BBC 100 Women: quem está na lista de mulheres inspiradoras e influentes de 2021

Cartaz 100 women

A BBC divulgou nesta terça-feira (7/12) sua lista anual de 100 mulheres inspiradoras e influentes de todo o mundo.

Em 2021, o projeto 100 Women destaca aquelas que estão fazendo um ‘reset’ — ou seja, mulheres fazendo sua parte para reinventar nossa sociedade, nossa cultura e nosso mundo.

Estão na lista Malala Yousafzai, a mais jovem vencedora do Prêmio Nobel da Paz, a primeira mulher primeira-ministra de Samoa, Fiamē Naomi Mata’afa, a professora Heidi J Larson, que chefia o Vaccine Confidence Project, e a aclamada autora Chimamanda Ngozi Adichie.

A lista inclui também uma brasileira: a microbiologista e divulgadora científica Natalia Pasternak Taschner, que trabalhou no combate à desinformação no país durante a pandemia de covid-19.

As mulheres do Afeganistão são metade da lista deste ano, algumas das quais aparecem sob pseudônimos e sem fotos para sua própria segurança. O ressurgimento do Talebã em agosto de 2021 mudou a vida de milhões de afegãos — meninas foram proibidas de receber educação secundária, o ministério da mulher foi dissolvido e em muitos casos mulheres foram proibidas de voltar ao trabalho. A lista deste ano reconhece o escopo de sua bravura e suas realizações ao reconfigurar suas vidas.

  • Escritora e poeta premiada, cujos artigos e poesias desafiam normas patriarcais na cultura afegã.

    Após estudar jornalismo, Lima Aafshid trabalhou como repórter independente e comentarista por mais de cinco anos.

    Ela também é membro da Sher-e-daneshgah, a Associação de Poesia da Universidade de Cabul, que realizou sessões virtuais de poesia durante a pandemia para ajudar seus mais de 200 membros a manterem um senso de comunidade apesar da crise sanitária.

    *A queda do Afeganistão foi como afundar na mesma lama com a qual lutamos por 20 anos. Espero, no entanto, que nós possamos nos erguer como um ramo, alcançando a luz em meio ao escuro da floresta.

  • Halima Aden, a primeira supermodelo a usar um hijab, é descendente somali, mas nasceu em um campo de refugiados no Quênia. Em 2017, ela assinou contrato com uma das maiores agências de modelos do mundo, IMG Models, adicionando uma cláusula ao seu contrato que garante que não será solicitada a tirar o hijab em seus trabalhos como modelo.

    Ela foi a primeira modelo a usar um hijab na capa da Vogue britânica, da Allure e da edição de maiô da Sports Illustrated. Aden faz campanha para melhorar a conscientização e a visibilidade das mulheres muçulmanas e foi embaixadora da Unicef ​​para os direitos das crianças.

    Em 2020, ela deixou de ser modelo por considerar a profissão incompatível com sua fé muçulmana, mas continua a deixar sua marca na indústria da moda e além.

    *Vimos nossos trabalhadores de linha de frente passarem por medidas extremas para nos manter seguros durante a pandemia, e eu oro para que valorizemos seus sacrifícios. Podemos redefinir o mundo avançando com gratidão.

  • Advogada criminal e fundadora do escritório de advocacia só de mulheres Headfort Foundation, que oferece serviços jurídicos pro-bono.

    Com base em Lagos, a equipe jurídica de quatro pessoas visita prisões para ajudar detentos pobres e injustamente encarcerados que não conseguem obter fiança, assim como cidadãos que enfrentam longas prisões preventivas (na Nigéria, aqueles que aguardam julgamento representam cerca de 70% da população carcerária). Oluyemi Adetiba-Orija e sua equipe se concentram em infratores menores de idade, oferecendo a eles outra oportunidade de vida fora da prisão.

    Desde que começou a operar em 2018, a fundação forneceu assistência jurídica gratuita a mais de 125 pessoas acusadas de infrações de menor gravidade.

    *Para que o mundo seja redefinido, todos nós temos um papel a cumprir! Se manifeste, defenda e apoie boas causas, garantindo liberdade e segurança para o mundo.

  • Ela organizou uma rede de mais de 400 jovens mulheres ativistas da província de Nangarhar, no leste do Afeganistão, para viajar a distritos próximos e ajudar sobreviventes de violência doméstica.

    Como ativista política e social, Muqadasa Ahmadzai tomou para si a responsabilidade de ajudar mulheres e suas comunidades ante a crescente desinformação na pandemia de Covid-19. Ela foi membro do Parlamento Jovem do Afeganistão, onde defendeu os direitos das mulheres e das crianças.

    Em 2018, ela recebeu o prêmio N-Peace, dado pelo programa de desenvolvimento da ONU a mulheres de destaque na construção da paz e resolução de conflitos.

    *Eu nunca vivi uma mudança tão repentina — como se o governo nunca tivesse existido. A nossa única esperança agora é que as próximas gerações possam preencher as lacunas e reformar o sistema, mas isso só será possível com apoio internacional.

  • A misoginia e a opressão de mulheres está no cerne do trabalho desta artista visual afegã. Rada Akbar sempre usou a arte como meio para falar e dar às mulheres a visibilidade que elas merecem na sociedade.

    Desde 2019, ela organiza a exposição anual ‘Superwomen’ (Abarzanan) para marcar o Dia Internacional da Mulher em 8 de março e para celebrar o papel central que as mulheres desempenharam na história de seu país. Até recentemente, ela trabalhava para abrir um museu da história da mulher em Cabul ou em outro lugar.

    Ela acredita que sua arte ajuda a denunciar as leis sociais que condenam as mulheres por causa de valores políticos, econômicos e religiosos.

    *O Afeganistão e seus cidadãos foram abusados e violados por extremistas e líderes mundiais durante décadas. Mas nunca deixamos de trabalhar por um país progressista e viveremos em um Afeganistão livre e próspero novamente.

  • Com uma experiência pessoal de deficiência física, Abia Akram é ativista do movimento das pessoas com deficiência desde 1997. Quando ainda era estudante, ela iniciou o Special Talent Exchange Program (STEP).

    Ela é a primeira mulher do Paquistão a ser nomeada coordenadora do Fórum de Jovens com Deficiência da Commonwealth. Akram é fundadora do Fórum Nacional de Mulheres com Deficiências e tem feito campanha pela implementação da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiências e Desenvolvimento Inclusivo.

    Ela também está trabalhando para incluir a deficiência na Agenda 2030 da ONU e em seus objetivos de desenvolvimento sustentável.

    *Para redefinir o mundo após a pandemia de Covid-19, devemos agir em conjunto para melhorar todos os aspectos de nossas sociedades nos quais o ‘novo normal’ será construído, e devemos ver um desenvolvimento muito mais inclusivo como resultado.

  • Atriz premiada de TV, cinema e teatro e ativista dos direitos humanos, Leena Alam é conhecida por participar de programas de TV feministas no Afeganistão como Shereen e Killing of Farkhunda, que conta a história de uma mulher afegã que foi falsamente acusada de queimar o Alcorão e foi linchada publicamente por uma multidão de homens enfurecidos.

    Alam fugiu do Afeganistão nos anos 1980 e atualmente mora nos EUA, mas continua a contar histórias de seu país.

    Em 2009, ela foi nomeada embaixadora da paz da Missão de Assistência da ONU no Afeganistão.

    *Levamos décadas para reconstruir com muito sangue e sacrifício. Ver tudo desabar em um piscar de olhos é de partir o coração, mas a luta deve continuar, desta vez com bases mais fortes.

  • Importante acadêmica em filosofia e ciências sociais, dra. Alema foi vice-ministra de direitos humanos e sociedade civil do Ministério para Paz. Ela também é fundadora do comitê independente de Participação Política da Mulher e uma famosa defensora dos direitos das mulheres.

    Com PhD em filosofia na Alemanha, dra. Alema tem mais de 20 anos de experiência em análise de conflitos.

    Ela escreveu livros sobre as relações internacionais germano-afegãs e empoderamento das mulheres no Afeganistão. É também instrutora profissional e moderadora em direito humanitário com foco em refugiados, imigrantes e pessoas deslocadas.

    *Meu sonho é um Afeganistão livre e democrático, no qual os direitos civis sejam protegidos com base em uma Constituição moderna e o direito das mulheres de participar em todas as esferas da vida como cidadãs iguais seja garantido.

  • Com deficiência visual desde o nascimento, Sevda Altunoluk é uma jogadora profissional de golbol (esporte em que equipes de três jogadores com deficiência visual ou com os olhos vendados tentam jogar uma bola com sinos no gol adversário).

    Eleita a ‘melhor jogadora de golbol do mundo’ pelos Jogos Paralímpicos, ela foi artilheira em duas Paralimpíadas, dois campeonatos mundiais e quatro campeonatos europeus. Altunoluk ajudou a equipe feminina da Turquia a ganhar o ouro paralimpíco na Rio-2016 e em Tóquio-2020.

    Nascida em Tokat (Anatólia), ela se formou em educação física em Ancara.

    *A deficiência não deve ser vista como um obstáculo, mas como uma oportunidade de autoexpressão.

  • Bibliotecária e amante de livros, Wahida Amiri é graduada em direito e manifestante. Quando o Talebã tomou o poder no Afeganistão, ela não podia mais trabalhar em sua biblioteca, então foi às ruas de Cabul — e se juntou a inúmeras mulheres em uma marcha coletiva para pedir à comunidade internacional que apoiasse os direitos das mulheres afegãs ao trabalho e à educação.

    Desde que o Talebã proibiu os protestos, Amiri se reuniu com outras mulheres para promover leituras e debates.

    Sua biblioteca está em funcionamento desde 2017, e Amiri diz que, sem seus livros, ela perde sua identidade.

    *O mundo não nos respeitou como seres humanos. Mas, enquanto o Afeganistão atravessa a destruição, nós revivemos a esperança por meio de protestos, exigindo justiça e incentivando a leitura de livros.

  • Como especialista em clima que trabalha para acelerar a mudança rumo ao transporte livre de emissões, Mónica Araya tem conduzido campanhas de sustentabilidade nas Américas e na Europa — incluindo a iniciativa cidadã ‘Costa Rica Limpia’, que ajudou o país a consolidar sua posição como líder mundial em energia renovável.

    Araya é conselheira especial do campeão da ONU para ação climática em questões de transporte. Ela também é consultora da RouteZero, campanha para obter mobilidade com emissão zero, e é uma bolsista ilustre da ClimateWorks Foundation.

    Seus TEDTalks têm quase quatro milhões de visualizações combinados e foram traduzidos para 31 idiomas. Em 2016, Araya se juntou à maior expedição feminina do mundo à Antártida.

    *É hora de redefinir o que consideramos ‘normal’. Reduzir nossa demanda por gasolina e diesel é fundamental e ajudará a obter apoio político para outras transformações sociais muito necessárias.

  • Ela fez história neste ano quando se tornou a primeira mulher negra a ser eleita para o Senedd ou Parlamento galês desde sua formação, em 1999.

    Integrante do partido conservador e membro regional do parlamento pelo Sudeste do País de Gales, Natasha Asghar é ministra de Transporte e Tecnologia do chamado “shadow cabinet”, o gabinete paralelo formado pela oposição para fiscalizar o primeiro-ministro britânico. Ela espera lançar um cartão de viagem que incentive os moradores e turistas do País de Gales a usar o transporte público e estimule o crescimento econômico.

    Antes de entrar para a política, ela trabalhou como bancária, apresentadora de TV e DJ de rádio, e já escreveu dois livros.

    *Unidos, devemos percorrer o difícil caminho para uma nova normalidade e aproveitar as oportunidades apresentadas para otimizar a maneira como vivemos e trabalhamos a partir de agora.

  • Primeira fábrica de reciclagem de papel do Afeganistão, a Gul-e-Mursal foi fundada pela empresária Zuhal Atmar. Com formação em economia e negócios, ela montou essa fábrica dirigida por mulheres em Cabul em 2016. Ela gerou 100 empregos, 30% dos quais ocupados por mulheres, da operação ao marketing.

    A fábrica coleta resíduos e papéis não confidenciais de ONGs e processa quase 35 toneladas de papéis por semana, reciclando-os em papel higiênico vendido em todo o país.

    Atmar tem sido voz importante sobre como é difícil para as mulheres obter o apoio financeiro de que precisam para abrir e administrar um negócio no Afeganistão.

    *Como o futuro se parece? Os sonhos, os objetivos e as esperanças de jovens e mulheres foram destruídos.

  • Ex-trabalhadora doméstica, Marcelina Bautista é diretora do Centro de Apoio e Treinamento para Trabalhadores Domésticos (CACEH) do México, que fundou há 21 anos. Ela faz campanha para obter direitos desfrutados por outros trabalhadores, incluindo salários justos e licença médica, e para melhorar seu status social.

    Sua iniciativa combina educação para trabalhadores, empregadores e membros da comunidade. Bautista participou ativamente das negociações que levaram o governo mexicano a aderir formalmente a um acordo internacional de trabalho que protege os trabalhadores domésticos da exploração, violência e condições inseguras de trabalho.

    Em 2010, ela recebeu na Alemanha o Prêmio Internacional de Direitos Humanos do Friedrich Ebert Stiftung.

    *Mudar o mundo significa mudar as condições de milhões de trabalhadores domésticos, principalmente mulheres, que trabalham em casa enquanto outros se desenvolvem profissionalmente. Essa desigualdade social só vai acabar quando o trabalho doméstico receber o reconhecimento que merece.

  • Ativista social e defensora dos direitos humanos, Crystal Bayat é conhecida por seus protestos contra a tomada de poder pelo Talebã em 2021.

    Ela foi uma das sete mulheres que organizaram um protesto em Cabul no dia 19 de agosto, dia da independência do Afeganistão. Bayat começou um doutorado em Gestão Pública neste ano, mas o programa foi interrompido quando o Talebã assumiu o controle do país.

    Ela mora atualmente nos EUA, de onde continua lutando para preservar avanços de direitos humanos no Afeganistão. Ela também pretende terminar o doutorado e escrever um livro.

    *Ultimamente, eu quero fazer parte de qualquer futura mudança democrática no Afeganistão. Meu sonho é falar na ONU, pois acredito que o mundo precisa ouvir o que os verdadeiros afegãos, especialmente as mulheres, têm a dizer.

  • Após trabalhar para o governo no palácio presidencial e em outras instalações por anos, Razia Barakzai se descobriu sem emprego quando o Talebã tomou o poder no Afeganistão.

    Desde então, ela se envolveu ativamente nas marchas de Cabul, em que inúmeras mulheres tomaram as ruas para demandar direito ao trabalho e obter educação. Ela também foi uma das mulheres por trás do slogan #MulheresAfegãsExistem, que expõe o medo que tem afastado mulheres afegãs das redes sociais.

    Barakzai tem formação em direito e ciência política e um MBA. Em uma carta escrita à BBC sobre sua experiência como ativista, ela diz: ‘Prefiro morrer pela liberdade que viver na escravidão’.

    *Os escolarizados e os jovens do país, especialmente as mulheres corajosas e guerreiras do Afeganistão, um dia portarão a bandeira da liberdade. Eu vejo isso todos os dias por meio das manifestações de rua.

  • Capitã do time nacional de basquete em cadeira de rodas e importante defensora das mulheres com deficiência, Nilofar Bayat fugiu do Afeganistão para escapar do Talebã. Ela e o marido Ramish, também jogador em cadeira de rodas, eram funcionários da Cruz Vermelha Internacional.

    Quando ela tinha dois anos, um foguete atingiu a casa de sua família, matando seu irmão e ferindo sua medula espinhal. Bayat jogou sua primeira partida de basquete em uma quadra aberta no meio de Cabul, um ponto de inflexão para as atletas no Afeganistão. Ela se tornou uma voz de refugiados que precisam fugir de sua terra natal e criou uma associação para mulheres afegãs.

    Bayat espera jogar basquete novamente.

    *Espero que esse jogo termine no Afeganistão e que a gente não pague o preço da guerra por nem mais um segundo. Eu desejo ver um sorriso de verdade no rosto das pessoas.

  • Codiretora do The DisOrdinary Architecture Project, que reúne artistas com deficiência para inovar em termos de acesso e inclusão no design das construções ao nosso entorno.

    Aliando seu trabalho como arquiteta com ativismo, Jos Boys cofundou o Matrix Feminist Design Collective nos anos 1980 e é uma das autoras de Making Space: Women and the Man Made Environment. Ela trabalhou como acadêmica em diversas instituições internacionais, explorando práticas femininistas para desafiar criativamente pressupostos do design arquitetônico.

    Em 40 anos de carreira, ela aumentou a conscientização de como nossas práticas sociais e materiais cotidianas podem ser usadas para apoiar pessoas com deficiência.

    *Precisamos centrar as experiências diversas de pessoas com deficiência e outros indivíduos marginalizados ao longo do ano passado: reconhecendo isso como um gerador criativo para redefinir nosso ambiente construído como espaços de cuidado coletivo e interdependência.

  • Ela investigou as mortes de 796 crianças no Bon Secours Mother and Baby Home, em Galway, e ficou conhecida por sua cruzada pela “dignidade e verdade”. Como historiadora amadora, Catherine Corless fez uma pesquisa meticulosa durante anos que ajudou a descobrir uma vala comum no antigo local de uma instituição irlandesa para mães solteiras, em que centenas de bebês desapareceram sem nenhuma evidência de seu sepultamento entre os anos 1920 e 1950 .

    Neste ano, o tão esperado relatório sobre estas instituições, em sua maioria administradas por freiras católicas, revelou um “nível terrível de mortalidade infantil” devido a várias doenças, o que levou a um pedido de desculpas por parte do governo irlandês.

    Corless recebeu o Prêmio de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados da Irlanda em reconhecimento ao seu “serviço humanitário excepcional”.

    *Se eu pudesse redefinir o mundo, apagaria a palavra ‘vergonha’. O dicionário a define como “um sentimento doloroso de humilhação, um sentimento de que todo o seu ser está errado”. É uma palavra de cinco letras que carrega energia atômica.

  • Uma das poucas pessoas que trabalham no setor de mudanças climáticas no Afeganistão, Faiza Darkhani é professora-assistente e ex-diretora da Agência Nacional de Proteção Ambiental na província de Badakhshan. Ela também é defensora franca dos direitos das mulheres.

    Darkhani se formou na University Putra Malaysia com um mestrado em Arquitetura Paisagista. Ela escreveu artigos de pesquisa sobre gestão sustentável da paisagem urbana e técnicas inovadoras, como a agricultura vertical para a produção de alimentos em cidades densamente povoadas.

    Ela acredita numa crescente conscientização do público sobre proteção ambiental e na implementação de programas sustentáveis com foco nas mulheres.

    *Destacar-se da multidão é uma decisão corajosa. Você deve seguir seus sonhos e transformá-los em realidade, e o meu sonho é viver em um ambiente limpo e seguro, livre de guerras e de todo tipo de poluição.

  • Uma das maiores especialistas em gênero, tecnologia e direitos humanos, Azmina Dhrodia atualmente trabalha como chefe de política de segurança do aplicativo de relacionamento Bumble. Ela organizou uma carta aberta em julho de 2021, assinada por mais de 200 mulheres de grande visibilidade, pedindo ações concretas para combater o abuso nas redes sociais.

    Ela também é autora de Twitter Tóxico: Violência e Abuso Contra Mulheres Online, um relatório sobre abuso baseado em gênero e sua interseção com classe e raça.

    Dhrodia trabalhou anteriormente com direitos de gênero e dados na World Wide Web Foundation e com várias empresas de tecnologia para criar experiências online mais seguras para mulheres e comunidades marginalizadas.

    *Eu quero um mundo em que os espaços online levem em consideração as experiências das mulheres em seus designs. Um mundo em que as mulheres, sobretudo aquelas com sobreposição e interseção de identidades, possam usar os espaços online de forma igual, livre e sem medo.

  • Fundadora e diretora-executiva da LEARN Afghanistan, Pashtana Durrani é uma professora dedicada à inovação na educação com foco nos direitos das meninas. A LEARN montou escolas em Kandahar e forneceu treinamentos a professores e mentoria a alunos.

    Por meio do aplicativo Rumie (que permite aos alunos consumir experiências de 6 minutos via dispositivos móveis), a organização ajuda garotas a acessar materiais acadêmicos, vídeos e jogos educacionais. A organização também está treinando mulheres em áreas rurais para atuarem como parteiras.

    Durrani é uma jovem representante afegã da ONU e ganhou o prêmio da Malala Fund Education por seus esforços para facilitar o acesso de garotas afegãs à educação.

    *É incrível o quanto o mundo quer nos colocar para baixo por sermos quem somos. Mas não importa quão machucadas, marcadas e feridas estejamos, nós vamos perseverar — não importa o quão longa seja a estrada.

  • Ela é a primeira mulher ministra das Relações Exteriores da Líbia, nomeada para o cargo este ano, além de diplomata e advogada. Durante a Revolução Líbia em 2011, Najla Elmangoush fez parte do Conselho Nacional de Transição e trabalhou na construção de vínculos com organizações da sociedade civil.

    Ela foi a representante da Líbia no Instituto da Paz dos Estados Unidos e trabalhou em programas de construção da paz e direito no Centro para Religiões Mundiais, Diplomacia e Resolução de Conflitos. Disputas políticas internas em seu país pressionaram Elmangoush a renunciar ao cargo, e ela recentemente foi impedida de viajar.

    Ela é formada em direito pela Universidade de Benghazi e é PhD em análise e resolução de conflitos pela Universidade George Mason, nos EUA.

    *O mundo evoluiu muito em 2021 — quero que o mundo comece de novo, traga significado e propósito para nossas vidas e sirva melhor a humanidade como um todo.

  • Ampliar a conscientização sobre direitos das mulheres e meninas à educação é a principal prioridade da professora afegã Shila Ensandost. Ela é formada em estudos religiosos e ensinou em escolas.

    Ela tem participado ativamente na promoção das funções femininas em assuntos políticos e civis, e apareceu na mídia afegã para falar sobre os direitos das mulheres ao trabalho e à educação. Ensandost recentemente participou de uma manifestação pública em Cabul, onde usou um tecido branco semelhante a uma mortalha para protestar contra a opressão das mulheres no país.

    Além de professora, é também membro ativo de diferentes associações de mulheres no Afeganistão.

    *Quero que as mulheres sejam incluídas nos assuntos políticos, sociais e econômicos, que o direito da mulher à educação seja mantido e a violência e as desigualdades contra as mulheres e as minorias sejam erradicadas.

  • Suas peças, exibidas no museu Smithsonian, em Washington, foram inspiradas no estilo tradicional de sua terra natal, o Afeganistão, usando pedras preciosas e padronagens.

    Saeeda Etebari é empresária e designer e fabricante de joias de renome internacional.

    Ela ficou surda após contrair meningite cerebral com um ano de idade em um campo de refugiados e se formou em uma escola para surdos que o seu pai ajudou a fundar. Etebari entrou para o Turquoise Mountain Institute for Arts and Architecture e se especializou em design de joias.

    *As mulheres agora estão desempregadas e somente os homens podem trabalhar. Agora que o regime mudou, minhas esperanças de futuro melhor para o Afeganistão se transformaram em desespero.

  • Força por trás de diversos protestos para combater estereótipos de gênero, a ativista feminista Sahar Fetrat era uma jovem refugiada no Irã e no Paquistão durante o primeiro regime do Talebã. Ela voltou para Cabul em 2006 e abraçou o ativismo feminista quando adolescente.

    Ela incorpora visões feministas na narrativa por meio da escrita e da produção de filmes, por exemplo, em seu documentário sobre assédio nas ruas, Do Not Trust My Silence (2013). Fetrat trabalhou com o setor de educação da Unesco no Afeganistão e com a ONG Human Rights Watch.

    Ela tem mestrado em Estudos Críticos de Gênero pela Central European University e atualmente está estudando no departamento de Estudos de Guerra do King’s College, em Londres.

    *Eu espero ver o dia em que o acesso das meninas à educação seja um direito básico e não algo pelo qual lutar. Espero ver meninas afegãs lutando por sonhos mais altos do que as montanhas de sua terra natal.

  • Filantropa, empresária e defensora global de mulheres e meninas. Melinda French Gates define a direção e as prioridades de uma das maiores organizações filantrópicas do mundo em seu papel como copresidente da Fundação Bill & Melinda Gates.

    Ela também é a fundadora da Pivotal Ventures, empresa de investimentos que trabalha para impulsionar o progresso social de mulheres e famílias, e autora do livro best-seller O Momento de Voar.

    French Gates é formada em ciência da computação e possui MBA pela Universidade Duke. Ela passou uma década desenvolvendo produtos de multimídia na Microsoft antes de deixar a empresa para se concentrar em sua família e ao trabalho filantrópico.

    *A pandemia de Covid-19 expôs e intensificou desigualdades profundamente duras em todo o mundo. Colocar mulheres e meninas no centro de nossos esforços de recuperação irá aliviar o sofrimento no presente e construir uma base mais sólida para o futuro.

  • Uma das quatro negociadoras de paz que se sentaram com o Talebã em 2020, tentando buscar um “acordo político justo”. Fatima Gailani é uma líder política e ativista importante que atua com trabalho humanitário há 43 anos.

    Ela foi um dos rostos femininos da resistência afegã à ocupação soviética na década de 1980 e uma porta-voz dos mujahideen afegãos em seu exílio em Londres. Ela voltou ao Afeganistão após a invasão liderada pelos EUA em 2001 e ajudou a escrever a nova Constituição afegã.

    De 2005 a 2016, ela foi presidente da Sociedade do Crescente Vermelho do Afeganistão, e ainda faz parte do conselho da entidade.

    *Anseio por um diálogo nacional significativo que resulte na construção de uma nação de verdade.

  • Diretora de séries originais da gigante do streaming Netflix, Carolina García nasceu na Argentina e foi criada na Califórnia. A dançarina e cantora de formação trilhou seu caminho na indústria do entretenimento depois de começar como estagiária na Twentieth Century Fox.

    Como executiva de criação, ela supervisionou várias séries de sucesso da Netflix, incluindo ‘Stranger Things’, ‘O Mundo Sombrio de Sabrina’, ’13 Reasons Why’, ‘Atypical’ e ‘Criando Dion’.

    Como uma das poucas latinas em cargos de liderança em Hollywood, García trabalha para aumentar a representatividade de latinxs nas telas e destacar suas histórias, já que este grupo étnico agora representa quase uma em cada cinco pessoas da população dos Estados Unidos.

    *Estes últimos anos abalaram a todos nós, mas a vida é curta — por que gastar nosso precioso tempo com medo? Como minha avó diz, “a vida deve ser vivida”, e é hora de ouvirmos minha avó.

  • Escritora canadense-iraniana e cofundadora e presidente da Organização Queer Iraniana (IRQO).

    Baseada em Toronto, a organização trabalha para proteger os direitos de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros que vivem no Irã ou foram forçados ao exílio, e também monitora violações aos direitos de homossexuais no Irã.

    A poeta Saghi Ghahraman fundou em 2010 a Gilgamishaan Books, que tem como foco a literatura queer iraniana. Ela é uma editora e escritora aclamada internacionalmente de quatro volumes de poesia, bem como de vários artigos. Seu trabalho é conhecido por desafiar as normas e se manifestar contra a heteronormatividade.

    *Quando o mundo for reiniciado, ele deverá incluir cada um de nós. O mundo só pode ser livre da covid se redefinirmos “Nós” para incluir pessoas queer em todos os privilégios de que as pessoas não LGBTQIA+ desfrutam naturalmente.

  • Uma cantora, compositora e letrista de talento, Ghawgha atuou na indústria da música por mais de cinco anos. Suas canções – muitas sobre a vida de meninas e mulheres no Afeganistão – têm um grupo fiel de admiradores e suas letras protestam contra a aituação atual.

    Em 2019, ela musicou o poema Eu te dou um beijo no meio do Talebã, de Ramin Mazhar – que viralizou imediatamente na internet. Seu single mais recente, Tabassum, é dedicado “às crianças que tiveram seus sonhos destruídos pela guerra”.

    Ghawgha diz que compõe “porque as guerras intermináveis no meu país nunca permitiram que vivesse em paz”, e suas músicas refletem esse sofrimento.

    *O céu da minha terra natal tem tantas pipas coloridas como mísseis. A cada minuto de cada hora, eu penso no meu povo, especialmente nas mulheres e crianças. O temor pela segurança deles é meu constante companheiro.

  • A Herat Online School, fundada pela educadora Angela Ghayour, tem quase 1.000 alunos e mais de 400 professores voluntários. Ela decidiu agir quando o Talibã instruiu meninas e jovens afegãs a ficarem em casa. Sua escola online oferece mais de 170 aulas diferentes via Telegram ou Skype, que vão de matemática e música a culinária e pintura.

    A própria Ghayour fugiu de Herat para o Irã em 1992, quando a guerra civil começou, e ela perdeu cinco anos de escola por causa do visto temporário da família.

    Tempos depois, ela se qualificou como professora de ensino médio, migrou várias vezes e agora se estabeleceu no Reino Unido.

    *Eu me recuso a reconhecer o chamado mal necessário: a felicidade perpétua acontecerá quando o mundo romper o círculo vicioso da banalidade do mal e não reconhecer o Talebã ou qualquer outro mal.

  • Formadora de opinião no mundo da inteligência artificial (IA), Jamila Gordon é fundadora da Lumachain, uma plataforma mundial que usa IA para conectar elos quebrados em cadeias globais de abastecimento de alimentos.

    Ela nasceu em uma aldeia somali e se tornou refugiada no Quênia quando era adolescente para escapar da guerra civil de seu país. Ela se mudou então para a Austrália e desenvolveu um amor pela tecnologia. Antes de lançar a Lumachain, Gordon atuou como executiva global da IBM e diretora de informações da Qantas.

    Ela foi premiada globalmente pela Microsoft no Desafio Internacional de Empreendedorismo Feminino de 2018 e foi nomeada Inovadora do Ano da Austrália e Nova Zelândia em 2021 no Women in AI Awards.

    *Acredito veementemente no poder da inteligência artificial para possibilitar que pessoas de origens desfavorecidas conquistem seu lugar de direito na sociedade, ao mesmo tempo que ajuda a transformar os negócios.

  • Para ajudar mulheres afegãs a abrirem negócios de tecelagem e vender produtos no exterior sem precisar passar por intermediários caros, Najlla Habibyar fundou a empresa Blue Treasure Inc e o Ark Group. Ela liderou projetos para a Usaid e o Banco Mundial, focando em empoderamento feminino e mudanças climáticas ligados a negócios.

    Entre 2012 e 2015, Habibyar atuou como CEO para a Agência de Promoção de Exportações do governo, ajudando a aumentar as exportações afegãs para o mundo.

    Ela também trabalhou no terceiro setor por mais de 13 anos, apoiando a educação de garotas e criando a ONG Afghan Veracity Care for Unsheltered Families, que atende famílias desabrigadas.

    *Apesar da miséria que vivenciei como mulher afegã, espero ser capaz de contribuir para a próxima geração acabando com a herança de guerra.

  • Apesar dos tabus em torno dos usuários de drogas, Laila Haidari administra o único centro de reabilitação de drogas em Cabul, o Mother Camp, e ajudou quase 6.400 afegãos desde 2010. Ela usou suas próprias economias para montar o local e o banca abrindo um restaurante tocado por ex-dependentes de drogas (que foi fechado após a tomada de Cabul pelo Talebã).

    A família de Haidari é originalmente de Bamyan, mas ela nasceu como refugiada no Paquistão. Ex-noiva infantil, casada aos 12 anos de idade, ela é uma defensora ativa dos direitos das mulheres.

    Ela participa do aclamado documentário Laila at the Bridge (2018), sobre sua luta para manter seu centro aberto apesar de ameaças e opositores.

    *Eu espero que esse alerta se espalhe, para assim termos um mundo com mais moralidade e humanidade. Nós vivemos em um mundo interconectado, onde o voto de um cidadão americano pode mudar substancialmente o destino de um afegão.

  • Ela própria uma ex-refugiada do Afeganistão, Zarlasht Halaimzai é co-fundadora e CEO da Refugee Trauma Initiative (RTI), uma organização que oferece suporte psicológico a refugiados e os ajuda a lidar com as consequências emocionais da violência e do desalojamento.

    Antes de fundar a RTI, ela trabalhou na fronteira da Síria com a Turquia, ajudando crianças vulneráveis a terem acesso à educação e orientando ONGs em questões relacionadas à educação e bem-estar de refugiados.

    Haliamzai foi em 2018 uma das primeiras bolsistas da Fundação Obama — num grupo composto por 20 líderes globais em inovação cívica patrocinados pelo ex-presidente dos EUA Barack Obama.

    *Minha esperança para o futuro é acabar com o ciclo de violência que continua a destruir a vida do povo do Afeganistão.

  • Trazendo a cor para uma cidade devastada por conflitos, Shamsia Hassani é a primeira grafiteira e artista de rua do Afeganistão. Ela usa edifícios abandonados ou danificados em Cabul para seus murais que retratam mulheres confiantes, poderosas e ambiciosas.

    Nascida no Irã e filha de pais afegãos, Hassani estudou artes visuais em Cabul, lecionou na Universidade de Cabul e criou murais em mais de 15 países. Ela foi nomeada uma das 100 maiores pensadoras globais pela revista Foreign Policy e aparece no best-seller Histórias de Ninar para Garotas Rebeldes 2, uma compilação de perfis de mulheres pioneiras.

    Apesar da tomada do poder pelo Talebã, Hassani continua a postar suas obras nas redes sociais.

    *Nos últimos 15 anos, quando sempre tive esperança pelo meu país, as coisas mudaram para pior. Não tenho mais esperança por um Afeganistão mais radiante — melhor não ter esperança do que ficar desesperançosa.

  • No curso de medicina veterinária na Universidade de Cabul, Nasrin Husseini foi uma das duas únicas mulheres entre 75 estudantes. Ela cresceu no Irã como refugiada, mas retornou ao Afeganistão para estudar. Tempos depois foi para o Canadá com bolsa de estudos para estudar saúde animal na Universidade de Guelp.

    Husseini trabalha agora em um laboratório de imunologia e usa seu tempo livre como voluntária na organização sem fins lucrativos Canadian Hazara Humanitarian Services, ajudando colegas do povo hazara e outros membros marginalizados da sociedade do Afeganistão que desejam se mudar para o Canadá.

    Ela também colabora com o programa para jovens Bookies, que promove leituras e narração de histórias entre as crianças afegãs.

    *Mulheres e meninas afegãs estão apavoradas, e a situação atual parece desesperadora, mas sempre há um caminho. Como Bob Marley disse, “você nunca sabe quão forte você é até que ser forte seja sua única escolha.”

  • Três anos após entrar para a polícia, Momena Ibrahimi, conhecida como Momena Karbalayee, foi abusada sexualmente por um colega. Ela decidiu denunciar tanto sua experiência quanto outras acusações de abuso na polícia afegã.

    Desde então, ela tem lutado para obter justiça para si e outras sobreviventes de estupro e abuso sexual, mesmo sendo alvo de ameaças. ‘Acreditei que alguém deveria falar e pensei que essa pessoa poderia ser eu, mesmo que isso me custasse a vida’, disse ela à BBC.

    Ibrahimi é uma das milhares de pessoas levadas para o Reino Unido depois que o Talebã voltou ao poder em agosto de 2021.

    *Desejo que todas as mulheres que lutaram por anos, estudaram e construíram uma carreira para si mesmas possam voltar a trabalhar e se libertar de uma força que está usando seu poder contra o povo.

  • Ativista dos direitos de pessoas com autismo e mãe de uma criança de 12 anos que está no espectro do autismo, Mugdha Kalra cofundou o movimento liderado por crianças ‘Not That Different’. Ele mira a inclusão e compreensão da neurodiversidade. Kalra está por trás de uma história em quadrinhos singular que tem o objetivo de ajudar todas as crianças a entender melhor o autismo e torná-las aliadas de seus amigos neurodiversos.

    Kalra é uma profissional de mídia com mais de duas décadas de experiência na indústria de radiodifusão, como apresentadora de TV e redatora de documentários, além de instrutora de diversidade e inclusão.

    Ela também é estrategista-chefe de conteúdo no Bakstage, um aplicativo de podcast interativo ao vivo.

    *A pandemia fez com que 7 bilhões de pessoas vivessem uma realidade comum, sozinhas em seus mundos, mas unidas umas às outras por meio de sofrimentos semelhantes. Eu gostaria que essa experiência compartilhada inspirasse maior empatia por nossos semelhantes.

  • Transformando ônibus em bibliotecas móveis, a ONG Charmaghz sediada em Kabul percorre bairros da cidade levando livros e atividades para centenas de crianças.

    Ativista dos direitos das crianças, Freshta Karin fundou a Charmaghz em 2018, após concluir o mestrado de Políticas Públicas pela Universidade de Oxford.

    Ela iniciou a carreira aos 12 anos de idade, apresentando programas infantis na TV e produzindo reportagens sobre os direitos das crianças no Afeganistão. Ela continua nessa área até hoje.

    *Eu trabalho com crianças porque eu as vejo como ‘quebradoras de ciclo’ para o Afeganistão, atacando o ciclo vicioso da opressão e da violência, e criando um espaço de cura, de novas narrativas e novas políticas.

  • Engenheira civil e instrutora do Heart Technical Institute, Amena Karimyan foi uma das primeiras mulheres no Afeganistão a se dedicar ao desenvolvimento da astronomia no país.

    Ela é CEO e fundadora da Kayhana Astronomical Group, que começou em 2018 e que incentiva os jovens a aprender sobre astronomia.

    Em julho de 2021, Karimyan e seu grupo de astronomia, formado só por garotas, ganharam o prêmio da União Astronômica Mundial na Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica na Polônia, ao ficarem em primeiro lugar entre 255 equipes de mais de 50 países.

    *Como o Talebã nega às meninas o direito à educação, nós precisamos ficar mais conectadas do que nunca — o Grupo Astronômico Kayhara se reúne online todas as noites. Minha única esperança é pavimentar o caminho para a juventude da minha terra natal.

  • Trabalhar com direitos humanos e educação foi como Aliya Kazimy dedicou seu tempo antes que o Talebã tomasse Cabul. Ela trabalhou para a Cruz Vermelha como voluntária por três anos, abriu uma confeitaria e padaria para mulheres e concluiu um mestrado em Gestão de Negócios em 2020. Ela lecionou na universidade e queria se tornar professora.

    Após a volta ao poder do Talebã em 2021, ela se mudou para os EUA e agora planeja estudar para obter um doutorado.

    Ela escreveu uma carta para a BBC onde fala com paixão sobre a liberdade de escolha das mulheres, especialmente no que diz respeito à forma como se vestem.

    *Minha única esperança para o Afeganistão é a paz: paz é tudo o que mais precisamos.

  • A baronesa Helena Kennedy QC é conhecida por defender os direitos das mulheres e das minorias. A advogada atua no direito penal há 40 anos. É também diretora do instituto de direitos humanos International Bar Association, que tem ajudado mulheres em risco no Afeganistão.

    Ela foi diretora do Mansfield College, da Universidade de Oxford, por vários anos e foi responsável pela criação do inovador Instituto Bonavero de Direitos Humanos.

    A baronesa publicou vários livros sobre como o sistema judiciário está prejudicando as mulheres e, em 1997, foi nomeada parlamentar do Partido Trabalhista na Câmara dos Lordes.

    *Nossos direitos humanos não têm sentido a menos que existam advogados para defender nossos casos e juízes independentes — mulheres e homens — para julgá-los.

  • A ativista dos direitos das mulheres Hoda Khamosh comandou em escolas afegãs um programa de conscientização chamado ‘Menstruação não é tabu’, a fim de promover conversas francas sobre menstruação.

    Nascida no Irã e filha de pais afegãos desalojados, ela voltou ao Afeganistão ainda criança e, contra a opinião de familiares mais conservadores, teve apoio de sua mãe para estudar. Também poeta e jornalista, Khamoosh tornou-se apresentadora de rádio em 2015, jogando luz sobre injustiças contra as mulheres e iniciando um programa de alfabetização para mulheres em sua aldeia.

    Desde que o Talebã tomou o poder, ela oferece aulas para meninas da 7ª série em diante que não têm mais acesso à escola.

    *Apesar de toda a escuridão, 2021 é o ano em que as mulheres se levantaram contra chicotes e balas, e reivindicaram seus direitos àqueles que os tomaram delas. Eu chamo este ano de o ano da esperança.

  • A ecoativista está trabalhando para resolver a crise do lixo plástico na ilha de Bali, por meio da organização sem fins lucrativos Griya Luhu. Junto com a comunidade local, sua organização desenvolveu um ‘banco digital de resíduos’, um sistema para melhor coletar e processar os resíduos e coletar dados para apoiar futuras mudanças na gestão desse material.

    Formada em engenharia ambiental pelo Instituto de Tecnologia de Bandung, Mia Krisna Pratiwi trabalha como gerente de operações, supervisionando as atividades diárias do banco de resíduos local.

    Ela também é analista ambiental na Agência Nacional do Meio Ambiente da cidade de Denpasar, na Indonésia.

    *No espírito da filosofia balinesa de Tri Hita Karana, vamos trazer de volta o equilíbrio e a harmonia para nossa Mãe Terra. Talvez tenhamos sido a causa do problema da poluição, mas também podemos ser a solução.

  • Antropóloga e diretora do Vaccine Confidence Project, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, a professora Heidi J. Larson lidera pesquisas que focam nos fatores sociais e políticos que afetam intervenções de saúde. Seus interesses acadêmicos atuais giram em torno da gestão de riscos e rumores e como promover a confiança da população nas vacinas.

    Ela é a autora de STUCK: How Vaccine Rumors Start – and Why They Don’t Go Away, e principal pesquisadora de um estudo global sobre a aceitação da vacinação durante a gravidez.

    Larson foi condecorada com a Medalha de Edimburgo 2021 em reconhecimento pelo seu trabalho científico sobre o contágio da desinformação.

    *A pandemia chegou em um mundo já polarizado. Nenhuma vacina nos salvará de questões mais profundas que nos dividem; apenas nossas ações como indivíduos e comunidades, como líderes pequenos e grandes, podem ajudar a redefinir o mundo.

  • Dançaria de dança contemporânea na Cairo Opera House e coreógrafa, Iman Le Caire teve que fugir do Egito em razão da perseguição policial por ser uma pessoa LGBTQ+. Mudou-se para os EUA em 2008, obteve asilo e agora vive em Nova York como artista, dançarina, atriz e ativista LGBTQ+.

    Le Caire é gerente de relações árabes e membro do conselho da TransEmigrate, organização europeia que ajuda pessoas trans a se mudarem para países mais seguros.

    No Dia Internacional da Visibilidade Transgênero, em março de 2021, ela começou sua própria fundação, a Trans Asylias, cuja missão é ‘transferir requerentes de asilo trans para territórios trans-amigáveis’ e fornecer suporte emocional.

    *A pandemia colocou pessoas transgênero — que já são a população mais vulnerável do planeta Terra — em um perigo ainda maior: forçando alguns a permanecer isolados em famílias abusivas. À medida que o mundo fechava, seus gritos por ajuda se tornaram apelos de partir o coração. Agora, o mundo precisa salvar e ajudar essas pessoas a se curar.

  • Usando a apicultura como estratégia para controlar os incêndios florestais, a organização fundada por Sevidzem Ernestine Leikeki treinou mais de 2 mil apicultores na produção de mel, controle de qualidade e extração de cera de abelha, e plantou mais de 86 mil árvores “que as abelhas amam” para combater o desmatamento.

    Leikeki é membro fundadora da Cameroon Gender and Environment Watch (CAMGEW), que busca soluções para as questões ambientais do país com uma perspectiva de gênero. Como ativista do clima, seu trabalho gira em torno do empoderamento e inclusão das mulheres na gestão de recursos naturais.

    Ela acredita que as florestas — como a região da Floresta Kilum-Ijim de 20 mil hectares — podem ser conservadas por meio de esforços comunitários.

    *Quero um mundo em que os direitos ecológicos e socioeconômicos das mulheres nas iniciativas de subsistência e conservação das florestas sejam levados plenamente em conta.

  • Eleita em 2021 como um dos 17 representantes dos povos nativos para redigir a nova constituição do Chile, Elisa Loncón Antileo é linguista, professora e acadêmica. Ela lidera a Convenção Constitucional — é a primeira vez que indígenas chilenos participam de cargos públicos como representantes de suas nações.

    Loncón pertence à maior comunidade nativa de seu país, os Mapuche, e defende um “estado plurinacional” que conceda autonomia e direitos às comunidades indígenas e reconheça suas culturas e línguas.

    Apesar de ter crescido na pobreza e enfrentado a discriminação étnica, ela tem doutorado em humanidades e é agora professora da Universidade de Santiago.

    *Depois de ver a morte de perto todos os dias durante a pandemia, é imperativo garantir direitos iguais para seres humanos e não humanos. Nossas vidas dependem dos recursos da Mãe Terra — de água e florestas a abelhas e formigas.

  • Primeira bailarina negra contratada pela companhia, Chloé Lopes Gomes entrou para a renomada Staatsballett de Berlim em 2018. Mas a bailarina, ex-aluna da Academia Bolshoi de Moscou, enfrentou discriminação racial e denunciou práticas discriminatórias no mundo do balé, que ela descreveu como ‘fechado e elitista’.

    Depois que ela tornou suas denúncias públicas, muitos bailarinos de origem negra e mista manifestaram seu apoio.

    Lopes Gomes entrou com uma ação judicial depois que seu contrato não foi renovado pela Staatsballett em 2020. Como resultado, a companhia abriu uma investigação interna sobre racismo entre seus funcionários, pediu desculpas e concedeu uma indenização à bailarina em um acordo extrajudicial.

    *Infelizmente, nem todos nascemos iguais neste mundo e nossas chances de sucesso dependem da etnia e do status social. Quero viver em um mundo em que todos tenham a oportunidade de atingir seu potencial máximo.

  • A dra. Mahera ainda está ocupada atendendo pacientes no hospital de ginecologia onde trabalha.

    Ela agora deve viajar para distritos onde os serviços de saúde foram interrompidos desde a tomada do poder pelo Talebã, fornecendo tratamento e consultas aos pacientes necessitados.

    Ela já trabalhou com sobreviventes de violência de gênero, mas esse trabalho foi interrompido quando o Talebã tomou o poder.

    *Embora possa haver menos esperança agora, as mulheres do Afeganistão não são quem eram 20 anos atrás e podem até certo ponto defender seus direitos. Minha principal preocupação é que as escolas permaneçam fechadas para as meninas para sempre.

  • A família de Maral não queria que ela se envolvesse no ativismo pelos direitos das mulheres ou fizesse parte de grupos da sociedade civil. Eles achavam que ela não deveria sair para trabalhar como mulher, mas ela fez isso mesmo assim.

    Desde 2004, Maral tem tentado engajar mulheres em suas áreas e incentivá-las a aprender sobre seus direitos, trabalhar e ganhar independência financeira.

    Ela também trabalha com mulheres em áreas rurais que são sobreviventes de violência doméstica, garantindo que recebam abrigo e ajudando-as a buscar justiça.

    *Achei que tivéssemos perdido tudo e que não havia mais esperança, mas quando me lembrei de tudo o que tínhamos feito, recuperei a coragem para continuar. Não vou desistir — o futuro pertence a quem quer paz e humanidade.

  • *هیله لرم افغانستان کې دا وضعه ختمه شي اوموږ نور یوه شېبه هم د جګړې زیان ونه ګالو. هیله منه یم دخلکوپه څېره کې واقعي موسکا ووینم.

    Quando os membros do Talebã tomaram o controle do país em agosto, eles libertaram prisioneiros, incluindo milhares de criminosos e militantes islamitas. Grupos internacionais de direitos humanos têm denunciado execuções extra-judiciais e sequestros, apesar da anistia anunciada por autoridades do governo talebã.

    Masouma agora está escondida e não sabe o que esperar do futuro.

    *Mulheres e garotas representam metade da população mundial. E se elas recebem oportunidades, as mulheres podem servir ao povo e ao país como os homens.

  • A primeira mulher primeira-ministra de Samoa e líder do partido Faʻatuatua i le Atua Samoa ua Tasi (FAST). Fiamē Naomi Mata’afa entrou na política aos 27 anos e também foi vice-primeira-ministra, ministra das Mulheres, Comunidade e Desenvolvimento Social e, posteriormente, ministra da Justiça.

    Ela também é uma importante alta chefe (matai) e uma inspiração para as mulheres de Samoa que aspiram a cargos políticos.

    Sua agenda tem um forte foco ambiental, de lutar contra a emergência climática em uma das regiões do mundo mais vulneráveis ​​ao aquecimento global.

    *Onde há unidade, há esperança para as futuras gerações.

  • Uma das três governadoras distritais no Afeganistão, Salima Mazari foi destaque nas manchetes neste ano como a destemida líder de uma milícia pró-governo que lutou na linha de frente contra o Talebã.

    Como refugiada, Mazari se formou no Irã antes de retornar ao Afeganistão. Em 2018, se tornou governadora do distrito de Charkint, na província de Balkh, onde negociou a rendição de mais de 100 rebeldes do Talebã. Seu distrito fez forte resistência ao Talebã em 2021 e, até a queda de Cabul, seu distrito foi um dos poucos a permanecer não ocupado.

    Ela chegou a ser capturada, mas conseguiu escapar para os EUA, onde aguarda ser reassentada.

    *Anseio pelo dia em que ser mulher, hazara, shia e que fala persa — que fazem parte da minha identidade — não seja um crime na minha terra natal.

  • Sua coalizão reúne “mães de filhos negros preocupadas” de todo os Estados Unidos. Depelsha Thomas McGruder é a fundadora e presidente do Moms of Black Boys (MOBB) United e MOBB United for Social Change, que se concentram na mudança de políticas e percepções que impactam como meninos e homens negros são tratados pela polícia e pela sociedade em geral.

    Atualmente, ela é diretora de operações e tesoureira da Ford Foundation, supervisionando operações e finanças globais.

    Anteriormente, McGruder passou 20 anos no ramo de mídia e entretenimento, trabalhando como jornalista e em posições de liderança na MTV e na Black Entertainment Television (BET).

    *Minha esperança é que, saindo da pandemia, haja mais compaixão no mundo, que as pessoas percebam como somos interdependentes e sejam mais sensíveis às dificuldades e desafios únicos de outras pessoas.

  • Enfermeira há mais de dez anos, Mulu Mefsin trabalha atualmente no One Stop Centre em Mekelle, a capital regional da região do Tigré, que está em guerra. O centro oferece atendimento médico, psicológico e jurídico às vítimas de abuso e violência sexual.

    Três anos atrás, Mefsin começou a fazer campanha pelo fim da violência contra meninas e mulheres no Tigré, uma questão que se tornou cada vez mais premente com a guerra civil em curso, que começou no final de 2020.

    Apesar de estar pessoalmente traumatizada, Mefsin deseja continuar seu trabalho na esperança de que um dia a paz seja restaurada.

    *Quero redefinir o mundo para pôr fim a todos os conflitos, fazer com que os países trabalhem pela paz, em vez de negociar a venda de armas, e fazer cumprir as leis que punem estupradores e abusadores de meninas e mulheres.

  • Como a primeira pilota da aviação comercial do Afeganistão, Mohadese Mirzaee assumiu o controle de um Boeing 737 da Kam Air em um voo histórico no início de 2021 com uma tripulação inteiramente feminina. Após se tornar pilota comercial em setembro de 2020, ela viajou para Turquia, Arábia Saudita e Índia.

    Quando o Talebã invadiu Cabul, Mirzaee estava no aeroporto preparando um voo que nunca decolou. Em vez disso, ela viajou como passageira, deixando seu país para trás. Mirzaee afirma que ela ‘luta por igualdade numa sociedade em que mulheres e homens possam trabalhar juntos lado a lado’.

    Ela espera poder voar de novo em breve.

    *Não espere! Ninguém virá e te dará suas sas se você não se mantiver firme. Eu lutei por mim, você lutará por si mesma e JUNTAS nós somos imparáveis.

  • A primeira e única mulher dançarina de dervixe rodopiante do Afeganistão – praticando um tipo de dança que é parte do ritual Sama, uma prática islâmica Sufi. Fahima Mirzale fundou um grupo de gênero misto artístico performático e de dança chamado Shohood Cultural and Mystical Organization, que significa “A Intuição dos Místicos”.

    Ela vê a dança como uma forma de criar espaço para si mesma em uma sociedade profundamente tradicional e religiosa, na qual atividades em grupos mistos ainda são tabu. Por meio da organização de eventos em todo o país, ela esperava promover a tolerância no Afeganistão.

    Em 2021, ela foi obrigada a fugir porque o Talebã considera os dervixes rodopiantes Sufi heréticos e contrários à lei islâmica.

    *Eu acredito em colocar minha espiritualidade em primeiro lugar: temos que tentar encontrar a paz dentro de nós mesmos, e assim essa paz interior se espalhará para o mundo todo.

  • Conhecida como Doctor T, ela é médica e ativista dos direitos da saúde sexual e reprodutiva das mulheres, defendendo o acesso universal à saúde, cuidados com o HIV e serviços de planejamento familiar.

    Tlaleng Mofokeng é atualmente a Relatora Especial da ONU para o Direito à Saúde Física e Mental — a primeira mulher, a primeira africana e uma das pessoas mais jovens a ocupar este cargo. Ela também é autora do best-seller “Dr T: A Guide to Sexual Health and Pleasure” (“Dr. T: Um Guia para a Saúde e Prazer Sexual”, em tradução literal).

    Mofokeng foi uma das vencedoras de 2016 do prêmio ‘120 Under 40’ para jovens lideranças de planejamento familiar, do Instituto Bill & Melinda Gates para Saúde Populacional e Reprodutiva.

    *Como eu quero que o mundo seja redefinido? (Ao) praticar o autocuidado como amor comunitário.

  • Enfrentando o mundo dominado pelos homens do motocross, ou motociclismo off-road, Tanya Muzinda se tornou a campeã dos circuitos off-road de seu país. Ela é a primeira mulher do Zimbábue a vencer um campeonato de motocross desde que a competição começou em 1957.

    Inspirada pelo pai, um ex-motociclista, ela começou a treinar aos cinco anos. Agora, aos 17 anos, Muzinda espera ser a primeira negra africana a ganhar um Campeonato Mundial de Motocross Feminino. Em 2018, foi eleita Esportista Júnior do ano pela União Africana.

    Ela dedica seus ganhos no motocross a trabalhos de caridade, pagando mensalidade para cerca de 100 estudantes frequentarem a escola em Harare.

    *Não quero redefinir o mundo — nunca foi perfeito, sempre houve algumas coisas boas e outras ruins. Vamos consertar o presente para que as gerações futuras não tenham que lutar pelas mesmas coisas pelas quais lutamos.

  • Uma aclamada autora nigeriana e ícone feminista, cujo trabalho foi traduzido para mais de trinta idiomas. Chimamanda Ngozi Adichie se mudou para os Estados Unidos aos 19 anos para cursar Comunicação e Ciências Políticas.

    Seu primeiro romance, Hibisco Roxo (2003) ganhou o Commonwealth Writers’ Prize, e seu romance Americanah” foi eleito um dos dez melhores livros de 2013 pelo The New York Times.

    O marcante TEDTalk de Adichie em 2012, Todos devemos ser feministas, abriu um diálogo mundial sobre feminismo e foi publicado como livro em 2014. Recentemente, ela escreveu Notas sobre o luto (2021), um tributo bem pessoal ao pai após sua repentina morte.

    *Vamos usar este momento para começar a pensar sobre assistência médica como um direito humano em todo o mundo — o que uma pessoa merece simplesmente pelo fato de estar viva, e não quando pode pagar por isso.

  • Jornalista premiada e criadora de conteúdo, Lynn Ngugi é conhecida por seu trabalho na plataforma de notícias digitais TUKO, onde cobriu uma grande variedade de histórias inspiradoras de interesse humano.

    Ela trabalhou primeiro como voluntária cuidando de pacientes com câncer e, em 2011, começou sua carreira na área de mídia na Kiwo Films e, mais tarde, na Qatar Foundation. Ngugi também é uma influenciadora de rede social e uma celebridade midiática em seu país.

    Ela ganhou o Prêmio de Jornalista Humanitário do Ano em 2020, e o I Change Nations Community Ambassador Award deste ano.

    *Eu gostaria que o mundo voltasse a ser um lugar onde todos se sentissem seguros.

  • Ela é CEO da Rise, uma organização que protege os direitos de sobreviventes de violência sexual e estupro.

    Ativista de direitos civis e empreendedora social, Amanda N. Nguyễn fundou a Rise depois de ter sido estuprada em 2013 enquanto estudava na Universidade de Harvard, nos EUA, e foi informada de que só teria um prazo de seis meses para prestar queixa antes que as evidências fossem destruídas. Ela ajudou a redigir a Lei dos Direitos dos Sobreviventes de Violência Sexual, que protege o direito da vítima de estupro de preservar as provas.

    Em 2021, seu vídeo sobre crimes de ódio contra asiáticos nos EUA se tornou viral, um momento crucial para o movimento Stop Asian Hate.

    *Ninguém fica impotente quando nos juntamos. Ninguém fica invisível quando exigimos ser vistos.

  • Trabalhar pelos direitos LGBTQ+ no Afeganistão é cercado de dificuldades, mas, apesar dos desafios, Basira Paigham é ativista pela igualdade e pelas minorias de gênero há oito anos.

    Ela ministrou treinamentos sobre consciência de gênero e sexualidade e, ao lado de colegas, forneceu aconselhamento e apoio financeiro para o tratamento médico de integrantes da comunidade LGBTQ+ que foram vítimas de abuso. Eles também ajudaram pessoas LGBTQ+ vulneráveis em risco de suicídio a terem acesso à psicoterapia.

    Morando atualmente na Irlanda, ela continua a defender o reconhecimento da comunidade LGBTQ+ no Afeganistão e seus direitos humanos e liberdades.

    *Espero que o povo do Afeganistão seja capaz de respirar livremente, sem ter que pensar em religião, gênero e sexualidade.

  • Ela levou informações científicas cruciais que salvam vidas a milhões de pessoas no Brasil durante a pandemia de Covid-19, por meio de suas colunas na imprensa, aparições no rádio e na TV.

    Natalia Pasternak é escritora e divulgadora científica e microbiologista por formação, com doutorado em genética bacteriana pela Universidade de São Paulo. A qualidade de seu trabalho a levou a ser convidada para a Universidade de Columbia, nos EUA, pelo neurocientista e escritor científico de renome mundial Stuart Firestein.

    Também é a fundadora e atual presidente do Instituto Questão de Ciência, organização sem fins lucrativos dedicada à promoção de evidências científicas em políticas públicas.

    *Como neta do Holocausto, sei o que governos autoritários podem fazer com as pessoas. Defender a ciência no Brasil durante a pandemia foi minha contribuição para manter vivo o ‘Nunca se esqueça’.

  • Para ajudar as vítimas de acusações de feitiçaria e violência relacionada (SARV, na sigla em inglês), a ativista de direitos humanos Monica Paulus cofundou a Highlands Women Human Rights Defenders Network. A organização oferece abrigo e aconselhamento jurídico a mulheres acusadas de feitiçaria e denuncia os casos à ONU e outras organizações internacionais.

    Seus esforços levaram o governo de Papua Nova Guiné a estabelecer comitês de violência relacionados à feitiçaria.

    Em 2015, Paulus foi uma das ‘Women of Achievement’ da ONU e recebeu um Prêmio Papua Nova Guiné para Mulheres por sua coragem. A Anistia Internacional na Austrália a descreveu como uma das mulheres mais corajosas do mundo.

    *Precisamos reiniciar e lembrar que todos fazemos parte da raça humana, e o gênero nunca deve nos impedir ou ser usado contra nós.

  • Especialista em imigração e direito civil, Rehana Popal atualmente trabalha apoiando intérpretes afegãos, tradutores e outros que ficaram para trás após a saída britânica do Afeganistão.

    Popal foi a primeira mulher afegã a trabalhar como advogada na Inglaterra e no País de Gales. Ela migrou para o Reino Unido como uma criança refugiada aos cinco anos, estudou política e direito internacional e agora trabalha como advogada de direitos humanos.

    Em 2019, ela foi escolhida advogada do ano pelo prêmio Inspirational Women in Law.

    *Espero que, no futuro, as mulheres e meninas do Afeganistão possam ter a liberdade de estudar, trabalhar e viver sem medo.

  • Advogada e ativista pelos direitos das comunidades mais carentes da Índia. De uma família dalit de Gujarat, Manjula Pradeep é conhecida por seu trabalho contra a discriminação de casta e gênero. Ela atuou como diretora executiva da Navsarjan Trust, a maior organização da Índia pelos direitos dos Dalits (anteriormente conhecidos como intocáveis).

    Este ano, ela cofundou o Conselho Nacional de Mulheres Líderes.Também fundou o Wise Act of Youth Visioning and Engagement, que visa capacitar jovens marginalizados do país.

    Ela é membro da Rede Internacional de Solidariedade Dalit, tendo destacado os direitos dos dalit na Conferência Mundial da ONU contra o Racismo.

    *Quero que o mundo seja redefinido para ter compaixão e amor, onde mulheres de comunidades desfavorecidas liderem o caminho para uma sociedade pacífica e justa.

  • Música bem-sucedida, ‘Razma’ toca um instrumento geralmente reservado aos homens. Formada em música e artes e membro de uma família de músicos, ela se apresentou com artistas renomados no Afeganistão e no mundo.

    Ela diz que esperava mostrar por meio de sua música um novo lado do Afeganistão ao mundo, mas em vez disso foi um ‘ano sombrio’ para as mulheres afegãs. Como uma artista que não pode mais cantar ou tocar com os outros, tem sido particularmente devastador.

    Música foi banida quando o Talebã comandou o país de 1996 a 2001, e ‘Razma’ teme que a história esteja se repetindo para músicos do Afeganistão.

    *Pensar numa sociedade sem música me torna mais deprimida do que nunca. Espero que as vozes adormecidas das mulheres de nosso país se transformem em grito de guerra.

  • Rohila é uma estudante que foi afetada pela exclusão de meninas das escolas secundaristas afegãs por determinação do Talebã. Suas disciplinas favoritas são ciências e inglês, e ela almeja poder se juntar aos irmãos na escola todas as manhãs.

    Rohila diz que pouquíssimas meninas em seu grupo de amizade têm acesso à internet e que ela tem lutado para aprender sem professor.

    O sonho dela é estudar psicologia e conseguir uma bolsa para estudar no exterior.

    *O Afeganistão está isolado do mundo, e meus sonhos de prosseguir meus estudos parecem fúteis. Espero que a comunidade internacional não se esqueça de nós e que nossos anos de trabalho duro não sejam jogados fora.

  • A primeira pessoa trans a ocupar um cargo de alto escalão em seu país, Alba Rueda é a subsecretária de políticas de diversidade no Ministério da Mulher, Gênero e Diversidade da Argentina.

    Ativista e acadêmica, ela é o rosto da Mulheres Trans Argentina, organização que fez campanha por um projeto de lei de cotas de trabalho trans que reserva 1% dos empregos públicos para pessoas transgênero e travestis. O projeto de lei inovador recebeu apoio esmagador no Congresso e se tornou lei em junho de 2021.

    Em 2019, Rueda processou um arcebispo católico que se recusou a alterar seus registros na igreja para corresponder ao nome e gênero em seu documento de identidade.

    *2021 demonstrou o enorme impacto das políticas econômicas na reprodução das desigualdades. (Devemos promover) políticas com uma perspectiva transfeminista que nos permitam construir outros tipos de relações e desenvolver o cuidado coletivo e comunitário.

  • Dra. Euksana é cirurgiã e professora-assistente. Ela é fundadora de uma organização que fornece cuidados básicos de saúde a pacientes que foram deslocados de outras províncias por causa de conflito.

    Ela trabalhou em ambientes hostis durante vários momentos de combates, prestando assistência médica aos mais vulneráveis. Ela é voluntária do Programa Nacional de Controle do Câncer e atualmente está realizando uma campanha de conscientização sobre o câncer de mama.

    Ela é apaixonada pelo trabalho que está fazendo em cirurgia e espera ser uma fonte de inspiração para estudantes de medicina afegãs.

    *Toda grande mudança é resultado do comprometimento e dedicação de um líder. Posso não ser uma líder, mas ficarei no Afeganistão para trazer mudanças ao paralisado e corrupto sistema de saúde local.

  • Legisladora e ex-membro do Parlamento afegão da província de Jowzjan, no norte do país, Halima Sadaf Karimi é uma política com muitos anos de experiência.

    Ela foi uma das quase 70 mulheres parlamentares em seu país, e a única mulher da minoria uzbeque no Parlamento, onde lutou para ampliar os direitos de sua comunidade. Ela é formada em ciência política e economia. Ativista importante pelos direitos das mulheres, Sadaf Karimi foi alvo de diversas ameaças do Talebã e teve que se mudar muitas vezes.

    Em 2020, seu irmão mais novo, um estudante universitário, foi morto pelas forças do Talebã.

    *Regimes egoístas sempre enfrentam falhas precoces. Minha esperança é que as mulheres afegãs obtenham seus direitos humanos por meio da partipação (política, cultural, econômica e social) e, ao fazer isso, vão prevenir uma crise humanitária.

  • Com uma carreira de mais de duas décadas, já esteve até na disputa pelo Oscar. Produtora e diretora, Roya Sadat foi a primeira mulher diretora a surgir na era Talebã e seus filmes representam as vozes das mulheres afegãs, assim como suas vidas e restrições impostas a elas.

    Seu filme A Letter to the President, de 2017, foi o candidato afegão na categoria de melhor filme estrangeiro na 90ª edição do Oscar.

    Sadat é presidente e co-fundadora da ROYA Film House, uma produtora independente de filmes. Ela criou ainda o International Women’s Film Festival, do qual também é presidente.

    *Durante os 5 primeiros anos sob o Talebã, eu esperava que isso acabaria e os portões da minha escola se abririam novamente para mim. Hoje, eu ainda acredito que a voz da liberdade, do povo, vai vencer.

  • Como regente da Zohra, primeira orquestra feminina do Afeganistão, Shogufa Safi lidera um grupo de músicos de 13 a 20 anos, alguns dos quais órfãos ou oriundos de lares pobres.

    Com o nome de uma deusa persa da música, o conjunto Zohra toca uma mistura da música clássica tradicional afegã com a ocidental, atuando em palcos nacionais e internacionais desde 2014.

    O Talebã fechou o Instituto Nacional de Música do Afeganistão (ANIM), onde Safi costumava praticar. Depois de conseguir escapar para Doha, ela e alguns colegas — que tiveram que deixar seus instrumentos para trás no Afeganistão — anseiam por tocar juntos novamente.

    *A esperança nunca falha. Mesmo em total escuridão, acredito que meu bastão será um farol de esperança e luz para o Afeganistão.

  • Uma das muitas jovens que queriam jogar futebol no Afeganistão, mas que não pode mais fazê-lo sob o regime do Talebã. Sahar jogou nos últimos anos em time local e conheceu muitos amigos pela prática do esporte.

    Quando o Talebã tomou o poder neste ano, ela se escondeu com a família e logo depois se mudou para outro país.

    Ela ainda teme por suas colegas jogadoras que ficaram no país, mas espera poder realizar seu sonho de voltar a um campo de futebol.

    *Eu quero continuar minha educação e tentar ao máximo fazer meus gols para deixar minha família e eu mesma orgulhosos de minhas conquistas. Eu quero ser bem-sucedida para que ninguém possa dizer que garotas não podem jogar futebol.

  • O perfil viral do Instagram e o site Everyone’s Invited, uma plataforma para sobreviventes de abuso sexual, foram fundados por Soma Sara em junho de 2020. O espaço está aberto para que as vítimas compartilhem anonimamente depoimentos de agressão sexual, com o objetivo de denunciar o sexismo e erradicar a ‘cultura do estupro’ nas escolas e universidades do Reino Unido.

    O projeto já coletou mais de 50 mil histórias desde que começou, ganhando destaque após o assassinato de Sarah Everard, que foi sequestrada em uma rua de Londres em março de 2021.

    Soma espera expandir o foco de sua campanha para além das instituições acadêmicas, no intuito de combater uma cultura mais ampla de misoginia.

    *Quero que o mundo ouça, apoie e acredite nas sobreviventes de violência sexual.

  • Após 26 anos em exílio nos EUA, Mahbouba Seraj retornou ao Afeganistão em 2003 e, desde então, co-fundou e liderou uma série de organizações que lutam pelos direitos das mulheres e crianças — incluindo a bastante consolidada Rede de Mulheres Afegãs (AWN), uma pedra angular do recente movimento de mulheres do país.

    Ela dedicou sua vida a empoderar vítimas de violência doméstica, lutando pela saúde e educação das crianças, e lutando contra a corrupção. Quando o Talebã voltou ao poder em agosto de 2021, ela permaneceu com seu povo e corajosamente declarou as preocupações das mulheres afegãs na mídia local e internacional.

    A revista TIME a escolheu como uma das “100 pessoas mais influentes de 2021”.

    *A paz é o meu desejo principal para o meu país. Não quero ver a expressão de terror nos olhos de minhas irmãs e filhas por um futuro desconhecido que as espera. Basta!

  • Autora turco-britânica premiada e defensora dos direitos das mulheres e LGBTQ+.

    Elif Shafak publicou 19 livros, incluindo 10 minutos e 38 segundos neste mundo estranho, que foi indicado para o Booker Prize, e The Forty Rules of Love (“As 40 regras do amor”, em tradução literal), escolhido pela BBC como um dos “100 romances que moldaram nosso mundo”. Seu trabalho foi traduzido para mais de 50 idiomas.

    Shafak tem doutorado em Ciência Política e deu aula em universidades na Turquia, nos Estados Unidos e no Reino Unido. Em 2021, ela recebeu o Prêmio Literário Internacional Halldór Laxness por sua contribuição para “a renovação da arte de contar histórias”.

    *Oriente e Ocidente em todos os lugares, estamos em uma grande encruzilhada. O velho mundo não existe mais — em vez de tentarmos voltar, podemos construir um mundo melhor e mais justo em que ninguém é deixado para trás.

  • Uma das repórteres mais conhecidas do Afeganistão, Anisa Shaheed cobriu histórias sobre abusos dos direitos humanos, política e corrupção por mais de uma década. Ela trabalhava para a TOLO News, um dos canais mais influentes do país, que cobria os acontecimentos in loco.

    Shaheed recebeu ameaças diretas por ser mulher e jornalista, e teve que fugir após a tomada do poder pelo Talebã em agosto. Em 2020, a organização Repórteres Sem Fronteiras reconheceu seu relato ‘corajoso’ durante a pandemia de coronavírus.

    Em 2021, ela foi escolhida jornalista do ano e ‘o rosto da liberdade de expressão’ pela rede afegã Free Speech Hub.

    *No ápice do desalojamento e desespero, espero ver o Afeganistão em paz. Espero ver mulheres e meninas sorrindo. E espero poder voltar à minha terra natal, minha casa e meu trabalho.

  • Ela se tornou a primeira mulher arquidiácona de origem negra ou de minoria étnica da Igreja Anglicana da Inglaterra em 2013. Agora, uma sacerdotisa anglicana aposentada e professora de escola, Mina Smallman tem feito campanha para tornar as ruas do Reino Unido mais seguras e reformar a polícia.

    Duas de suas filhas foram assassinadas em 2020: Nicole Smallman e Bibaa Henry foram esfaqueadas por um homem de 19 anos em um parque de Londres. Smallman criticou a forma como a polícia lidou com o registro inicial de pessoas desaparecidas e disse que suas duas filhas podem ter sido vítimas de ‘discriminação racial’ e ‘classismo’.

    Ela afirma que perdoou o assassino das filhas: “Quando temos ódio por alguém, não é apenas a pessoa que é mantida prisioneira, é você, porque seus pensamentos são consumidos pela vingança. Me recuso a dar esse poder a ele”.

    *Como professora e sacerdotisa, dediquei minha vida a criar meninos e meninas que as pessoas menosprezavam. Estou pedindo a cada um de vocês para se manifestar quando presenciarem uma discriminação. Nós podemos mudar.

  • A artista polonesa Barbara Smolińska é uma desenhista e fabricante de bonecas, criando bonecos de bebê que podem ser usados como auxílio terapêutico. Os “bonecos renascidos” hiper-realistas ajudam algumas mulheres a processar um aborto espontâneo ou a perda de um filho e, para outras, a lidar com problemas de ansiedade, depressão e fertilidade.

    Ex-música, ela tem formação profissional em cosmetologia e é a fundadora de sua empresa, a Reborn Sugar Babies. Suas bonecas feitas à mão têm sido usadas em filmes e na formação de médicos, enfermeiras e parteiras em instituições médicas.

    Smolińska é apaixonada pela sua arte e acredita que as suas criações dão esperança às mulheres, da mesma forma que melhoram a sua saúde mental.

    *Gostaria que as pessoas fossem mais empáticas, mais abertas e tolerantes com o diferente, como é o caso da terapia das bonecas renascidas, que podem ajudar tantas mulheres.

  • Após ter sido presa pela junta militar que governa Mianmar, Ein Soe May (nome fictício) continuou detida por seis meses até ser liberada recentemente por anisitia aprovada. Ela ficou detida na preisão Insein, um dos vários centros militares de interrogatório. Ela disse que o período em que ficou na prisão foi extremamente difícil. Ela disse que sofreu tortura física e mental na prisão.

    A jovem ativista tem se envolvido em atividades e campanhas de base desde seus dias de estudante. Após o golpe militar em 1º de fevereiro, Soe May tornou-se parte de um movimento de oposição ativa aos militares do país, incluindo o protesto de ‘potes e panelas’ em fevereiro e a ‘greve do silêncio’ no final de março.

    Soe May retomou suas atividades políticas desde que foi solta.

    *Se ao menos o mundo pudesse ser reiniciado… Queremos superar a epidemia com sucesso e construir uma sociedade pacífica. Esperamos que todas as ditaduras do mundo sejam derrubadas e que uma democracia verdadeira e pacífica seja estabelecida.

  • Na The SAFE Alliance em Austin, no Texas, a diretora de Estratégias Públicas Piper Stege Nelson trabalha para engajar a comunidade no sentido de impedir o abuso infantil, a agressão sexual, a violência doméstica e o tráfico sexual.

    A organização aconselha jovens vítimas de estupro que não têm mais acesso aos serviços de aborto, já que uma nova lei estadual proíbe a interrupção da gestação depois de seis semanas de gravidez.

    Stege Nelson dedicou sua vida à promoção dos direitos de meninas e mulheres. Ela trabalhou com a iniciativa Let Girls Learn, de Michelle Obama, e para a Annie’s List, um comitê de ação política dedicado a aumentar o número e o sucesso das mulheres na política.

    *A Covid-19 já redefiniu a mudança social — as pessoas se sentem empoderadas para falar sobre o que é importante. O desafio agora é educar cada homem, mulher e criança sobre a importância da autonomia corporal e consentimento.

  • Após começar a escalar montanhas como hobby em 2019, Fatima Sultani transformou em missão pessoal despertar o interesse de meninas pelo montanhismo.

    Ela fez história quando, aos 18 anos de idade, subiu ao topo da montanha Noshakh — a 7.492m, o pico da cordilheira Hindu Kush é o mais alto do Afeganistão — tornando-se a mulher mais jovem a fazer isso. Ela é parte de uma equipe de nove jovens alpinistas afegãos, sendo três mulheres.

    Esportista dedicada, Sultani integra a seleção nacional de boxe, taekwondo e jiu jitsu há 7 anos.

    *Mulheres afegãs têm lutado por sua liberdade e direitos há 20 anos. Elas escalaram altas montanhas e fizeram seus próprios nomes. Eu espero que elas sejam livres para escalar montanhas novamente, dentro e fora do país.

  • Uma artista e food designer, cujo trabalho explora as escolhas de estilo de vida que fazemos, especialmente em termos da nossa relação moderna com a comida.

    Nascida na China, Adelaide Lala Tam se tornou mais tarde residente permanente em Hong Kong e atualmente vive e trabalha na Holanda. Sua arte analisa criticamente a produção industrial de alimentos e incita os consumidores a reavaliar o que comem e sua própria responsabilidade na produção dos mesmos.

    Em 2018, ganhou tanto o prêmio do júri quanto do público no Future Food Design Awards, com uma instalação multimídia refletindo o processo de abate de vacas. Ela é uma das ‘50 Next’ de 2021, uma lista que destaca as pessoas que moldam o futuro da gastronomia.

    *O mundo mudou muito em 2021, agora quero que o mundo tenha mais empatia pelo que comemos e como isso vem para a mesa.

  • A freira católica se tornou um símbolo dos protestos de Mianmar após o golpe militar, quando se ajoelhou na frente da polícia para salvar os manifestantes que se abrigavam em sua igreja.

    A foto dela com os braços abertos em frente a policiais fortemente armados viralizou nas redes sociais em março de 2021 e ganhou elogios generalizados.

    A irmã Ann Rose Nu Tawng falou abertamente sobre proteger os civis, especialmente as crianças. Ela tem formação de parteira e levou uma vida de dedicação ao próximo nos últimos vinte anos, recentemente cuidando de pacientes com Covid-19 no estado de Kachin, em Mianmar.

    *Testemunhei com o coração partido o que aconteceu em Mianmar. Se eu pudesse fazer algo, libertaria todas as pessoas detidas nas prisões sem justificativa e tornaria as pessoas iguais sem qualquer discriminação.

  • Ela se tornou uma das mais jovens ministras da África, com 23 anos na época de sua nomeação, no ano passado. Emma Inamutila Theofelus é membro do parlamento e vice-ministra de Tecnologia da Informação e Comunicação, encarregada de liderar os esforços de comunicação oficiais sobre a pandemia de Covid-19.

    Antes disso, ela foi uma jovem ativista que fazia campanha pela igualdade de gênero, direitos das crianças e desenvolvimento sustentável, palestrante no Parlamento da Juventude e prefeita da cidade de Windhoek, onde nasceu.

    Theofelus é graduada em direito pela Universidade da Namíbia e possui um diploma em Feminismo Africano e Estudos de Gênero pela Universidade da África do Sul.

    *O mundo pode ser reiniciado por meio da aceleração: precisamos acelerar a implementação de todos os planos que estão em andamento há anos. Não há tempo a perder. Na verdade, nosso tempo esgotou.

  • Ela é a fundadora da startup afegã de tecnologia Ehtesab, cujo primeiro produto é um aplicativo que envia alertas de segurança, energia e trânsito em tempo real aos moradores de Cabul. O aplicativo se provou fundamental ao fornecer aos afegãos informações sobre a natureza e a extensão do perigo em seu entorno, compartilhando informações confiáveis sobre ataques com dispositivos explosivos improvisados, linchamentos públicos e invasões a domicílios.

    Em 2022, Sara Wahedi espera lançar uma ferramento de alerta por SMS, permitindo assim que moradores de áreas rurais tenham acesso ao serviço.

    A empresária de tecnologia integra a lista de ‘Líderes da próxima geração’, da revista Time Magazine de 2021, e hoje estuda direitos humanos e ciência de dados na Universidade Columbia.

    *É inevitável que os afegãos se levantem em uníssono, exigindo eleições livres e justas e ajam para reconstruir nosso país. Para chegar lá, é fundamental o ativismo resiliente na luta por educação e saúde universais para meninas e meninos.

  • Uma proeminente designer de vestidos de noiva que está na vanguarda da moda desde os anos 1970, Vera Ellen Wang expandiu seus negócios para incluir fragrâncias, publicações, design de interiores e muito mais.

    Ela nasceu em Nova York, filha de pais chineses, e foi editora de moda da Vogue e depois diretora de design da Ralph Lauren. Também é uma talentosa patinadora artística e competiu profissionalmente na adolescência.

    Ela é membro do renomado Council of Fashion Designers of America, que a nomeou Designer de Moda Feminina do Ano em 2005.

    *Somos todos vulneráveis ​​às mesmas coisas. Quanto mais cedo todos nós pudermos trabalhar juntos para tentar salvar o planeta — e de uma forma mais intelectual e existencial, as nossas vidas —, melhor.

  • Oriunda de uma vila remota da China, a premiada cineasta Nanfu Wang atualmente vive e trabalha nos EUA.

    Seu filme de estreia, Hooligan Sparrow (2016), disputou o Oscar de melhor documentário. Ela também dirigiu One Child Nation (2019) e In the Same Breath (2021), que analisa como os governos da China e dos EUA reagiram à pandemia de Covid-19.

    Wang teve uma infância pobre, mas possui três diplomas de mestrado em universidades de Xangai, Ohio e Nova York. Recebeu o MacArthur Genius Grant em 2020 por ‘criar estudos de personagem intimistas que examinam o impacto da governança autoritária, corrupção e falta de prestação de contas’.

    *O mundo inteiro parece ansioso para retomar um sentimento de normalidade, mas as circunstâncias que consideramos normais foram as responsáveis pela crise que estamos vivendo agora.

  • Ex-membro do Parlamento e ginecologista especializada, a dra. Roshanak Wardak prestou atendimento médico a mulheres por mais de 25 anos, trabalhando até durante a primeira passagem do Talebã no poder como a única médica em sua província natal, Maidan Wardak.

    Após a queda do Talebã em 2001, ela se tornou membro do Parlamento. Mas seu distrito está sob controle do Talebã há 15 anos e, como muitas áreas rurais, viu combates violentos envolvendo as forças da Otan.

    Ela disse à BBC que a tomada do poder pelo Talebã e o fim da guerra pareciam ‘um sonho’. ‘Eu estava esperando por este dia para remover essas pessoas corruptas do poder’, disse ela. Mas recentemente ela está focada em tentar reabrir escolas, e as promessas quebradas do Talebã a tornaram uma defensora pública da educação para meninas.

    *Minha única esperança é que o Afeganistão responsabilize os líderes do governo dos últimos 40 anos por suas ações contra a nação.

  • A voz de Fa Mulan nos filmes de animação Mulan (1998) e Mulan 2: A Lenda Continua (2004), Ming-Na Wen também estrelou o popular seriado médico americano ER e Inconceivable, uma das poucas produções de televisão dos EUA com uma asiática-americana no papel principal.

    Atualmente ela interpreta Fennec Shand na série de sucesso da Disney+ The Mandalorian e também aparecerá na próxima série, The Book of Boba Fett. Em 2019, Ming-Na foi nomeada uma lenda da Disney.

    Ela vai ganhar uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood em 2022.

    *Reiniciar não é uma opção real, então por que se preocupar em voltar? Acredito que tudo acontece por um motivo. Cada novo dia é um recomeço. Então viva o dia de hoje com gratidão.

  • Megaestrela de Hollywood: atriz, escritora, produtora e diretora — e formada em direito. Sua carreira de atriz começou nos palcos de Sydney, onde muitas vezes escreveu seus próprios trabalhos, e ficou conhecida na comédia australiana antes de se mudar para os Estados Unidos em 2010.

    Para sua estreia em Hollywood, ela se juntou ao elenco da comédia Missão Madrinha de Casamento. Teve ainda um papel no filme indicado ao Oscar Jojo Rabbit, mas talvez seja mais conhecida como Fat Amy na trilogia musical A Escolha Perfeita (o segundo filme da trilogia se tornou a comédia musical de maior bilheteria de todos os tempos quando foi lançado em 2015).

    Em 2022, Wilson vai dirigir seu primeiro longa-metragem.

    *Diversidade, respeito e inclusão devem ser inegociáveis ​​em todas as áreas da vida.

  • Yaqoobi e seu marido, que são cegos, fundaram a Rahyab Organisation para fornecer educação e reabilitação a pessoas cegas no Afeganistão. A ativista de direitos humanos Benafsha Yaqoobi também atuou na comissão independente de direitos humanos no país, com foco na educação de crianças cegas.

    Após a tomada do poder pelo Talebã, ela foi forçada a deixar o país, mas continua sendo uma voz na defesa dos direitos das pessoas com deficiência, que ela teme serem discriminados pelo Talebã.

    Acessibilidade e discriminação continuam sendo problemas sérios no Afeganistão, que tem uma das maiores populações per capita de pessoas com deficiência do mundo, em parte por causa de décadas de conflitos.

    *Se há alguma esperança, verei meu país novamente com muito mais liberdade e inclusão para que todos nós afegãos trabalhemos pelo seu desenvolvimento.

  • Mais jovem ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzai é uma ativista pela educação de meninas do Paquistão e Mensageira da Paz da ONU. Ela defende o direito das garotas à educação desde que tinha 11 anos.

    Malala começou seu ativismo por meio de um blog para a BBC, onde contava sobre como era viver sob o domínio do Talebã no Paquistão e a proibição de meninas frequentarem a escola. Em outubro de 2012, um homem armado embarcou no ônibus em que estava, procurando por ela e atirou em sua cabeça.

    Após sua recuperação, continuou seu trabalho como co-fundadora do Fundo Malala, sem fins lucrativos, construindo um mundo onde todas as meninas podem aprender e liderar sem medo.

    *Centenas de milhares de meninas estão fora da escola hoje. Quero ver um mundo onde todas as meninas possam ter acesso a 12 anos de educação gratuita, segura e de qualidade. Onde todas as meninas possam aprender e liderar.

  • Ela foi forçada a deixar a Rússia depois das reações negativas à sua participação em um anúncio de supermercado que apresentava sua família em uma celebração do orgulho gay, em agosto passado. Psicoterapeuta e ativista LGBTQ+, ela mora atualmente na Espanha.

    Yuma (que pediu para manter seu sobrenome em sigilo) se tornou uma ativista depois que a Rússia aprovou uma lei sobre “propaganda gay” em 2013, que proibia “a promoção de relações sexuais não tradicionais para menores”.

    Ela oferece assistência psicológica a pessoas LGBT da Chechênia que afirmam ter sido torturadas pela polícia russa em 2017-2018. Também apoia festivais e eventos LGBT na Rússia.

    *O isolamento forçado mostrou como os relacionamentos íntimos são importantes. Faz sentido ver o que estamos fazendo no mundo que gostaríamos de fazer por nossos entes queridos.

  • Primeira subchefe mulher do Departamento de Investigação Criminal da polícia na província de Khost, no Afeganistão, região cada vez mais desestabilizada pela atuação de grupos rebeldes. A segundo-tenente Zala Zazai está entre os quase 4 mil policiais que receberam treinamento profissional da academia de polícia da Turquia.

    Em seu trabalho, ela enfrentou tanto intimidação de seus colegas homens quanto ameaças de morte de rebeldes.

    Após a tomada do Afeganistão pelo Talebã em 2021, Zazai foi obrigada a fugir de seu país. Ela se preocupa, desde então, com a segurança de outras mulheres policiais forçadas a se esconder no Afeganistão.

    *Meu sonho no futuro é voltar a usar meu uniforme, desafiando a sociedade tradicional patriarcal. Quero trabalhar para mulheres afegãs em um lugar remoto, onde mulheres não têm direito de trabalhar.

Como foram escolhidas as 100 mulheres?

A equipe do projeto da BBC 100 Women elaborou uma lista com base em nomes reunidos por elas e sugeridos pelas equipes de idiomas do Serviço Mundial da BBC. Procuramos candidatas que chegaram às manchetes ou influenciaram histórias importantes nos últimos 12 meses, bem como aquelas que têm histórias inspiradoras para contar, conquistaram algo significativo ou influenciaram suas sociedades de maneiras que não necessariamente virariam notícia.

O conjunto de nomes foi então avaliado em relação ao tema deste ano — mulheres que estão tentando fazer um ‘reset’ (reiniciar), desempenhando sua parte para reinventar nosso mundo depois que a pandemia forçou muitas de nós a reavaliar a maneira como vivemos. Também foi avaliada a representação regional e devida imparcialidade, antes que os nomes finais fossem escolhidos.

Este ano, a iniciativa BBC 100 Women tomou a decisão sem precedentes de dedicar metade da lista a mulheres de um país – o Afeganistão. Os recentes acontecimentos no país ganharam as manchetes e deixaram milhões de afegãos questionando seu futuro, enquanto grupos de direitos humanos se manifestaram temendo que a liberdade das mulheres pudesse ser corroída em um futuro previsível sob o Talebã.

Ao dedicar metade da lista às mulheres que são de lá ou trabalham no país, queríamos destacar quantas dessas mulheres foram forçadas a desaparecer das áreas da vida pública, bem como compartilhar a voz de quem está sendo cada vez mais silenciada ou que faz parte de uma nova diáspora afegã.

Em 3 de dezembro, o Talebã emitiu um decreto em nome de seu líder supremo instruindo os ministérios “a tomar medidas sérias” sobre os direitos das mulheres. O decreto estabelece as regras que regem o casamento e a propriedade das mulheres, afirmando que as mulheres não devem ser forçadas ao casamento e não devem ser vistas como “propriedade”. Mas esta declaração foi criticada por não mencionar a educação secundária das meninas e os direitos restritos das mulheres ao emprego.

Algumas das mulheres afegãs da lista são anônimas para protegê-las e às suas famílias, com seu consentimento e seguindo todas as políticas editoriais e diretrizes de segurança da BBC.

Créditos

Produzido e editado por Valeria Perasso, Amelia Butterly, Lara Owen, Georgina Pearce, Kawoon Khamoosh, Haniya Ali, Mark Shea. Editora da BBC 100 Women: Claire Williams. Produção por Paul Sargeant, Philippa Joy, Ana Lucía González. Desenvolvimento por Ayu Widyaningsih Idjaja, Alexander Ivanov. Design por Debie Loizou, Zoe Bartholemew. Ilustrações por Jilla Dastmalchi.

Direitos autorais das fotos: Fadil Berisha, Gerwin Polu/Talamua Media, Gregg DeGuire/Getty Images, Netflix, Manny Jefferson, University College London (UCL), Zuno Photography, Brian Mwando, S.H. Raihan, CAMGEW, Ferhat Elik, Chloé Desnoyers, Reuters, Boudewijn Bollmann, Imran Karim Khattak/RedOn Films, Patrick Dowse, Kate Warren, Sherridon Poyer, Fondo Semillas, Magnificent Lenses Limited, Darcy Hemley, Ray Ryan Photography Tuam, Carla Policella/Ministry of Women, Gender and Diversity (Argentina), Matías Salazar, Acumen Pictures, Mercia Windwaai, Carlos Orsi/Questão de Ciência, Yuriy Ogarkov, Setiz/@setiz, Made Antarawan, Peter Hurley, Jason Bell, University of Sheffield Hallam, Caroline Mardok, Emad Mankusa, David M. Benett/Getty, East West Institute Flickr Gallery, Rashed Lovaan, Abdullah Rafiq, RFH, Jenny Lewis, Ram Parkash Studio, Oslo Freedom Forum, Kiana Hayeri/Malala Fund, Fatima Hasani, Nasrin Raofi, Mohammad Anwar Danishyar, Sophie Sheinwald, Payez Jahanbeen, James Batten.

O que é o 100 Women?

BBC 100 Women aponta 100 mulheres influentes e inspiradoras em todo o mundo todos os anos. Criamos documentários, reportagens e entrevistas sobre suas vidas — histórias que colocam as mulheres no centro.

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Fonte: BBC