“Já há mais cafés de especialidade em Buenos Aires do que torcedores do Boca”, brinquei com uma amiga inglesa que vive na capital portenha há 17 anos. Ela concordou: a quantidade de cafeterias espalhadas pela cidade é algo que não passa despercebido.
Em algumas regiões, como Palermo, elas costumam estar sempre uma ao lado das outras — exatamente como acontece com as farmácias nas grandes capitais do Brasil. Na quadra movimentada de uma rua conhecida em Palermo Hollywood, onde me hospedei, contei oito: três de um lado, cinco de outro.
Os cafés não são só feitos de cafés, claro — ainda que alguns mais minimalistas se centrem mesmo apenas no que servem nas tazas. O movimento do café especial portenho foi elevado com o boom dos pães artesanais, com a onipresença dos pratos saudáveis e muitos (muitos!) tipos de viennoiserie que tomaram as vitrines das ruas da cidade em diversos formatos e camadas: de medialunas a danish pastries recheadas de doce de leite, marmelo, limão…
Sempre foi uma cultura local essa de tomar café na rua, em mesas elegantes espalhadas pelas calçadas onde é possível admirar o ritmo da cidade. Nesse hábito tão presente, não há dúvidas de que Buenos Aires sempre foi a mais europeia das cidades da América do Sul. E mesmo com uma situação econômica um tanto desfavorável (a inflação argentina já atinge três dígitos), a cidade parece mais vibrante do que nunca: ruas lotadas, restaurantes com filas na porta e cafés apinhados.
Sobre esses últimos, decidi fazer uma lista com os melhores que visitei na minha última passagem na cidade, em busca de muita cafeína, doses extras de carboidrato e comida rica. É uma seleção curta, mas fresca — como os excelentes cafés que já se pode encontrar ali:
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Calle Jose Ignacio Gorriti, 5870
Aberto há um ano, é um espaço enorme e com um charmosíssimo jardim interno (com mais de 40 espécies de plantas) que junta café e restaurante, em um conceito all-day que não é tão fácil de encontrar na cidade — para quando bate aquela fome fora de hora e se quer mais do que um sanduíche de miga. O menu põe os olhos no que é a cozinha moderna argentina, com ingredientes e técnicas da gastronomia do país. De dia, há sanduíches, medialunas e até pão de queijo. À noite, vira um restaurante mais refinado, com boas opções no menu. Também é um dos poucos espaços da cidade com alternativas sem glúten ou veganas para um tipo de consumidor que não para de crescer.
Calle Costa Rica, 6020
Mistura de café, padaria e restaurante casual para o dia todo, o Oli lota as mesas de metal externas montadas na charmosa Calle Costa Rica com hipsters e jovens executivos à procura de croissants quentinhos, sanduíches caprichados e saladas leves e frescas. O cardápio muda quase todo dia, com produtos como pain au chocolat e pães de fermentação natural, além de opções com influência da cozinha judaica, como gravlax (salmão curado) e latkes (panquecas de batata ralada), honrando as raízes da chef e proprietária Olívia Saal.
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Avenida Dorrego, 1829
Com jeito de “padaria de garagem”, virou febre entre os portenhos por ficar numa região de muito movimento na capital, o que explica o fluxo intenso de pais de pet, casais apaixonados e solteiros garantindo o pão na sempre ininterrupta fila que se forma até a rua. Para quem quer sentar e comer, as poucas mesas de madeira montadas entre as paredes cheias de ilustrações e fotos coladas oferecem o conforto necessário. Croissants, pães de fermentação natural e bolos quentinhos saem do forno a todo tempo (com mais fluxo pelas manhãs), perfumando o ar. Há boa manteiga e excelente café para acompanhar e ficar ali, sentindo a energia da cidade.
Calle Nicaragua, 6055
A chef Narda Lepes, famosa pelos programas de TV e conhecida por uma cozinha técnica e despretensiosa, acertou de novo com esse misto de café e padaria no coração de Palermo Hollywood. O cardápio é enxuto, mas certeiro: ovos de todos os tipos, iogurte com granola, tábua de embutidos ao estilo dinamarquês. Entre as melhores opções, está o delicioso mbeju (uma espécie de panqueca feita com tapioca e milho) com abacate e ervas ou os ovos mexidos com espinafre. Também há sanduíches (como o BLT e o croissant recheado de jamón, polpeta e pesto) e muitas opções de doces dignos das docerias de Paris, como tartelettes, bolos, e claro, alfajores.
Calle Borges, 1842
É um dos melhores cafés de Buenos Aires — falo do líquido que enche as xícaras a partir de vários tipos de extrações, do filtrado ao expresso. É uma cafeteria de acento australiano, que serve brunch o dia todo com as opções que se tornaram quase clichês de espaços assim: cinnamon rolls, avocado toast, sanduíche de pastrami, entre outras coisas que já vimos muitas vezes em outros cardápios por aí. Mas, aqui, tudo é bem feito, em um ambiente tranquilo, arejado e cheio de árvores da Calle Borges, longe do agito de Palermo, mas providencial o suficiente para uma parada entre as caminhadas pelo bairro.
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Fonte: Viagem e Turismo