e orientam aos que estiverem precisando de socorro que o façam por telefone, discando 911, ou apertando o botão vermelho de uma das 13 torres de emergência instaladas ao longo da linha de fronteira, com instruções em várias línguas, inclusive português. Assim que o botão é pressionado, as equipes de resgate são acionadas, podendo chegar em, no mínimo, meia hora.

Fontes próximas ao governo americano contam que muitos brasileiros, quando são pegos, reclamam para as autoridades que pagaram (para traficantes de pessoas) para entrar nos EUA e acham que têm direito de ficar por causa disso. Alguns montam famílias fictícias com documentos falsos, com pais e filhos que não se conhecem, e acabam sendo descobertos pelos agentes de imigração quando as crianças são entrevistadas sem os adultos.

Vale lembrar que os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, que tem uma balança comercial deficitária com a maior economia global. De janeiro a maio deste ano, o déficit bilateral somou US $7,1 bilhões, dado 144,8% superior ao saldo negativo de US $2,9 bilhões registrado no mesmo período de 2021.

Fonte: Brazilian Press