4,6 bilhões de anos-luz: telescópio James Webb faz imagem mais nítida e profunda do universo

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Crédito, NASA/ESA/CSA/STScI

Legenda da foto,

Imagem do aglomerado de galáxias na constelação de Volans no Hemisfério Sul, conhecido pelo nome de SMACS 0723

A primeira imagem colorida divulgada pelo novo telescópio espacial James Webb é considerada a visão infravermelha mais profunda e detalhada do Universo até hoje, contendo a luz das galáxias que levaram bilhões de anos para chegar até nós.

A imagem foi mostrada ao presidente dos EUA, Joe Biden, durante um encontro na Casa Branca.

Na terça-feira(12/07) a Nasa (agência espacial americana) divulga outras imagens feitas pelo equipamento.

O presidente norte-americano Joe Biden quis ressaltar o investimento do país no telescópio: “Essas imagens vão lembrar ao mundo que os Estados Unidos podem fazer grandes coisas e lembrar ao povo americano – especialmente nossos filhos – que não há nada além de nossa capacidade”.

“Podemos ver possibilidades que ninguém jamais viu antes. Podemos ir a lugares que ninguém jamais foi antes.

O James Webb, lançado em 25 de dezembro do ano passado, custou US$ 10 bilhões (cerca de R$ 53 bilhões) e é o sucessor do famoso telescópio espacial Hubble.

Ele fará diversos tipos de observações do céu, mas os dois principais objetivos são sondar planetas distantes para investigar se eles podem ser habitáveis e fazer imagens das primeiras estrelas a brilhar no Universo há mais de 13,5 bilhões de anos.

O que é visto na imagem é um aglomerado de galáxias na constelação de Volans no Hemisfério Sul, conhecido pelo nome de SMACS 0723.

O aglomerado em si está a cerca de 4,6 bilhões de anos-luz de distância. Ou seja, o telescópio vê no passado.

É a consequência de a luz ter uma velocidade finita em um cosmos vasto e em expansão.

Ao sondar cada vez mais fundo, o objetivo é recuperar a luz das estrelas pioneiras à medida que elas se agruparam nas primeiras galáxias.

O Webb, com seu espelho dourado de 6,5 m de largura e instrumentos infravermelhos supersensíveis, conseguiu detectar nesta imagem a forma distorcida (os arcos vermelhos) de galáxias que existiam apenas 600 milhões de anos após o Big Bang (o Universo tem 13,8 bilhões de anos).

Os cientistas afirmam que, pela qualidade dos dados produzidos pelo Webb, telescópio detecta o espaço muito além do objeto mais distante nesta imagem.

Como consequência, é possível que este seja o campo de visão cósmico mais profundo já obtido.

Crédito, NASA

Legenda da foto,

O James Webb é tão grande que precisa ser dobrado para caber no nariz de seu foguete de lançamento

De onde viemos?

O telescópio empreende também uma pergunta muito básica e feita há muito tempo: de onde viemos?

Quando o Universo foi formado no Big Bang, continha apenas hidrogênio, hélio e um punhado de lítio. Nada mais.

Todos os elementos químicos da tabela periódica mais pesados ​​do que estes três tiveram que ser formados nas estrelas.

Todo o carbono que constitui os seres vivos; todo o nitrogênio na atmosfera da Terra; todo o silício nas rochas — todos estes átomos tiveram que ser “fabricados” nas reações nucleares que fazem as estrelas brilhar e nas poderosas explosões que acabam com sua existência.

Nossa planeta é resultado das primeiras estrelas e de suas descendentes que “semearam” o Universo com o material para fazer as coisas.

Os cientistas da Nasa estão confiantes sobre os resultados do James Webb.”Eu vi as primeiras imagens e elas são espetaculares”, disse uma das chefes do projeto, a cientista Amber Straughn.”Eles são incríveis em si mesmos como imagens. Mas o que elas sugerem para as nossas pesquisas é o que me deixa tão animada”, disse ela à BBC News.

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Fonte: BBC