Autoridades de Portugal encontram brasileiros em situação de exploração sexual e no trabalho

Apesar de as nacionalidades não serem divulgadas oficialmente, o Portugal Giro apurou que parte dos imigrantes foram seduzidos ainda no Brasil com promessas de uma vida e trabalho melhores, mas acabaram submetidos a situações humilhantes. O drama só chegou ao fim porque o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) reforçou em novembro o combate contra a exploração, tráfico de seres humanos e imigração irregular.

No Porto, uma rede de exploração de prostituição identificou 25 mulheres e a maioria era brasileira. Segundo o SEF, “a organização recrutava no estrangeiro e operava em um armazém sem luz natural”.

Para evitar comunicações com o exterior, havia bloqueadores dos sinais das redes de telefonia celular. Os quartos eram pequenos e tinham grades nas janelas. O local foi fechado, três mulheres serão deportadas e os exploradores, indiciados.

O mesmo aconteceu na região de Santarém, onde inspetores começaram a investigar em 2019 um caso de exploração sexual de 50 mulheres imigrantes, entre elas brasileiras. Metade estava em situação ilegal no país.

A portuguesa proprietária do local é conhecida na região e obteve lucros “indevidos com a exploração sexual de mulheres estrangeiras, cuja atividade de fundo sexual indicia ocorrências de tráfico de pessoas”, informou o SEF.

Em Paredes, após receber uma denúncia, os agentes descobriram em uma construtora sete operários que seriam recrutados no Brasil e em Portugal com promessas de bons salários, o que não acontecia. Uma prática que tem sido comum na construção civil.

Documentos foram apreendidos e os gerentes foram indiciados. Há suspeita de tráfico de pessoas para exploração no trabalho e auxílio à imigração ilegal. As vítimas teriam começado o processo para obter autorização de residência.

Com estas operações, Portugal aumenta o combate à imigração ilegal ao mesmo tempo em que flexibiliza as leis para quem busca emprego com o novo visto de trabalho regular.

Após os estrangeiros terem mais facilidade e amparo jurídico para morar no país enquanto procuram emprego, os órgãos de imigração tendem a continuar com as operações até zerar o desembarque irregular para fins de trabalho.

No balanço de operações no período de um ano, ao qual o Portugal Giro teve acesso, o SEF realizou 54 investigações em locais de trabalho, sete em exploração agrícola e habitações e identificou 569 estrangeiros, sendo 35 em situação irregular.

Em 2021, o SEF encontrou 54 vítimas de tráfico de pessoas e 45 em exploração laboral, mas nenhum brasileiro. Atualmente, o órgão de imigração tem 30 inquéritos em curso e investiga 44 pessoas e 25 empresas.

Fonte: Brazilian Press